Queda do Muro de Berlim foi vitória dos trabalhadores, diz Coggiola SVG: calendario Publicada em 14/11/19 17h39m
SVG: atualizacao Atualizada em 14/11/19 17h45m
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Historiador falou sobre evento de 30 anos atrás, em debate na Sedufsm, no último dia 11

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Osvaldo Coggiola e os reflexos da Queda do Muro de Berlim, em mesa coordenada por Bia Oliveira

O Muro de Berlim foi construído em função de que a Alemanha, após o fim da Segunda Guerra, em 1945, passou a ser ocupada por potências socialistas (URSS) e capitalistas (EUA), que a dividiram a partir de seus interesses. Contudo, o Muro, que só foi construído em 1961, tinha um outro objetivo, bem menos nobre do que se poderia supor. A intenção seria de prejudicar a organização dos trabalhadores, separando-os por um obstáculo físico. E, depois de 28 anos de segregação, com famílias separadas permanentemente, em 9 de novembro de 1989 a construção veio abaixo. Levando-se em conta esses aspectos, a derrubada do Muro de Berlim não teria sido obra de capitalistas ou comunistas, mas sim, dos trabalhadores, que se sublevaram contra a burocracia e os métodos repressivos de sucessivos governos da Alemanha Oriental. A análise é do professor de História da Universidade de São Paulo (USP), Osvaldo Coggiola.

O docente, que também é diretor do ANDES-SN, participou na última segunda, 11, do Ciclo de Debates dos 30 anos da Sedufsm, no Auditório Suze Scalcon. Coggiola abordou o tema “A Queda do Muro de Berlim e seus reflexos 30 anos de depois”, em uma mesa coordenada pela professora Bia Oliveira, do departamento de Direito da UFSM, também conselheira da Sedufsm. O outro convidado para participar da atividade como palestrante, professor Antonio Carlos Mazzeo (USP), não pode vir a Santa Maria devido a um problema de saúde na família.

Na avaliação do historiador, a construção do Muro de Berlim acabou sendo uma propaganda contra o regime socialista no Leste europeu. Diz ele que, enquanto os capitalistas faziam da capital ocidental da Alemanha – Bonn- uma vitrine das coisas supostamente boas, em relação a Berlim, a capital do setor oriental, dividida por uma construção, levava a constrangimentos: - Mas, se o comunismo é tão bom, por que as pessoas querem fugir de lá?

Fim do comunismo ou da história?

Durante a introdução à palestra de Osvaldo Coggiola, a coordenadora da mesa, professora Bia Oliveira, do Direito da UFSM, fez uma referência aos lugares-comuns que são disseminados quando se trata de falar da Queda do Muro. Segundo ela, costuma-se dizer que a derrubada do Muro representou uma grande festa da democracia (burguesa). E, também, que o fato em si teria apontado para o fim da polarização, em termos mundiais, de capitalistas x comunistas, o que, dependendo de quem interpreta, teria similaridade com a afirmação do filósofo e economista norte-americano, Francis Fukuyama, que em 1992 publicou o livro de grande repercussão intitulado “O fim da história e o último homem”.

Para Coggiola, a rebelião popular que levou à queda do Muro não representou, de forma alguma, que o Comunismo morreu. Segundo o historiador, morreu qualquer outra coisa, provavelmente a burocracia que estagnou os regimes da URSS e do Leste europeu. “Mais cedo ou mais tarde, esse tipo de regime cairia”, afirma o professor da USP, assinalando que o advento de novembro de 1989, na Alemanha, antecedeu em apenas dois anos o fim da União Soviética.

No entendimento do Coggiola, ninguém, em sã consciência, poderia lamentar a queda de um líder político como Erich Honecker, que comandou a Alemanha Oriental entre 1976 e 1989. O premiê do Partido Socialista Unificado da Alemanha (PSUA), além de promover reformas econômicas no país, empreendeu um Estado policial, através da polícia política (Stasi), com o objetivo de acabar com qualquer oposição interna no país. Pouco tempo depois da queda do Muro, no ano de 1992, Honecker foi preso na Alemanha, julgado e condenado pela ordem de atirar em todas as pessoas que tentassem cruzar o Muro ou a fronteira fortificada entre as duas Alemanhas. Osvaldo Coggiola qualifica Erich Honecker como um “fascista”.

Os reflexos

Para o historiador e palestrante do evento da Sedufsm, a história não acabou como chegou a afirmar Fukuyama. Um dos grandes problemas, destaca Coggiola, é que a Queda do Muro foi hegemonizada pelos capitalistas. Por outro lado, ressalta que a Queda do Muro, e depois a reunificação da Alemanha, devem ser vistas como uma vitória do Capitalismo europeu, e não do estadunidense, o que pode ser corroborado com a consolidação, na década de 1990, da União Europeia, da qual fazem parte, inclusive, os países que integravam o bloco socialista do Leste.

A queda do Muro não foi a vitória do Capitalismo sobre o Comunismo, frisa o historiador. “Foi a vitória da classe trabalhadora contra os acordos da burocracia. Passamos a outra etapa da história e não ao fim da história”, sentenciou Osvaldo Coggiola.

Confira o vídeo da palestra, a seguir. E, abaixo, mais fotos do evento.

 

Texto: Fritz R. Nunes

Fotos: Bruna Homrich

Vídeo: Rafael Balbueno

Assessoria de imprensa da Sedufsm

 

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