Dica: do medievo à atualidade, a culpabilização de mulheres SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 18/03/22 18h59m
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“Silenciadas” e “O Golpista do Tinder” estão disponíveis para visualização na Netflix

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Filme "Silenciadas" mostra perseguição e queima de meninas e mulheres consideradas bruxas na Idade Média

Nesta sexta-feira, dia tradicionalmente reservado à dica cultural aqui no site da Sedufsm, trazemos duas indicações de obras audiovisuais para serem assistidas durante o final de semana. Ambas disponíveis na Netflix, uma é apresentada em formato de filme, e a outra, de documentário.

"Silenciadas", filme espanhol dirigido por Pablo Agüero e lançado em 2021 na plataforma de streaming, conta a perseguição encampada pelo inquisidor Rostegui a um grupo de cinco jovens mulheres, acusadas de protagonizarem o ritual satânico Sabbath e, por isso, presas e torturadas. O objetivo das sessões de interrogatório – sempre desdobradas em atos de tortura – era fazê-las admitirem estarem em contato com forças satânicas e, inclusive, manterem relações sexuais com o diabo.

Além da beleza estética e da atuação exuberante das meninas – e também de Alex Brendemühl, que interpreta o inquisidor -, o filme é muito interessante para propor reflexões a respeito da demonização do corpo, da autenticidade e da sensualidade das mulheres. Já é de amplo conhecimento a caça às bruxas empreendida pela Igreja Católica/Inquisição na Idade Média, mas cabe pensarmos sobre o quanto aquela repressão aos corpos femininos ainda persiste hoje, mesmo com tantos avanços observados na luta das mulheres e com um movimento feminista tão vigilante. Durante as sessões de interrogatório, por exemplo, um pueril sorriso de canto de boca era considerado escárnio e uma leve abertura de pernas era uma confissão de culpa.

Culpa que, no medievo, foi o motivo de mulheres serem queimadas vivas pelo simples fato de serem autênticas, donas de seus corpos ou curandeiras de si e das demais. Culpa que ainda hoje pesa sobre as mulheres, já que, a despeito dos avanços obtidos, a subjetivação feminina ainda é permeada por silenciamentos, invisibilidades e idealizações.

Culpa, ainda, que é observada na segunda obra a ser aqui indicada. "O Golpista do Tinder", documentário lançado pela Netflix neste início de 2022, já foi bastante comentado em diversos sites. Mas propomos observá-lo também sob o viés da culpabilização a que as vítimas de Simon Leviev (originalmente Shimon Yehuda Hayu) são submetidas.

“Mas como tais mulheres não perceberam que ele era um golpista?”, “Essas mulheres eram interesseiras e queriam ‘fisgar’ um homem rico” e “Eu jamais cairia nesse golpe” foram comentários comumente observados em sites e redes sociais. Ocorre que sim, muitas mulheres deixam-se envolver em armadilhas emocionais cotidianamente. Não por serem ingênuas, mas por terem sido ensinadas, desde a infância, que o maior empreendimento de suas vidas deve ser o relacionamento amoroso e que ser escolhida por um homem é a maior validação social que podem conquistar. 

Em resumo, a história do documentário é a seguinte: Simon aparecia na vida das mulheres performando o homem ideal – protetor, cuidadoso, atencioso e que projetava uma vida ao lado daquelas com quem marcava encontros através do aplicativo de relacionamento Tinder. Conforme as semanas iam passando, o golpista dizia às vítimas que estava sendo perseguido por pessoas em decorrência de seu trabalho (que envolveria muito dinheiro) e começava a solicitar empréstimos financeiros urgentes, sob a promessa de que em breve seriam ressarcidos. O tempo passava e, ao invés da devolução dos empréstimos, essas mulheres recebiam mais pedidos de dinheiro, que, a qualquer interrogação ou reticência da parte da vítima, já vinham repletos de agressividade, insultos e chantagens emocionais. 

Simon usava o dinheiro extorquido de uma mulher para enganar outra, vendendo-se como um empresário rico do ramo de diamantes. E assim o ciclo de golpes era alimentado e mais mulheres eram penalizadas financeira e emocionalmente. Mesmo depois que os golpes de Leviev vieram à tona, as mulheres que ele extorquiu não foram ressarcidas. Ele, por sua vez, ao que consta, após brevíssimo período de prisão, segue com uma vida normal e ativo nas redes sociais.

 

Texto: Bruna Homrich

Imagem 1: Portal Ei Nerd/ Imagem 2: Netflix

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

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