Reforma Administrativa: Sedufsm pede que reitoria da UFSM leve a pauta à Andifes Publicada em 25/11/25
Atualizada em 28/11/25 09h49m
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Integrantes da diretoria da Sedufsm reuniram-se, na tarde desta terça-feira, 25, com a vice-reitora da UFSM (e reitora eleita para o período de 2026-2029) Martha Adaime. No encontro, solicitado pelo sindicato, foram debatidas a necessidade de fortalecer a pressão contra a Reforma Administrativa e uma série de demandas do cotidiano das e dos docentes da UFSM, elencadas na greve da categoria em 2024, especialmente relacionadas à sobrecarga de trabalho, falta de reposição de vagas e encargos didáticos. Representando a seção sindical estiveram presentes o presidente, Everton Picolotto, e a secretária-geral, Neila Baldi.

Picolotto avaliou a reunião desta terça-feira como positiva, uma vez que ambas as propostas apresentadas pela diretoria do sindicato foram acatadas: o espaço nas próximas reuniões do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) e do Conselho Universitário (CONSU) para discutir e combater a Reforma Administrativa, e o comprometimento da reitora eleita em levar o debate sobre a Reforma para a Andifes, a fim de que a Associação tenha uma atuação mais incisiva contra o projeto que penaliza tanto a população usuária dos serviços públicos quanto as e os servidores públicos que os prestam, a exemplo de docentes das universidades.

“Também apresentamos alguns pontos que estavam pendentes do acordo da última greve, referentes às nossas demandas internas na UFSM, como as questões ligadas à maior equidade na distribuição dos encargos didáticos e das vagas de docentes entre os departamentos e unidades de ensino, e também possíveis mudanças na carreira que foram aventadas", informou o presidente da Sedufsm, ressaltando que, especificamente no ponto sobre as progressões docentes - tema de minutas e controvérsias anteriormente, a professora Martha afirmou que não será feita nenhuma proposta de mudança se a comunidade não demandar por isso.

"Achamos positivo, no sentido de que será ouvida a comunidade, inclusive o sindicato e os órgãos da universidade para, caso for feita uma mudança sobre progressões e promoções na carreira docente, a participação democrática seja garantida. Acho que esse é um compromisso muito importante da nossa vice-reitora e futura reitora da instituição”, avalia o presidente da Sedufsm.

Sedufsm no CEPE e Consu

Na reunião desta terça-feira, os diretores solicitaram a Martha Adaime que concedesse um espaço nas próximas reuniões do CEPE e do CONSU para a seção sindical falar com as e os conselheiros a respeito dos riscos contidos no projeto de Reforma Administrativa (PEC 38), responsável por promover diversas mudanças constitucionais, prevendo restrição de concursos, flexibilização da estabilidade e instituição de teto de gastos, dentre outros pontos que também afetam diretamente a universidade.

A vice-reitora consentiu em ceder o espaço para o sindicato e a primeira reunião, do CEPE, já ocorre nesta sexta-feira, 28, a partir das 8h30. No ponto de pauta ‘Comunicações’, a Sedufsm terá em torno de 15 minutos para tratar do tema e pedir um engajamento da comunidade acadêmica contra a Reforma. Cabe lembrar que, deste setembro, a diretoria da seção sindical vem percorrendo as unidades de ensino para dialogar com a categoria docente e evidenciar o desmonte representado na PEC 38.

Mobilização junto à Andifes

Outra solicitação da Sedufsm foi que a UFSM leve o debate sobre a Reforma Administrativa à Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), a fim de que o órgão assuma uma posição mais incisiva contra a Reforma Administrativa. Martha Adaime concordou e defendeu que se monte um Grupo de Trabalho, primeiramente junto à Andifes Sul, para discutir isso.

Encargos didáticos

Essa foi uma das pautas pendentes da greve de 2024 tratadas na reunião desta terça. Neila Baldi defendeu a importância de se estabelecer um limite máximo de horas de sala de aula, pois muitos professores e professoras acabam ultrapassando as 40 horas para dar conta de desenvolver ensino, pesquisa, extensão e, em alguns casos, gestão. "O mínimo existe em lei [8 horas, segundo a LDB], mas queremos limitar o máximo de número de horas. Eu, por exemplo, não trabalho menos de 12 horas em sala de aula. Com a pós-graduação, chego a 16 horas", ponderou Neila. 

Martha Adaime disse entender que a reitoria não deveria assumir o papel de regular a distribuição das horas de trabalho, pois cada centro e departamento conhecem suas realidades. Contudo, Neila ressaltou que há muita discrepância entre os centros de ensino da UFSM. "Quem tem menos horas de sala de aula, consegue produzir pesquisa e fazer extensão com mais qualidade. E quem tem mais horas de sala de aula, tem que trabalhar além das 40 horas para fazer pesquisa e extensão", complementou a diretora sindical, lembrando que a Sedufsm já havia solicitado à reitoria, na greve de 2024, que fizesse um levantamento sobre a situação dos encargos didáticos em cada unidade.

A discussão sobre os encargos didáticas é tão importante, explicaram os diretores Everton e Neila, pois afeta diretamente as condições de trabalho docente, gerando sobrecarga e adoecimento. Nesse cenário, incluiu-se, ainda, a discussão sobre os critérios para reposição das vagas docentes, a fim de sejam direcionadas para os locais que mais precisam. Martha disse que, atualmente, as vagas estão nas mãos das direções de unidade, e não da reitoria. Até alguns anos antes, as vagas só iam para repor aposentadorias. 

Outro ponto levado pela diretoria da Sedufsm à reitoria disse respeito às e aos docentes que hoje ocupam cargos de gestão, especialmente chefias de departamento e direções de centro, e que vivem uma situação de intensa sobrecarga de trabalho, realidade que tem as e os desmotivado a assumir esses postos. Isso se deve, em grande parte, à reestruturação administrativa da instituição, que acabou legando às e aos gestores um excesso de tarefas operacionais e burocráticas. Sobre isso, a reitora eleita aventou a hipótese de revisão dos processos nas secretarias integradas e de delimitação de 24 horas dos encargos didáticos para chefias, de modo a garantir o mínimo de 8h de sala de aula - uma vez que há a solicitação de que pessoas em cargos reduzam as horas de docência. 

Mobilização da semana

Nesta terça-feira, 25, também ocorreu, na Casa Clóvis Guterres, espaço da Sedufsm em Camobi, mais uma reunião do Grupo de Estudos contra a Reforma Administrativa, momento em que as e os docentes discutiram os princípios da Administração Pública presentes na PEC 38/25.

Já nesta quarta, 26, a Sedufsm participa de ação conjunta com o Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm), cuja categoria atualmente está em greve contra a proposta de Reforma da Previdência municipal. A atividade ocorre a partir das 13h30, na Praça Saldanha Marinho, onde serão entregues panfletos à população da cidade a respeito da destruição trazida no texto da Reforma Administrativa. 

Texto e fotos: Bruna Homrich

Assessoria de Imprensa da Sedufsm