Dica cultural: obra do século XVIII aborda direitos da mulher
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Atualizada em
12/03/21 14h56m
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Professora Maria Celeste Landerdahl resgata ativismo de Mary Wollstonecraft
Nesta sexta, 12, aproveitando que março é o mês da mulher, trazemos mais uma dica que dialoga com a data. A professora Maria Celeste Landerdahl, aposentada do departamento de Enfermagem da UFSM, também uma militante pelas causas das mulheres, resgata uma importante publicação do século XVIII. ‘Reivindicação dos direitos da mulher’, de Mary Wollstonecraft, é uma obra que, segundo Celeste, merece ser revisitada. Isso porque, apesar de se referir a um período histórico superado, registra experiências que podem ser elucidativas para entender o contexto atual. A publicação tem uma versão atualizada de 2016, pela editora Boitempo. Boa leitura!
Os direitos da mulher
“Ancorada em valores iluministas e em sintonia com os ideais de ‘Liberdade, Igualdade, Fraternidade’, Mary Wollstonecraft escreve Reivindicação dos Direitos da Mulher de forma instigante, e por vezes ácida, sobre a situação de inferioridade e desprezo vivida pelas mulheres na Inglaterra do século XVIII.
Sua trajetória de luta no ativismo social e político na época da Revolução Francesa, bem como o enfrentamento à moral sexista e conservadora, fundamentam sua narrativa que nasce em protesto à Declaração do Homem e do Cidadão. Este documento, elaborado em 1789, excluía as mulheres do exercício da cidadania.
Mary Wollstonecraft questionava dentre outras coisas, a ausência de mulheres na política e defendia que este era um espaço também de mulheres. Criticava a educação das meninas fundada em princípios rígidos de disciplina e de obediência, cuja visão ingênua e romântica da realidade as mantinha infantilizadas e incapazes de ficarem sozinhas. Situação que as fazia reféns de seus maridos como seres de segunda categoria, e restritas ao ambiente doméstico. Daí sua insistência na defesa da educação formal transformadora para meninas como instrumento para sua autonomia econômica, social, política e emocional.
Reivindicação dos Direitos da Mulher não é um livro leve, nos enxergamos constantemente na sua narrativa, e isso incomoda. A manutenção de posturas, valores e princípios do século XVIII ainda cultivados na atualidade pode, no entanto, nos instigar a continuar a luta de Wollstonecraft. Essa, por si só, é uma forte razão para considerar este livro um documento valioso e fundamental para a compreensão das razões da luta pelos direitos das mulheres.”
Obra: Reivindicação dos Direitos da Mulher, Mary Wollstonecraft.
Editora: Boitempo, 2016.
Maria Celeste Landerdahl
Docente aposentada do departamento de Enfermagem da UFSM.
Edição: Fritz R. Nunes
Imagem: Divulgação
Assessoria de imprensa da Sedufsm