Dica cultural: professor sugere ver e ouvir ‘Blues’
Publicada em
14/08/20 16h42m
Atualizada em
14/08/20 16h50m
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Luiz Carlos da Rosa indica DVD que retrata “sobreviventes” desse estilo
E chegamos a mais uma sexta-feira, dia de dica cultural da quarentena. Hoje, a sugestão vem do professor Luiz Carlos Nascimento da Rosa, do departamento de Metodologia do Ensino da UFSM. Apaixonado por filosofia, literatura e poesia, Luiz Carlos se enfronha na crônica a seguir num pedaço do mundo da música negra norte-americana. Ao indicar o filme dirigido pelo consagrado Martin Scorsese, o professor também se soma a essa luta em defesa de um estilo musical que pode estar ameaçado de morte por inanição. Será? A mensagem fica a cargo dos 'sobreviventes' dessa 'arte sagrada' e ao seu seleto fã-clube.
“O clube dos sobreviventes no Blues
Palavras, letras, ideias, e notas musicais, não são capazes de expressar o desejo, o prazer, o sentimento que emana do blues. Quando você para e degusta, esteticamente, a linguagem musical que esse estilo, poderá sentir que instrumentos, corpos e letras estão numa unidade inseparável. O grande Psicanalista Jacques Lacan afirmou: primeiro a Arte, depois a Psicanálise.
É assim que, se assistirmos ‘B.B. KING e BUDY GUY’ "tocando" um blues, veremos que estão entregues ao sublime. Ao sagrado da Arte. Eles literalmente sublimam suas guitarras e suas interpretações o tiram da terra firme. No DVD "A história do Blues", que inicia com a música Zélié, da africana Angélique Kidjo, diz que "eles tomaram nosso povo, eles tomaram nossos tambores, mas tem algo que parece que eles não conseguem tomar: é a nossa voz".
Segundo Ruth Brown, o blues era visto como produção dos "Jim Crow". Pobres e negros excluídos. Neste contexto, para B.B King, o blues é "duas vezes preto". Produzido e cantado por negros, letra com o sofrimento da segregação étnica. Podemos fazer a pergunta: por que o blues está em estado de sobrevivência com governantes como Trump e Bolsonaro, que querem exterminar negros e pobres.
O DVD "A história do Blues", dirigido por Martin Scorsese, reúne os sobreviventes do blues, em 7 de fevereiro de 2003, no palco do Radio City Music Hall, em Nova York. Dentre tantos dinossauros do estilo temos B.B. King, Natalie Cole, Robert Cray, Budy Guy, Bill Cosby, John Forgety, Macy Gray, entre outros sobreviventes.
O artista plástico Francisco Bertrand decretou: como pode alguém viver sem música? É uma forma de ser sem conteúdo. É a morte. É um exílio e a solidão. É a morte. Aliás, a arte é uma forma de enganar a morte. A arte é a possibilidade de nos dar o desejo e a possibilidade de um futuro. Entre o exílio e o futuro, a arte nos mantêm vivos. A arte é a sobrevivência desse cotidiano estúpido e medíocre. A linguagem do blues nos faz viajar e dar uma unidade entre a nossa alma e o corpo”.
Luiz Carlos Nascimento da Rosa
Professor do departamento de Metodologia do Ensino
Centro de Educação-UFSM
Texto: Fritz R. Nunes
Imagens: Divulgação e Arquivo
Assessoria de imprensa da Sedufsm