Professor de Economia diz que MP 927/20 é sentença de morte ao trabalhador
Publicada em
26/03/20 11h25m
Atualizada em
26/03/20 11h27m
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Sérgio Prieb avalia que governo Bolsonaro escolheu trabalhadores para pagar conta da crise
A edição da Medida Provisória 927/2020, pelo presidente Jair Bolsonaro, na última segunda (23) é praticamente uma sentença de morte à boa parte dos trabalhadores brasileiros, avalia Sérgio Prieb, professor do departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM. Em depoimento à assessoria de imprensa da Sedufsm, o docente ressaltou que, apesar de o governo ter revogado um artigo da medida que autorizava empresas a suspender o contrato de trabalho por quatro meses, sem a obrigatoriedade de seguir pagando o salário, outros pontos da MP seguem sendo muito prejudiciais.
Prieb cita que “outros pontos perversos prosseguem, como a total indiferença em relação à fiscalização da segurança no trabalho”. Adverte que outras propostas de mesmo teor ainda virão como a diminuição dos salários tanto do setor público como do privado. Para o economista, certamente aparecerão muitas outras ideias similares “já que a imaginação da equipe econômica que elegeu os trabalhadores para pagar a conta da crise econômica e da pandemia, parece não ter fim”.
Enquanto o mundo todo depara-se com a pandemia do coronavírus e os governos buscam ações sociais para minimizar efeitos sobre a maioria da população, no Brasil, o governo agente na contramão, analisa Sérgio Prieb. “Além da ameaça da doença e de seus efeitos, tem-se também a ameaça do governo Bolsonaro-Mourão que faz exatamente o inverso da maioria dos países do mundo”, assevera o economista. No entendimento dele, “além da privatização cada vez maior dos serviços públicos, incluindo a saúde através do desmonte do SUS, da Emenda Constitucional 95 que congela os gastos públicos, e da expulsão vergonhosa dos médicos cubanos do programa ‘mais médicos’, a preocupação do atual governo é tão somente garantir e assegurar os superlucros dos grandes empresários brasileiros, em sua maioria ligados ao imperialismo e ao capital especulativo rentista”.
Para não ficar apenas no apontamento dos equívocos, o professor da UFSM diz que outras soluções são possíveis. Ele cita que um documento de diversas entidades, entre essas, a Fenafi e a Anfip (Associação Nacional dos Auditores Fiscais), mostra que a tributação sobre os super-ricos do país faria com que o governo arrecadasse 272 bilhões de reais. No entanto, diz ele, o governo prefere penalizar a classe trabalhadora.
Texto: Fritz R. Nunes
Foto: Sindicato dos Bancários de Cascavel e Arquivo/Sedufsm
Assessoria de imprensa da Sedufsm