Sedufsm repudia aulas a distância e reafirma compromisso com a universidade pública SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 19/03/20 15h18m
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Nota do sindicato critica portaria do MEC, publicada no último dia 17

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Na última terça-feira, 17 de março, o governo Bolsonaro autorizou que as universidades e institutos federais com aulas presenciais suspensas em decorrência da pandemia de coronavírus implementassem aulas a distância, ou seja, de maneira online, com exceção dos cursos de Medicina, das disciplinas de estágio obrigatório ou daquelas que necessitam de laboratórios. A autorização veio através da Portaria Ministerial do Ministério da Educação (MEC) nº 343.

A diretoria da Sedufsm vem repudiar firmemente essa orientação do governo Bolsonaro, que parece absurdamente alheio à realidade do país que preside. Sabemos que uma parte considerável de nossos estudantes são filhos da classe trabalhadora mais pauperizada e teriam grandes dificuldades em garantir, individualmente, um bom acesso à internet e um computador qualificado que os permitissem o máximo aproveitamento das aulas. Parece-nos que o governo e seu ministro da Educação, Abraham Weintraub, desconhecem a realidade material destes estudantes, beneficiários, em grande parte, de programas de assistência estudantil para residirem ou comerem. Se a universidade tem a tarefa de auxiliá-los em suas necessidades mais básicas de permanência, como pode, agora, cobrar que encontrem soluções individuais para acessarem o conhecimento?

O Brasil e o restante do mundo vivem um cenário de excepcionalidade e as universidades e institutos federais têm dado mostra de sensatez ao suspenderem suas aulas e atividades administrativas presenciais. No entanto, não é momento de, em meio ao caos, instituirmos uma política de ensino à distância que penaliza os estudantes e também os professores, já que exige o desenvolvimento de outras ferramentas de comunicação e didática, aumentando a carga mental de estresse já produzida pela pandemia. O ensino a distância não garante a construção coletiva do conhecimento elaborado (filosófico, científico, tecnológico e artístico), algo tão essencial em nossos dias.

Para além desta questão, existe uma intencionalidade maior do governo: há tempos o ensino à distância é visto como uma das galinhas dos ovos de ouro dos empresários da educação – e dos governos com eles coniventes. Não esqueçamos que as universidades iniciaram 2020 completamente estranguladas em termos orçamentários. Só na UFSM, por exemplo, a redução foi da ordem de 30% - e sob um orçamento que já vinha apertado! Isso fará com que postos terceirizados tenham de ser cortados (comprometendo a vida cotidiana da universidade) e que o quadro funcional da universidade enfrente, nos próximos anos, uma redução de 25%.

A asfixia orçamentária imposta pelo governo federal às universidades não é gratuita, mas integra um projeto maior de desmantelamento dos serviços públicos, da pesquisa e da soberania nacional. Projeto que vem expresso em programas como o ‘Future-se’ e a PEC Emergencial. A tática é precarizar ao máximo para que a privatização passe a ser considerada a única saída possível.

O governo, inclusive, vem usando o período de caos e medo para aprovar suas medidas patronais e antipovo. Enquanto o resto do mundo vem pensando formas de atenuar a crise gerada pela pandemia de COVID-19, suspendendo o pagamento de contas ou dando um auxílio financeiro aos trabalhadores, Bolsonaro autorizou empresas a cortarem 50% do salário de seus funcionários. Mesmo em meio a um cenário que exige posturas firmes e solidárias dos chefes de Estado, nosso governo neofascista segue querendo implementar sua agenda brutal contra os trabalhadores, que já foram duramente golpeados com a aprovação das reformas trabalhista e previdenciária.

A Sedufsm repudia a instituição de aulas a distância. Quando o cenário de necessário isolamento passar, seguiremos defendendo aulas presenciais, calcadas no fortalecimento da relação pedagógica professor-aluno e na coletivização das discussões. Seguiremos em luta por investimento PÚBLICO em educação PÚBLICA, universidades e profissionais (docentes, técnico-administrativos e terceirizados) valorizados, estudantes protegidos por políticas orgânicas de acesso e permanência estudantil, laboratórios equipados e com autonomia de pesquisa.

Nosso posicionamento é de que a reitoria da UFSM não institua a política de aulas a distância e espere o final deste estado de exceção para, de forma presencial e negociada com os segmentos da universidade, retomar o calendário de aulas e demais atividades acadêmicas. Reafirmamos nosso compromisso com uma universidade pública, gratuita, democrática, laica e socialmente referenciada nas necessidades da classe trabalhadora.

Diretoria da Sedufsm

 

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