Sedufsm discute estratégias para valorizar extensão na carreira docente
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31/10/24 18h25m
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Presidente da seção sindical participou de evento durante a Semana do Servidor e da Servidora na UFSM
Na tarde desta quinta-feira, 31 de outubro, o presidente da Sedufsm, professor Ascísio Pereira, participou de um debate sobre a importância de valorizar a extensão na carreira docente, garantindo que essas atividades sejam consideradas tão importantes quanto o ensino e, principalmente, a pesquisa. O debate integrou a programação oficial da Semana do Servidor e da Servidora na UFSM, tendo a presença do pró-reitor de Extensão, Flavi Lisboa Filho, e do pró-reitor de Gestão de Pessoas, Frank Casado.
“Por que eu pontuo mais escrevendo um artigo científico do que coordenando um projeto de extensão? Claro que a gente sabe que os dois trabalhos são difíceis. Exigem tempo, dedicação, ok. Mas coordenar um trabalho de extensão é uma responsabilidade gigantesca, que só quem tem uma proximidade muito grande com isso e participou efetivamente tem a noção do que é. É a responsabilidade formadora com os alunos e as alunas que nós vamos levar lá para a sociedade. A responsabilidade com a comunidade com que a gente trabalha aqui. Como que a gente vai trabalhar a formação dos nossos alunos e o que nós queremos deles e delas lá no trabalho efetivo dentro da comunidade. Nós queremos chegar lá, fazer uma maquiagem, fazer um trabalhinho, voltar e daqui a seis meses a comunidade está precisando de novo de atenção? Ou a gente quer construir um trabalho de formação para que essa comunidade construa a autonomia, ao invés de ficar precisando da gente?”, questiona Ascísio, para quem o debate sobre a valorização da extensão não pode prescindir de um debate sobre a concepção de universidade que queremos: voltada ao povo ou voltada ao produtivismo desenfreado?
No Centro de Educação (CE), unidade na qual leciona, o presidente da Sedufsm diz que, embora muitas e muitos docentes se envolvam com a extensão, há uma dificuldade enorme de encaixar essas atividades dentro dos currículos e das realidades das e dos estudantes. Um exemplo são os cursos noturnos, frequentados em sua maior parte por estudantes trabalhadores, que, durante o dia, cumprem jornadas laborais, não conseguindo desenvolver o viés extensionista.
Ascísio ainda lembrou que a importância de valorizar a extensão na carreira docente integrou os debates acerca dos encargos didáticos docentes na UFSM. Ao longo de 2023, a Sedufsm percorreu todas as unidades de ensino e também os campi descentralizados para discutir o assunto com a base. Uma das estratégias elencadas para valorizar a extensão é garantir tempo para as e os docentes se dedicarem a essas atividades, de forma que a proposta da seção sindical, protocolada na reitoria, estabelecia um número máximo de 12 horas de sala de aula.
Angela Righi, professora integrante da Comissão Permanente de Extensão do Centro de Tecnologia, ponderou que “enquanto não tivermos uma valorização da extensão dentro da progressão docente, ela sempre vai ficar no final da lista. Nós, da Comissão de Extensão, estamos indo até os departamentos para motivar os professores a trazerem projetos de extensão para o CT”.
Tatiana Cervo, vice-diretora do CT, acrescentou a figura das e dos estudantes ao debate: é preciso valorizar as atividades extensionistas também nos currículos estudantis, garantindo que tenham uma pontuação justa como Atividades Complementares de Graduação (ACG’s), defendeu.
Contudo, essa valorização da extensão esbarra em uma questão bem concreta: o orçamento. Segundo dados trazidos durante o evento desta quinta, no ano de 2023, as universidades públicas brasileiras investiram apenas 0,65% de seus orçamentos na extensão (dados do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras – FORPROEX). A UFSM investiu um pouco acima disso – 1,91% -, contudo, ainda assim, o cenário é desafiador. Flavi Lisboa partilha que, em 2023, o Colégio de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Federais de Ensino Superior conseguiu criar uma rubrica orçamentária para a curricularização da extensão, contudo, agora a luta é para aportar recursos a essa rubrica.
Universidades como a UnB, a UFSCar e a UFOP já publicaram atualizações referentes às pontuações definidas para atividades de extensão, objetivando valorizá-las no trânsito dentro da carreira. Buscando elaborar algo semelhante na UFSM, ficou definido, ao final do debate desta quinta, que a Pró-Reitoria de Extensão, em conjunto com a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas, irá criar um grupo de trabalho para pensar estratégias de curricularização da extensão em nível local. A Sedufsm já foi convidada para integrar o grupo e ajudar a conduzir as discussões.
Texto e foto: Bruna Homrich
Assessoria de Imprensa da Sedufsm