Servidores lançam campanha salarial e pressionam governo
Publicada em
25/02/15 17h34m
Atualizada em
25/02/15 17h43m
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Dirigentes do Ministério do Planejamento não recebem manifestantes
Os trabalhadores do serviço público federal realizaram uma manifestação nesta quarta, 25, pela manhã, em frente ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), em Brasília. O ato, que foi organizado pelo Fórum Nacional dos Servidores, agregando 33 entidades, fez parte do lançamento da campanha salarial 2015. Cerca de 500 manifestantes, entre eles, algumas dezenas de docentes que participam do 34º Congresso do ANDES-SN até sábado, 28, buscaram se fazer ouvir pelos representantes do governo federal, seja usando o microfone do carro de som, apitos e palavras de ordem, portando ainda faixas, bandeiras e cartazes com as reivindicações.
Apesar da tentativa, não foram recebidos por ninguém da cúpula do MPOG. O ministro, segundo a assessoria, não se encontrava, e o único que se dispunha a receber uma comissão de trabalhadores era Sérgio Mendonça, secretário de Relações do Trabalho da pasta, que, no entanto, encontrava-se em outro prédio da esplanada, e não quis vir até o local onde estavam os manifestantes. Insistindo para serem recebidos no prédio do MPOG, pela assessoria direta do ministro, os manifestantes desistiram de esperar, pois a resposta não veio até o meio-dia, depois de uma hora aguardando um contato.
Paulo Barela, da CSP-Conlutas, afirmou que mesmo não tendo sido recebidos, em num gesto do governo considerado pouco “diplomático”, as entidades de servidores consideram que o protesto foi vitorioso. Em ofício encaminhado no início desta semana, o governo confirmou uma audiência com as entidades representativas dos servidores para o dia 20 de março. Entretanto, o objetivo da iniciativa desta quarta era abrir o diálogo e, se possível, antecipar as discussões, já que no documento encaminhado, o governo colocou na pauta que deseja expor a situação das finanças públicas, o que pode indicar que o rumo das discussões se dará em cima do ajuste fiscal, e não na pauta protocolada pelo funcionalismo.
Pagar o ônus
Diversas entidades se manifestaram durante o ato público, dentre elas, o ANDES-SN. Paulo Rizzo, presidente da entidade, enfatizou a importância da unidade entre os servidores, especialmente no que se refere ao entendimento de que não aceitarão pagar o ônus da crise. O presidente do ANDES-SN explicou ainda que professores de todo o país estão justamente esta semana, reunidos em Brasília, para deliberar e organizar as lutas específicas deste ano.
Arrocho
Rudinei Marques, da Unacom Sindical, Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e \Controle, foi bastante duro nas críticas aos governos petistas. Segundo ele, já são 13 anos esperando que seja definida a data-base do funcionalismo e outras pautas reivindicatórias, que são empurradas ano a ano. Marques acusou ainda o governo de ter praticado, nos últimos 13 anos, o maior arrocho da história do funcionalismo público.
Greve
Falando em nome da Federação dos Servidores das Universidades (Fasubra), Gibran Jordão frisou que, o funcionalismo, para evitar a subtração de conquistas, terá que empreender muita luta. Para ele, o momento é de se pensar na construção de um movimento grevista. Jordão defendeu ainda que é preciso construir alternativas políticas que evitem a polarização PT X PSDB.
Falta de compromisso
Paulo Lindesay, do Sindicato Nacional dos Servidores do IBGE (Assibge-SN) também bateu duro no governo Dilma. Segundo ele, não há compromisso governamental com a sociedade e com os servidores e a demonstração disso se dá a partir do fato de que, os acordos firmados na greve de 2012, em sua maioria, até hoje não foram cumpridos. Mais que isso, após o movimento paredista, denuncia Lindesay, houve perseguições políticas e demissões no órgão federal. No entendimento do sindicalista, o IBGE está sendo deixado à míngua.
Comperj
O ato dos servidores federais também teve a presença de trabalhadores demitidos do Complexo Petroquímico de Itaboraí (Comperj), do Rio de Janeiro. Eles aproveitaram a peregrinação por órgãos federais em busca de saída para os três meses de salários atrasados, que afetam não somente os três mil funcionários de uma empresa terceirizada atingida pelo escândalo da Petrobras, como também os familiares, que estão passando dificuldades de diversas ordens, totalizando algo em torno de 15 mil pessoas. Conforme Alexandre Lopes, a Alusa, empresa do qual faziam parte, deu um calote, e agora o governo federal precisa encontrar uma solução para esses trabalhadores que enfrentam dificuldades. Além de faixas e cartazes, eles chegaram ao local da manifestação entoando a palavra de ordem: “Dilma, cadê você, eu vim do Rio pra receber”.
Mobilização
Antes mesmo da audiência para o qual foram chamadas as entidades de servidores, no dia 20 de março, o calendário de mobilização prevê uma manifestação para os dias 7, 8 e 9 de março. Conforme o planejamento previsto, ocorrerão marchas e acampamentos na capital federal para pressionar o governo a negociar os itens da campanha salarial.
Texto: Fritz R. Nunes
Fotos: Bruna Homrich
Assessoria de imprensa da Sedufsm