Docentes da UFSM finalizam greve e aprovam retorno às aulas em 1º de julho
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Atualizada em
27/06/24 16h29m
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Assembleia também aprovou moção de repúdio à Reitoria devido à forma como foi encaminhado o calendário acadêmico
Em assembleia ocorrida na manhã desta quinta, 27 de junho, no Auditório Wilson Aita (anexo ao CT), e de forma simultânea nos demais campi, os e as docentes da UFSM finalizaram a greve e aprovaram o retorno às aulas na próxima segunda, 1º de julho, seguindo orientação do Comando Nacional de Greve (CNG) do ANDES-SN para a saída em uma data unificada. Mais de 60 Instituições Federais de Ensino (IFE) participaram do movimento, sendo que, na UFSM, foram 62 dias de paralisação.
A plenária também aprovou uma moção de desagravo e repúdio à Reitoria da UFSM pela forma como a gestão encaminhou o debate sobre o calendário acadêmico, elaborando propostas sem levar em conta as sugestões de professores e professoras que participaram do movimento paredista.
Um dos primeiros pontos de pauta, que tratava sobre “deliberação de saída da greve”, foi apresentado pelo diretor da Sedufsm, professor Leonado Botega, que ressaltou que não faria um balanço do movimento, mas citaria alguns elementos que fizeram parte de documento elaborado pelo CNG do ANDES-SN, e que apontaram avanços no processo de negociação com o governo nas últimas semanas, ainda que parciais.
O diretor da Sedufsm também aproveitou para “parabenizar todos e todas que lutaram na greve, de forma unificada, e que ajudaram a colocar a educação no centro do debate no país”. Leonardo Botega fez uma saudação especial às e aos docentes que, durante dois meses, fizeram parte do Comando Local de Greve (CLG), participando de reuniões praticamente diárias, se deslocando até Brasília para integrar o Comando Nacional, mesmo em períodos de dificuldades, como os que se sucederam ao desastre climático no Rio Grande do Sul.
Na votação relativa ao fim da greve e retorno em 1º de julho, os números foram: 32 votos favoráveis; 1 contrário e 2 abstenções, incluindo a posição de todos os campi.
As críticas à reitoria e a moção de repúdio
No terceiro e último ponto da plenária desta quinta-feira, o presidente da Sedufsm, professor Ascísio Pereira, abriu falando sobre a participação na reunião pública ocorrida na quarta, 26 de junho, chamada pela reitoria da UFSM, para tratar de propostas ao calendário acadêmico.
Durante esse encontro, integrantes do Comando Local de Greve tiveram a oportunidade de apresentar/ler a nota elaborada pelo próprio grupo e intitulada “Em defesa do processo pedagógico, o calendário tem que ser unificado”, em que é destacado que as propostas elaboradas pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) para serem apreciadas pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), desconsideraram a greve havida na instituição. Além disso, os pedidos para adiamento da reunião do CEPE que avaliaria as propostas de adequação no calendário, não foram atendidos.
As críticas à metodologia da gestão da universidade foram corroboradas pelo diretor da seção sindical, Leonardo Botega. Ele argumentou que as tentativas de atropelo, por parte da Reitoria, não vêm de agora. Citou o processo de elaboração das minutas, tanto a das progressões e promoções, como a dos encargos docentes, ano passado, que foram encaminhadas aos conselhos superiores sem discussão, o que exigiu mobilização e protesto da categoria.
Em meio ao debate e protestos contra a postura da Reitoria, o professor Diorge Konrad, do departamento de História, apresentou a proposta de votar uma moção de repúdio contra a Administração Central. “Pela primeira vez, após uma greve, a Reitoria faz uma reunião para discutir o calendário antes mesmo do término do movimento”, criticou o docente. Diorge acrescentou ainda que ficou nítido que a Prograd em nenhum momento demonstrou qualquer flexibilidade em discutir o assunto com os grevistas.
A moção de repúdio foi aprovada com 33 votos favoráveis, incluindo a posição de todos os campi.
CEPE aprova novo calendário acadêmico de 2024
Ainda durante a manhã desta quinta-feira, 27, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSM aprovou o novo calendário acadêmico da Instituição. Após a votação, ficou definido que o primeiro semestre letivo de 2024 será retomado em 1º de julho e encerrado no dia 24 de agosto. Após duas semanas de recesso, o segundo semestre inicia em 9 de setembro e segue até 21 de dezembro.
A semana da Jornada Acadêmica Integrada (entre 25 e 29 de novembro) será considerada letiva, podendo ou não ter aulas, a depender da situação, desde que sem avaliações e acordado com a Coordenação dos Curso e Prograd. Conforme divulgado pela Administração Central, haverá flexibilização de datas para Trabalhos de Conclusão de Curso e estágios, bem como para aulas práticas, desde que acordado com a Coordenação dos Cursos e Prograd.
Após a decisão do CEPE, o diretor da Sedufsm, Leonardo Botega, lamentou, mais uma vez, a forma como o processo de discussão foi conduzido. "Infelizmente, o debate do calendário foi feito de forma apressada e alheia à necessária discussão que um tema desta complexidade merece. Muitas dúvidas foram deixadas de lado e mais uma vez as resoluções dos problemas irão recair sobre as coordenações. Lamentável a gestão da UFSM não ter sido sensível às manifestações de apelo por mais tempo de construção feitas na reunião pública”.
Botega lembrou, ainda, que o calendário foi votado pelo Conselho sem que tivesse sido discutido nos departamentos, considerando que consulta online e duas lives não são suficientes para qualificar o debate. “Mais uma vez, o viés tecnocrático se sobrepôs ao pedagógico”, finaliza.
Informes
Na parte inicial da assembleia docente desta quinta-feira, ocorreu o momento dos informes. Júlio Quevedo, professor do departamento de História da UFSM, fez um relato pormenorizado da sua atuação em Brasília, onde participou, inicialmente como observador, e depois como delegado da base da Sedufsm no Comando Nacional de Greve do ANDES-SN. Ele destacou a importância do trabalho realizado pelo CNG, enfatizando ainda a extensa jornada de reuniões, que cobriam praticamente os três turnos do dia.
O presidente da Sedufsm, Ascísio Pereira, além de informar a participação na reunião pública sobre o calendário acadêmico da UFSM, na quarta, dia 26 de junho, assinalou a participação de docentes e técnico-administrativas na sessão plenária da Câmara de Vereadores, na terça, 25 de junho, quando foi aprovada a moção de repúdio ao projeto 1904/2024, também chamado de PL do estupro ou PL antiaborto.
Texto: Fritz R. Nunes
Fotos: Karoline Rosa
Assessoria de imprensa da Sedufsm