Gestão ‘Renova Sedufsm’ completa um ano à frente do sindicato SVG: calendario Publicada em
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Diretoria buscou estratégias para se manter próxima à base mesmo em meio à suspensão da presencialidade

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18 de agosto de 2021 - diretoria da Sedufsm participa de ato contra a PEC 32, na praça Saldanha Marinho

No último dia 3 de dezembro, completou-se um ano desde que a gestão ‘Renova Sedufsm’ foi empossada como direção da seção sindical. Tendo sido a primeira diretoria na história do sindicato a assumir os trabalhos em meio a uma pandemia e à suspensão do trabalho presencial, o grupo que a compõe enfrentou uma série de desafios nesses doze meses, marcados por um período de forte agravamento das mortes e contaminações no Rio Grande do Sul e no país e por um posterior avanço, ainda que gradual, da vacinação. O sindicalismo brasileiro como um todo teve de buscar novas formas de contato com suas bases, e por aqui não foi diferente.

Laura Fonseca, presidenta da Sedufsm, lembra que, antes da pandemia, o movimento sindical já vinha enfrentando dificuldades e limites, especialmente em função da reconfiguração nos processos de trabalho e nos meios de produção. Soma-se a isso uma série de legislações aprovadas e que vêm dificultando a organização dos trabalhadores e trabalhadoras.

“Muito da dinâmica do movimento sindical é pautada na presença, nos debates, nas articulações, nas mobilizações nos ambientes de trabalho. Nesse sentido, a pandemia impactou e impôs limites à organização social e sindical”, reflete a dirigente.

*Quase 90 pessoas assistiram à assembleia de posse da diretoria, em 3 de dezembro de 2020

Frente a esses novos limites, algumas estratégias foram adotadas, especialmente utilizando os ambientes virtuais como novos palcos de articulação e ação políticas. Realização de lives, assembleias, rodas de conversa e plenárias unificadas online, além do fortalecimento dos canais de comunicação do sindicato, podem ser citados como exemplos.

“Apesar de todas essas dificuldades e desafios que antecedem a pandemia e que são potencializados por ela, levamos adiante lutas importantíssimas, a exemplo do enfrentamento à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32, que durante todo o ano de 2021 encontrou nos movimentos sociais e nos movimentos promovidos pelos sindicatos a sua grande barreira. Se estamos chegando ao final de 2021 com essa proposta de reforma paralisada no Congresso Nacional, isso se deve sim à nossa capacidade de mobilização, em que pese todos os desafios que já mencionei. A Sedufsm somou-se às mobilizações no âmbito nacional e com os movimentos sociais locais”, explica Laura.

De fato, há meses a seção sindical docente vem organizando a ida de integrantes da diretoria e de membros da base às caravanas de luta contra a PEC 32 em Brasília. Assim como Laura, Márcia Morschbacher também atribui à ação política do funcionalismo o fato de que a PEC  responsável por inaugurar a Reforma Administrativa esteja com a tramitação travada na Câmara dos Deputados.

Márcia, que é diretora da Sedufsm, explica que a luta contra a PEC 32 foi uma das principais tarefas assumidas pela gestão ‘Renova’. E essa centralidade deve-se a diversas previsões nefastas contidas na proposta:  

“Fim dos concursos públicos; possibilidade de redução de salário mediante redução de jornada de trabalho em até 25%; proibição de promoções e progressões que estejam vinculadas a tempo de serviço; criação de uma avaliação de desempenho cujos contornos ainda não estão nítidos, mas que já apontam para uma tendência a se utilizar a avaliação de desempenho para fins de demissão e perseguição a servidores; instituição de vínculos temporários no serviço público (de até 10 anos). Então é todo um conjunto de ataques aos servidores que justificam colocarmos a luta contra a PEC 32 como um dos centros das nossas iniciativas”, salienta a docente, que já esteve, por mais de uma vez, nas mobilizações registradas na capital federal contra a Reforma.

Campanha contra a Reforma

Márcia lembrou que uma das marcas desse primeiro ano de diretoria foi a campanha contra a PEC 32, que estampou outdoors, adesivos, panfletos, abaixo-assinados e diversas reportagens no site da entidade. Entrevistas e campanhas midiáticas em rádios de Santa Maria e das demais cidades que abrigam campi da UFSM também foram registradas, assim como a realização de lives e atos públicos. Além de participar das caravanas em Brasília, a Sedufsm ainda promoveu ações unificadas com outros sindicatos de servidores públicos da região de Santa Maria e se inseriu no fórum estadual do funcionalismo.

“Por se tratar de uma das principais demandas que a nossa gestão colocou, e dado o caráter dessa reforma - que, se aprovada, irá afetar os serviços públicos e os servidores das esferas federal, estadual e municipal -, é que nós passamos a nos inserir nas mobilizações contra a PEC 32 em nível local, estadual e também nas caravanas nacionais que, semanalmente, têm pressionado os deputados e deputadas em Brasília. Trata-se de uma reforma que é irmã da Reforma Trabalhista, da Reforma da Previdência e de todo o desmonte dos direitos sociais e das políticas públicas que está em curso no país”, pondera a dirigente.

