Governo ataca Banco do Brasil e clima entre funcionários beira o desespero
Publicada em
12/01/21 16h00m
Atualizada em
12/01/21 16h14m
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Sindicalistas veem desestruturação do BB com medidas que preveem demissão em massa e fechamento de agências
O Banco do Brasil anunciou nesta segunda-feira (11) que pretende demitir cerca de 5 mil funcionários neste primeiro semestre de 2021. A reorganização administrativa inclui a desativação de 361 unidades, sendo 112 agências, sete escritórios e 242 postos de atendimentos (PA). "A economia líquida anual estimada com despesas administrativas gerada por estes movimentos é de R$ 353 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhões até 2025", informa o banco.
Para a diretora da Federação dos Trabalhadores em Instituições Financeiras do RS (Fetrafi-RS), Cristiana Garbinatto, o processo pode ser classificado como uma desestruturação do banco e ocorre no pior momento possível, em meio à pandemia de Covid-19, o que está levando que muitos entrem em clima de desespero pela incerteza quando à manutenção do emprego.
Ela relata que "temos milhares de famílias afetadas com essa desestruturação. Os caixas vão perder suas comissões mensais e, quem ficar, passará a receber por dia. Estamos com uma redução grande de cargos comissionados. Muita gente vai perder salário. E perder bastante salário. Isso é uma situação que leva as pessoas, normalmente, a pedir demissão mesmo", avalia.
Desrespeito
“Fomos informados pelos funcionários, que receberam o comunicado do banco às 9h. Foi um desrespeito com os funcionários e com as entidades sindicais. Somos contrários a esse plano, que retira do BB o papel de banco público. Também prejudica os caixas executivos, que terão perdas. Na reunião de hoje, as informações foram poucas”, afirmou João Fukunaga, coordenador nacional da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB).
Na reunião com a CEBB, os representantes do Banco do Brasil admitiram que não tinham todas as informações por ser o dia do anúncio do plano de restruturação. “Estudamos medidas judiciais e orientamos os bancários que procurem seus sindicatos para mais informações. O anúncio do plano provocou muita preocupação entre os funcionários. Agora, quem está em home office vai querer voltar a trabalhar presencialmente porque está preocupado de não deixar de ser notado em um momento de redução de pessoal. Tudo isso acontece em meio à pandemia”, criticou Fukunaga.
Covid, saúde mental e suicídio
Indo além das críticas políticas a mais um anúncio de medidas que desestruturam o BB, a política do governo Bolsonaro desestrutura o emocional e consequentemente a vida de quem trabalha no banco.
Cristiana Garbinatto, da Fetrafi-RS, forneceu ainda na segunda (11) um relato apavorante. Segundo ela, na intranet do banco, tem observado relatos de colegas pensando em suicídio, o que preocupa toda a categoria. "Ninguém está com a saúde mental em dia no meio desta pandemia. Temos colegas trabalhando em home office tentando de todas as maneiras se adaptar porque são do grupo de risco. Há também colegas que estão trabalhando em agências superlotadas, estafados pelo risco de covid-19. Na semana passada, perdemos três colegas da ativa que não tinham comorbidades", relata.
A dirigente sindical também chama atenção para a questão econômica e suas consequências. "Enxugar um banco público abre mercado para os bancos privados. Isso é uma política do Paulo Guedes (ministro da Economia), a gente sabe quem está no comando", afirma Cristiana.
Edição: Fritz R. Nunes com texto do SEEB/SM e Sp Bancários
Foto: BB/Acre
Assessoria de imprensa da Sedufsm