Projeto Zelo educa população para o não abandono de animais
Publicada em
03/06/22
Atualizada em
03/06/22 18h06m
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Coordenadora do projeto comenta que campus da UFSM contabiliza entre 80 e 90 cães e gatos abandonados

O abandono de animais no campus da UFSM, longe de ser exceção, é, infelizmente, uma regra. Basta dar uma breve circulada pelo local para se deparar, em especial, com um número significativo de gatos e cachorros, muitos dos quais adotados afetivamente pela comunidade universitária. Ocorre que, frente a uma presença tão expressiva de animais, apenas atitudes solidárias e voluntaristas não dariam conta de atender a toda a população de animais e de buscar soluções efetivas para a questão. Foi com o objetivo de olhar para esse problema com mais cuidado que o Projeto Zelo foi criado, no ano de 2014, em vinculação com o Gabinete do então Vice-Reitor, Paulo Bayard Gonçalves. A partir de 2018, passou a ser considerado Projeto Estratégico da Pró-Reitoria de Extensão.
A reportagem desta sexta-feira, 3 de junho, é a quarta de uma série produzida pela Assessoria de Imprensa da Sedufsm a respeito dos projetos desenvolvidos por docentes, estudantes e técnico-administrativos em educação da UFSM. Inaugurada no dia 13 de maio, com matéria sobre o “Pró-Saúde”, a série é alusiva ao aniversário de Santa Maria (17 de maio), tendo como motivação destacar a colaboração da universidade para diversos setores da cidade. No dia 20, a iniciativa escolhida foi “A Educação Inspirando Vidas” e, na última sexta, 27, o “Observatório de Vigilância Alimentar e Nutricional (Ovan).
Educação contra abandono
Sob coordenação da professora Fabiana Stecca, do Colégio Politécnico da UFSM, o Zelo tem por objetivo conscientizar e educar as pessoas sobre a causa animal, promovendo ações sobre não abandono e adoção responsável.
“As principais ações são palestras de educação e conscientização para diversos públicos externos (como nas escolas para ensino fundamental, médio) e internos da UFSM, divulgação do projeto como uma marca, parcerias com empresas que defendem a causa animal. Temos muita esperança na nova geração, as crianças são muito engajadas e solidárias à causa”, comenta Fabiana. Ela integrou a equipe inicial do projeto na condição de representante de unidade, tendo participado da reestruturação do Zelo em 2018. Naquele mesmo ano, assumiu a coordenação e constituiu a equipe. “Costumo dizer que este é um trabalho de muitas mãos solidárias”, conta.
Hoje, a professora elenca como principal dificuldade encontrada pelo projeto as condições de saúde dos animais, geralmente abandonados sem castração ou com doenças como anemia, problemas de pele e outras enfermidades decorrentes da falta de alimentação e de cuidados. Durante a pandemia a situação ficou mais complicada, visto que foram abandonados animais com doenças mais graves, a exemplo de leishmaniose e parvovirose. O alto custo financeiro destes tratamentos e a escassez de lares temporários também são desafios do Zelo.
“Na pandemia tivemos muita dificuldade com a falta de pessoas circulando no campus para ajudar com tarefas simples, como cuidar os locais de ração e água para os animais”, partilha Fabiana.
Parte dos recursos públicos do Zelo são direcionados ao Hospital Veterinário (HVU), parceiro interno do projeto, para custeio dos atendimentos e procedimentos realizados junto aos animais abandonados no campus. Outra parte desses recursos é destinada ao pagamento de quatro bolsistas.
O restante – alimentação, medicação, atendimentos e castrações externas – demanda ações de arrecadação externas como doações, venda de produtos, organização de brechós e parcerias com empresas.
*Brechó promovido pelo Zelo para conseguir bancar tratamento dos animais
Retorno presencial aumentou abandono
O campus contabiliza, sempre, em torno de 80 e 90 animais – dentre cães e gatos abandonados. A estatística foi fornecida pela professora Fabiana, que lembrou a existência das áreas rurais da UFSM, com acesso à estrada do Pains, em cuja extensão também possuem cães, especialmente de grande porte.
O retorno das aulas presenciais no dia 11 de abril foi acompanhado de um aumento no número de animais abandonados, de forma que, em duas semanas, foram registrados sete novos abandonos e, em um final de semana seguinte, mais dois cães abandonados. Tal aumento também é observado em períodos de férias.
“Nós todos que gostamos dos animais não conseguimos entender as razões do abandono. Ainda existe uma lacuna na conscientização de que o animal é para toda vida, que ele precisa ser castrado, cuidado, vacinado e que ele vai envelhecer. Por isso nossas palestras trabalham essas questões e somos extremamente rigorosos na entrevista de adoção até a assinatura do termo de responsabilidade. Não doamos, por exemplo, gatos para apartamentos que não sejam telados ou que tenham rotas de fuga. O mesmo vale para cães em questão de pátio e local de permanência. Os animais que de alguma forma chegaram até o campus já sofreram o suficiente para correrem novos riscos. Queremos que eles tenham uma vida boa com tudo de melhor”, diz Fabiana. As adoções são divulgadas diretamente através das redes sociais (Facebook e Instagram) do Projeto Zelo.
Como ajudar?
O Zelo não atua fora da UFSM, não faz resgate de animais e também não conta com locais de abrigo para disponibilizar. Fabiana reforça que não se trata de uma Organização Não-Governamental (ONG) e que os animais carentes de cuidados são auxiliados por voluntários/as, que abrem seus lares de forma temporária. “Nem sempre se consegue, em alguns casos de saúde os animais precisam ir para hospedagem e internação particulares e se faz campanhas de arrecadação dos valores”, acrescenta a coordenadora.
Todos e todas podem contribuir com o Zelo através da doação de:
- ração para cães e gatos;
- roupas, calçados e acessórios em bom estado para o Brechó;
- medicação e utensílios pet;
- qualquer quantia em dinheiro para a chave pix: fabiana@ufsm.br.
Outras formas de auxílio são oferta de caronas e de lares temporários; voluntariado para alimentação e cuidados; adotar um animalzinho e seguir as redes sociais do projeto: @zeloufsm @grifedozelo
O ponto de coleta das doações é o Colégio Politécnico, prédio 70, Bloco F.
Texto: Bruna Homrich
Fotos: Projeto Zelo
Assessoria de Imprensa da Sedufsm
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