Pesquisadora avalia como provável uma terceira onda da Covid SVG: calendario Publicada em 14/05/21 15h24m
SVG: atualizacao Atualizada em 14/05/21 15h29m
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Lucia Pellanda, da UFCSPA, também percebe grande risco de variante indiana chegar ao Brasil

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Lucia: penso que a escola deveria abrir antes dos bares, mas não foi essa a decisão da sociedade

Em vários estados está havendo uma reversão da tendência de queda do número de casos de Covid-19. O alerta é da professora Lucia Pellanda, médica especializada em pediatria cardíaca, em epidemiologia cardíaca, além de reitora da Universidade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (UFCSPA), pelo segundo mandato consecutivo. Na entrevista concedida à assessoria de imprensa da Sedufsm, Lucia destaca que entre as causas dessa mudança de tendência está o aumento da mobilidade. “As pessoas demonstram cansaço e pensam que a epidemia acabou”, diz ela.

A avaliação da docente da UFCSPA já pode ser constatada por depoimentos, como os repassados na manhã desta sexta, 14, pela rádio Gaúcha, segundo a qual em cidades da região das Missões do RS já há relatos de aumento expressivo de internações por coronavírus. Também nesta sexta, o médico infectologista Alexandre Zavascki (UFRGS), compartilhou gráficos do pesquisador da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), Marcelo Gomes, que apontam, em algumas regiões do RS, não somente “interrupção na queda de casos, mas possível retomada do crescimento”. (ver gráficos mais abaixo, em anexo)

No depoimento concedido à Sedufsm, Lucia Pellanda também respondeu uma questão sobre a possibilidade de chegada ao Brasil da nova variante do vírus surgida na Índia. Segundo ela, o risco é grande tendo em vista que essa variante já foi detectada na Argentina, país vizinho aos estados do Rio Grande do Sul e Paraná. Além disso, notícias desta sexta (14) informam que o governo brasileiro ignora alerta da Agência de Vigilância Sanitária, que há 10 dias aconselhou a suspensão de voos oriundos da Índia.

Em relação ao tema do retorno das aulas presenciais, a professora considera que a educação deve ser uma prioridade, porém, que neste momento, em que não há uma cobertura vacinal ampla, e que o vírus continua se espalhando, uma série de riscos precisam ser considerados. “Objetivamente falando, retornar ao presencial vai gerar, sim, um aumento no número de casos de Covid. Aí, então, deve ser uma decisão como sociedade. O que a gente quer fazer? Eu penso que a escola deveria abrir antes dos bares, mas não foi essa a decisão da sociedade”, analisa Lucia.

Acompanhe a seguir a íntegra da entrevista da professora e reitora da UFCSPA, Lucia Pellanda, que comentou ainda sobre a mudança total do programa de distanciamento controlado do estado, em que, entre outras alterações, prefeitos e prefeitas passarão a ter responsabilidades maiores do que no modelo anterior.

Sedufsm- Professora, dados mais recentes mostram que os casos de Covid-19 no país deixaram de cair, e, em alguns estados, já tiveram um pequeno aumento. Na sua avaliação, poderemos em breve enfrentar uma terceira onda da doença?

Lucia- Sim, é bem possível. Infelizmente, em vários estados está havendo uma reversão de tendência (na queda dos casos), muito em função do aumento da mobilidade, já que as pessoas demonstram cansaço e pensam que a pandemia acabou. E, isso, somado, pode levar a uma piora dos indicadores. Então, existe um risco, e ele é bem concreto neste momento (de uma terceira onda).

Sedufsm- No seu entendimento, até que ponto o retorno às aulas presenciais pode potencializar uma nova onda de disseminação do vírus?

Lucia- O retorno às aulas nas universidades traz um risco coletivo, e não é nem apenas individual, que se consegue reduzir com equipamentos, com distanciamento. Mas, as universidades representam a mobilização de uma parcela muito grande da população, que vem de outros municípios, de outros estados, e até de outros países. Dependendo do campus, às vezes recebe pessoas de mais de 20 municípios, e isso representa uma mobilização muito grande.

No que se refere ao retorno presencial em escolas públicas, aí já é uma questão bem mais complexa. Na condição de docente, eu entendo que a educação é uma prioridade, mas existem uma série de riscos que precisamos considerar. O risco do isolamento, da violência doméstica, da segurança alimentar. No entanto, objetivamente falando, retornar ao presencial vai gerar, sim, um aumento no número de casos de Covid. Aí, então, deve ser uma decisão como sociedade. O que a gente quer fazer? Eu penso que a escola deveria abrir antes dos bares, mas não foi essa a decisão da sociedade. Portanto, se tudo está aberto e abrir mais a escola, não vai ser a solução para os problemas que falamos, pois provavelmente a escola vai ter que fechar de novo.

Uma questão importante a ser destacada é a dos protocolos, que estão defasados. As escolas são muito heterogêneas, então, é preciso avaliar cada uma delas. Neste momento, eu não acredito que os protocolos ofereçam segurança para uma volta. O que precisa focar é na transmissão respiratória, usando máscara de boa qualidade, principalmente para os adultos; boa ventilação, que praticamente nenhum dos protocolos detalha; e, distanciamento. Então, esses elementos são muito importantes.

Sedufsm- O programa de distanciamento controlado do RS foi considerado, ano passado, no seu início, um modelo para a contenção da disseminação da doença. Passado um ano, sob duras críticas, especialmente do setor empresarial, o governador gaúcho alterará a atual modelagem, transferindo boa parte das responsabilidades para os prefeitos. Como a sra. avalia essa mudança?

Lucia- Eu creio que essa questão pode ser vista de duas formas. Por um lado, tem uma questão boa, que é o fato de os prefeitos conhecerem melhor a realidade local e assim fazerem uma adaptação nos protocolos, com prevenções diferentes em regiões que são mais urbanas e outras que são mais rurais. Mas, por outro, tem um aspecto ruim, que é, durante uma pandemia, nós precisamos de uma coordenação central. É preciso entender que os municípios estão interligados por um mesmo sistema de leitos, vão depender do mesmo sistema de saúde. Então, não adianta um prefeito tomar uma atitude e o prefeito vizinho tomar uma atitude completamente diferente se eles vão compartilhar os mesmos recursos. Não adianta, em uma pandemia, uma pessoa estar protegida e a do lado não estar.

Sedufsm- Notícias bastante ruins chegam da Índia, que estaria com uma variante do novo coronavírus, muito mais agressiva. No seu modo de ver, é possível que essa nova variante chegue ao Brasil? Que tipo de consequência caso chegue aqui?

Lucia- Sim, existe um risco. Existem relatos de que essa variante já foi detectada na Argentina, então, existe o risco concreto de ela chegar para nós. Eu acho que o mais importante de a gente entender é que, enquanto houver uma transmissão descontrolada, enquanto o vírus estiver circulando, novas variantes podem surgir. Elas podem não ser mais perigosas do ponto de vista da gravidade, mas o fato de elas serem mais transmissíveis, faz com que o sistema de saúde sofra mais. Então, quando existe mais gente doente ao mesmo tempo, pode aumentar a mortalidade simplesmente por falta de assistência, que foi o que aconteceu em março, no nosso estado. Portanto, o risco é concreto, mas a boa notícia é de que as medidas para conter a disseminação são as mesmas: uso de máscara, ventilação e distanciamento social.


Texto: Fritz R. Nunes
Foto: Youtube/Adufrgs
Assessoria de imprensa da Sedufsm

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