Live da Sedufsm aponta a necessidade de política de gênero em universidades SVG: calendario Publicada em 23/03/21 15h20m
SVG: atualizacao Atualizada em 23/03/21 16h08m
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Debatedoras falam sobre o alto preço que se paga na academia ao ser mulher e mãe

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Professora Neila Baldi (d) mediou o debate que teve a participação de Milena Freire e Márcia Paixão

Durante a live promovida pela Sedufsm na noite desta segunda, 22, para debater “O trabalho da mulher docente na UFSM”, estabeleceu-se um consenso nítido entre as professoras Márcia Paixão e Milena Freire, as duas convidadas para o debate: a igualdade de condições entre mulheres e homens está estabelecida no concurso para o magistério superior e também no plano de carreira. Contudo, no desenrolar da trajetória acadêmica é que se percebe a falta de uma equidade nas relações de gênero.

Na visão de Milena, que é professora do departamento de Ciências da Comunicação da UFSM e coordenadora do Grupo de Pesquisa Comunicação, Gênero e Desigualdades, a lógica acadêmica se assemelha à que move as relações sociais na sociedade como um todo, ou seja, guiada pelo individualismo apregoado pelo modelo neoliberal. Assim, o estímulo que impulsiona o ambiente universitário é a competição entre pares, modo que é referendado, por exemplo, pelas entidades que fomentam a pesquisa. Esses órgãos analisam a produtividade pela métrica, ou seja, pela quantidade do que é produzido, sem levar em conta aspectos como relações de gênero, a necessidade de uma vida sustentável, que não pode ser alcançada quando se vive uma ciranda em torno do produtivismo.

Conforme a análise de Márcia Paixão, que integra o departamento de Fundamentos da Educação da UFSM e lidera os Grupos de Estudos Feministas “Elas e Educação e Gênero”, apesar de o plano de carreira ser igual para mulheres e homens, não há uma percepção de que cada mulher tem a sua trajetória específica. Em virtude de uma série de aspectos, muitas mulheres não chegam ao topo da carreira, ficando pelo caminho. Muitas docentes, por exemplo, acabam desistindo de atuar como pesquisadoras em virtude dos inúmeros obstáculos.

Márcia (foto abaixo) cita algumas das especificidades envolvendo as mulheres e, que, ao não serem levadas em conta no meio acadêmico, acabam por dificultar a trajetória na carreira:

- Ser mãe;

- Estar sozinha para cuidar dos filhos;

- Diferenças entre criar crianças e adolescentes;

- Ser responsável pelo restante da família;

- Dificuldades ao não saber reconhecer como funcionam os trâmites acadêmicos.

Além disso, a docente cita também que é preciso saber lidar com aspectos que se relacionam ao equilíbrio emocional: sentir-se envelhecendo; mudanças tecnológicas; não ter tempo contínuo para a produção acadêmica; pareceres sobre trabalhos (artigos) que desconstroem a autoestima, muitas vezes já abalada.

Impacto da maternidade na academia

Para Milena Freire, que se propôs a analisar qual o impacto da maternidade na academia durante a live, o tema é visto no interior das universidades como um “problema da mulher”. O fato de se ter uma estrutura social que remonta a um mundo capitalista, ainda embasado no patriarcado, nem sempre é percebido pelos homens como um espaço de “privilégios”, destaca Milena. Portanto, diz ela, é importante que através do debate, da apresentação de dados, se possa “descortinar essas desigualdades”.

A questão da maternidade é vista tão como um fato “extra classe” que, segundo Milena, foi com muita de luta que se conseguiu, através de movimentos como o “Parent and Science”, que órgãos de fomento à pesquisa permitissem que a docente/pesquisadora pudesse colocar em seu currículo o período de licença maternidade. E o problema se estende para além da docência: “não tem política para as estudantes da graduação que estão gestantes”, complementa ela.

Alternativas

No momento em que foi oportunizada a participação de internautas, que puderam acompanhar a live pelo facebook da Sedufsm e pelo canal do sindicato no You Tube, uma das questões levantadas foi sobre quais as formas, estratégias, para ampliar a participação das mulheres, seja na pesquisa ou mesmo em cargos de gestão. Para a professora Márcia Paixão, que frisou desde o início de sua fala, que o debate é fundamental para que o tema da desigualdade de gênero esteja sempre sendo lembrado, com o intuito de construir a almejada igualdade de direitos,  a saída é fazer com que as políticas de gênero sejam efetivamente colocadas em prática.

Para Milena Freire (foto acima), a permanência de mulheres na ciência, especialmente as mães, depende da construção de um ambiente acadêmico que seja acolhedor e capaz de oferecer condições igualitárias, considerando a trajetória e a situação pessoal de cada mulher. E acrescenta: “para isso, é essencial que universidades e agências de fomento reconheçam o impacto da maternidade na produção científica e adotem medidas para mitigar esses impactos dentro de suas instituições”.

O debate da última segunda, 22, foi o segundo promovido pela Sedufsm para abordar temas relacionados às mulheres. Desta vez, a coordenação da live ficou por conta da professora do curso de Dança da UFSM, e diretora da Sedufsm, Neila Baldi.  O primeiro evento ocorreu em 8 de março e tratou do tema A questão étnico-racial, mulheres e a universidade”. A programação do mês de março da Sedufsm encerra na próxima quarta, 31 de março, às 19h, com a live que debaterá “A ditadura civil-militar e as universidades”. Todas as lives realizadas pela Sedufsm têm tido a participação de duas intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras). Na segunda (22), participaram Mariléia Stolz e Juliana Lima.

Acompanhe a íntegra da live desta segunda, 22, clicando abaixo:

 

Texto e imagens (prints): Fritz R. Nunes
Assessoria de imprensa da Sedufsm

 

 

 

 

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