Plenária aponta necessidade de aprofundar discussão entre segmentos sobre retorno presencial SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 05/11/21 17h59m
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Representações das entidades abordaram futuro do ensino remoto em seminário da Sedufsm ocorrido em quatro etapas

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Plenária desta quinta, envolvendo entidades, foi a quarta etapa de evento promovido pela Sedufsm

Na noite desta quinta, 4, em evento organizado pela Sedufsm, a Atens, a Assufsm e a APG, fizeram um balanço sobre o Regime de Exercícios Domiciliares Especiais (REDE), implementado na UFSM desde 2020 como forma de substituir o ensino presencial enquanto durasse a pandemia, e também apontaram estratégias para pensar o retorno à presencialidade.

Ao longo do debate, um dos encaminhamentos principais foi no sentido de que cada entidade faça uma discussão aprofundada com seu segmento sobre a volta do ensino à presencialidade, procurando apontar elementos para uma atuação conjunta na instituição para enfrentar obstáculos, como por exemplo, a dificuldade no diálogo com a gestão.

Em sua fala inicial, o vice-presidente da Sedufsm, professor Ascísio Pereira, criticou o método usado pela Reitoria da UFSM durante a pandemia. Para ele, faltou o que não existe culturalmente na UFSM, ou seja, a percepção de que se é uma comunidade acadêmica. “O que vimos durante a pandemia foi uma visão antipedagógico de gestão. Não se sabe o que é uma democracia institucional, acadêmica”, frisou. Ascísio estava se referindo ao que considera uma falta de diálogo da Reitoria com os segmentos. No caso da implementação do REDE “foi um formato que a gemente aprendeu andando, assim como quem troca o pneu furado com o carro andando”, criticou o docente.

Apesar de tudo, Pereira também destacou que houve pontos positivos. Um dos aspectos destacados por ele foi a possibilidade de, através do remoto, conseguir estabelecer um diálogo nacionalmente e internacionalmente. “Mas isso foi um mérito da comunidade acadêmica e não da gestão da universidade”, fez questão de frisar. “Poderíamos ter avançado bem mais, se não houvesse na instituição um negacionismo pedagógico”, criticou o vice da Sedufsm.

Caos pedagógico e as máculas do REDE

Glece Kurzawa Coser, diretora da seção sindical da Atens (Associação dos Técnicos de Nível Superior) foi bastante dura em sua avaliação. Para ela, o que aconteceu no primeiro semestre de 2020, logo após a suspensão da presencialidade, foi um ‘caos pedagógico’. No entendimento dela, é incompreensível que a Administração Central publicasse uma nota, poucos dias depois de iniciada a suspensão das atividades presenciais, orientando que se fizesse exercícios domiciliares sem qualquer discussão, sem dialogar com as pessoas envolvidas, sem que o Conselho de Ensino (Cepe) fosse chamado.

“Nós não estávamos preparados. Não tínhamos condições de uma hora para outra levar o conteúdo do ensino presencial para o ensino remoto”, ressalta Glece. Para a diretora da Atens, a situação segue parecida. “Seguimos não tendo condições hoje, mas ao menos temos uma rede (de internet) um pouco melhor. Uma comunidade um pouco mais acostumada ao remoto”. Entretanto, naquelas primeiras semanas “estávamos todos perdidos”, disse ela.

E quanto ao REDE hoje? Glece analisa que “a pandemia vai deixar uma mácula pedagógica em nossa instituição”, tendo em vista que, especialmente os e as docentes foram obrigados (as) a rever as práticas pedagógicas, recondicionar seu próprio papel dentro da instituição. “Não tinham contato seguro com essas tecnologias (ensino remoto) e foi preciso repensar totalmente as práticas de avaliação”, diz a técnica em educação.

Isolacionismo

Representando a Associação de Pós-Graduandos, o doutorando Maurício Fanfa, comentou que o REDE podia ser dividido em pontos negativos e positivos. Entretanto, enfatizou que os negativos não eram poucos. Para ele, o isolacionismo, o distanciamento, são características marcantes, ainda que, por outro lado, o contato com pesquisadores (as) seja o lado bom da virtualidade. Fanfa também citou como obstáculo a dificuldade de acesso a equipamentos durante a vigência do Regime Domiciliar.