*Márcia Morschbacher [ao centro, portando a bandeira da Sedufsm] participa de caravana contra a PEC 32 em Brasília 

“Então o fato de que o governo pretendia aprovar a PEC 32 em agosto desse ano, e que nós estejamos em dezembro e ele ainda não tenha conseguido atingir esse objetivo, é fruto de toda essa mobilização que se dá na caravana em Brasília, mas também se dá nos estados, que é onde está a base eleitoral desses deputados e deputadas”, avalia Márcia, ressaltando que 2022 será um ano eleitoral e que os deputados e deputadas podem ficar receosos de votarem favoravelmente a um projeto tão nefasto quanto o da PEC. Por isso, colocar peso nas mobilizações ainda neste ano de 2021, visando a que a proposta não seja votada, foi e segue sendo fundamental. Além disso, o calendário eleitoral trará alguns entraves para que Câmara e Senado aprovem, no ano que vem, projetos como o da Reforma Administrativa.

“Em síntese, é uma mobilização essencial, que deve permanecer nesse e no próximo ano, para que a gente derrote de uma vez por todas, no seu conjunto e sem emendas, a PEC 32”, conclui Márcia.

Trabalho e ensino remotos

Quando a ‘Renova’ tomou posse, a UFSM já havia instituído, há alguns meses, o Regime de Exercícios Domiciliares Especiais (REDE). Os e as docentes, assim como servidores técnico-administrativos(as) e estudantes, tiveram de se adaptar muito rapidamente ao trabalho e ao ensino remotos. Na verdade, para Ascísio Pereira, vice-presidente da Sedufsm, muito mais que se adaptarem, os e as docentes tiveram de aprender a serem professores e professoras por via remota, a usarem os sistemas de transmissão de aulas, a orientarem e promoverem reuniões online.

“É um período que sobrecarregou muito os e as docentes da instituição. A gente não termina uma reunião às 18h e começa outra às 18h na presencialidade. No mínimo precisamos de um intervalo para nos deslocarmos. Mas agora, no remoto, fizemos isso [começamos uma nova reunião no mesmo horário em que encerramos a anterior]. Isso e outras coisas estão nos demandando o tempo inteiro no mundo online e deixando nossa vida bem complicada se comparada ao presencial”, diz o docente.

*4 de novembro de 2021 - Sedufsm promove plenária conjunta entre as entidades para um balanço do REDE na UFSM

Mas o período remoto também carregou consigo algumas potencialidades, que poderão ser mantidas para além da pandemia, como a facilidade em garantir a presença de professores(as) e pesquisadores(as) de outras regiões do país ou mesmo de outros lugares do mundo em atividades locais da universidade. Pereira citou uma atividade promovida pela própria Sedufsm, em que, devido à via remota, foi possível a participação de três deputadas federais (Maria do Rosário, Fernanda Melchionna e Alice Portugal) em uma live que discutiu os malefícios da PEC 32. “Nas minhas disciplinas da pós-graduação tenho tido participações do Brasil e do mundo. Aprendemos a utilizar um pouco isso, com todas as dificuldades, de maneira favorável”, complementa o docente.

As principais debilidades deste período remoto estiveram ligadas à ausência física, ressalta Pereira, que, por exercer a função de chefe de departamento, tem retornado ao trabalho presencial no campus pelas manhãs. “Na presencialidade, quando estamos ali no encontro, as coisas têm um andar diferente. Para a atividade sindical é um desafio gigantesco, porque no presencial podemos estar nas unidades, tentando encontrar e conversar com os colegas”, avalia.

Da mesma maneira que Laura, Pereira também destacou a realização de lives como uma das principais estratégias elencadas pela diretoria para se manter próxima à base e dar vazão às demandas e angústias que acometiam a categoria neste período.

“Uma forma de nos aproximarmos certamente foram as lives, que foram tentativas de discutir temas importantes da conjuntura. Procuramos ampliar, discutir o trabalho remoto, tentar, através dessas lives, um diálogo com a categoria. Trouxemos convidados e convidadas de fora, deputadas federais, pessoas que estavam na linha de frente da Covid-19, como o Pedro Hallal, pessoas de dentro da universidade... enfim, procuramos estar próximos das professoras e professores nesse processo todo. Então essa foi uma das estratégias que utilizamos para tentarmos fazer com que o afastamento não fosse completo”, avalia o vice da Sedufsm.

Interlocução com movimentos sociais

Não obstante todos os desafios colocados pela suspensão da presencialidade, por um contexto de ensino e de trabalho remotos, pela conjuntura de ataques desferidos pelo governo federal negacionista, e pelos temores de novas ondas de mortes e contágios por Covid-19, o saldo político deste primeiro ano de diretoria ‘Renova Sedufsm’ é positivo. A avaliação é de Laura Fonseca.