Já no momento reservado ao bate-papo na plenária, o dirigente da APG acrescentou outros aspectos. Existe um negacionismo dos processos participativos, das práticas democráticas. Fanfa citou que a falta de auxílio estudantil na pós-graduação representou um entrave a mais nesse processo. No que se refere ao viés pedagógico, ele citou problema nos estágios de docência orientada. “Tem colegas que vão se formar e realizaram docência orientada apenas no formato remoto”, ponderou.

Ausência de diálogo

Falando pela Assufsm, o servidor técnico-administrativo, Eloiz Cristino, demonstrou insatisfação com a falta de diálogo entre Administração da UFSM e as entidades. “Essa pressão que as universidades recebem do governo, da CGU, as gestões transferem contra os segmentos”, frisou Cristino.

Ele destacou que tanto a Assufsm quanto o Sindicato Nacional, a Fasubra, tem discutido muito o teletrabalho. Segundo ele, fala-se muito em possíveis ganhos com o trabalho remoto, que seria o de evitar os riscos de deslocamento até o trabalho, o que permitiria maior liberdade para “administrar o tempo”. Entretanto, disse ele, essa ideia de normatização dessa modalidade de trabalho vem sendo feita com escasso debate interno. Para o dirigente da Assufsm, a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep) formou uma comissão que na verdade é um “engodo”.

Eloiz Cristino enfatiza que a Portaria 35, que determinou o retorno 100% presencial, sem qualquer espaço para negociação, simplesmente colocou por terra uma construção que permitia uma jornada flexível, de 6h para cada turno. Segundo ele, uma jornada de 30h não é defesa de privilégios, mas sim a defesa do interesse público. “A nossa indignação é que a gestão, que deveria ser interlocutora dos nossos direitos, não conversa”, sublinhou.

Problema geral

No momento destinado ao debate, a diretora da Sedufsm, professora Márcia Morschbacher, ressaltou que os problemas que têm sido constatados nos eventos organizados pela seção sindical não atingem somente a UFSM, mas também a outras instituições. “Não podemos ficar indefinidamente no trabalho remoto, mas o processo de retorno não pode se dar de forma aligeirada”, enfatizou.

Para a presidenta da Sedufsm, professora Laura Regina da Fonseca, é preciso levar em conta dois aspectos importantes: o prejuízo que o ensino remoto trouxe e a imposição por parte da Administração do retorno à presencialidade. Esse tipo de postura, comentou ela, tem sido muito semelhante entre as gestões, sejam as eleitas ou as impostas pelo governo. Para ela, o REDE foi “absoluto desastre pedagógico” e a falta de recursos para tocar a universidade, que se avizinha para 2022, entra no bojo de uma visão governamental de que o ensino pode ser híbrido, o que geraria economia orçamentária.

Finalização

Já no momento dos encaminhamentos finais, o professor Leonardo Botega, diretor da Sedufsm e que coordenou a atividade, ressaltou a importância do trabalho conjunto das entidades junto aos segmentos. Botega levantou a possibilidade de se montar um grupo de trabalho para fazer esse debate e apontar propostas.

O Seminário sobre “Trabalho Remoto na UFSM” foi organizado pela Sedufsm em quatro etapas. A primeira ocorreu no dia 23 de setembro, quando dirigentes das entidades representativas locais discutiram “Trabalho e ensino remoto na UFSM”.

Já a segunda etapa aconteceu no dia 5 de outubro, quando participaram representações nacionais dos sindicatos e entidades estudantis, que também debateram as condições do trabalho e do ensino remotos, porém em uma perspectiva mais ampla, para além da realidade local.

O terceiro momento do seminário ocorreu no dia 14 de outubro, abordando “O processo de trabalho docente na pandemia de Covid-19” e debatendo, primordialmente, os efeitos do ensino remoto na saúde da categoria.


Texto e imagens (prints): Fritz R. Nunes
Assessoria de imprensa da Sedufsm

 

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