“Implementamos a comunicação virtual com a categoria. Ademais, incrementamos também nossa política de comunicação, estimulando a participação da categoria nas nossas produções. Com certeza a pandemia nos mostrou que há uma dimensão do trabalho sindical que é possível de ser realizada mesmo estando suspensa a presencialidade. E é possível porque temos hoje um avanço tecnológico e também uma democratização - mesmo que ainda elitizada - do acesso às redes sociais e a todo esse mundo virtual. São estratégias que crescem no contexto da pandemia e que devem permanecer em parte ainda no pós pandemia”, analisa a presidenta.

“As estratégias foram sendo construídas na medida em que foi se alargando o período de suspensão das atividades presenciais e também especialmente no primeiro semestre de 2021, com um cenário de agravamento da Covid-19 no país e no Rio Grande do Sul. Assumimos já no contexto da pandemia, em dezembro de 2020, e ao longo de todo esse primeiro ano nós tentamos manter alternativas e ações que tornassem possível ao sindicato estar próximo da categoria e dar continuidade às suas principais ações e bandeiras”, complementa.

A interlocução permanente com os movimentos sociais e com os sindicatos que representam os demais segmentos da UFSM também foi uma marca dessa gestão. Laura cita os debates travados pela Sedufsm, em parceria com as demais entidades, no que disse respeito à última consulta para a reitoria da UFSM e à maior transparência orçamentária exigida da instituição.

“Terminando esse mês [de dezembro], tivemos atos organizados nacionalmente e realizados no âmbito do município, como o 4D, e todos os outros eventos com a centralidade no Fora Bolsonaro. Acreditamos que o saldo político, se nós levarmos em conta o que foi possível realizar e todos os desafios desse período, é positivo. Há muito ainda pra fazer. Vamos enfrentar em 2022 o novo desafio que é, pelo menos no primeiro semestre de 2022, a pós pandemia. Nem podemos falar em pós pandemia, porque ela vai continuar, mas esse cenário de maior imunização da população e retorno das atividades presenciais”, projeta Laura.

O foco é naquilo que unifica

Leonardo Botega, também integrante da diretoria ‘Renova Sedufsm’, analisa que a pandemia trouxe um paradoxo ao movimento sindical e aos movimentos sociais, que precisavam se colocar em movimento para barrar as atrocidades e tentativas de ‘passar a boiada’ do governo Bolsonaro, ao mesmo tempo em que não podiam promover grandes manifestações, sob pena de colocarem a população em risco.

O saldo positivo foi que o paradoxo foi enfrentado como muita abertura, diálogo e principalmente unidade. A diretriz adotada pela diretoria da SEDUFSM de diálogo e construção ampla foi muito importante nesse sentido. O foco naquilo que unifica sem desconsiderar a legitimidade das diferenças. Foi assim que nos somamos nos Movimentos Vacina Já e no Comitê pela Vida, os dois movimentos que congregaram a unidade dos movimentos sociais, do movimento estudantil e dos sindicatos”, reflete Botega.

E é a tônica da unidade, do caminhar ombro a ombro e da construção coletiva que a diretoria pretende conservar para as batalhas do próximo ano.

Uma das principais diretrizes de atuação da Gestão Renova SEDUFSM é o diálogo e a construção ampla respeitando as legitimidades e as diferenças, mas focando naquilo que unifica. Essa diretriz serve tanto para o diálogo fora da UFSM como no diálogo com as demais categorias que compõem a comunidade universitária. Tivemos uma excelente e proveitosa relação com o DCE, com a ATENS, com a ASSUFSM, com o SINASEFE e com a APG. Conseguimos unificar várias ações. Tivemos atos conjuntos, audiências com a reitoria conjuntas, plenárias conjuntas, um Seminário sobre o Trabalho Remoto conjunto, uma campanha de outdoors contra a PEC 32 conjunta e o que considero bastante simbólico: a construção de panfleto contra a Reforma Administrativa que unificou todas as entidades sindicais e do movimento estudantil de Santa Maria. Nosso desejo é que essa unidade siga firme ao longo de 2022. É caminhando lado a lado, ombro a ombro que nos fortalecemos na difícil tarefa de enfrentar o governo genocida”, conclui Botega.

Todas as lives promovidas pela Sedufsm durante a pandemia podem ser conferidas no canal de Youtube da seção sindical. Lá – e em nossos perfis no Instagram e Facebook -também podem ser encontrados vídeos referentes à campanha ‘Orgulho de ser UFSM’, encampada pela seção sindical como forma de valorizar a instituição e defende-la contra os ataques da extrema direita.  

 

Texto: Bruna Homrich

Imagens: Arquivo Sedufsm

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

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