Tema educacional gera confronto entre candidatos Publicada em
Atualizada em 26/09/12 20h03m
900 Visualizações

Estabelecer parcerias entre a prefeitura e as universidades, especialmente a UFSM, foi uma das expressões mais ouvidas dos cinco candidatos a prefeito de Santa Maria durante o debate ocorrido no final da tarde desta quarta, 26, no Clube Caixeiral. O evento foi promovido pelos três sindicatos de professores da esfera pública: Sinprosm (professores municipais), Cpers (professores estaduais) e SEDUFSM. Contudo, o confronto acabou estabelecido quando vieram à tona temas como a greve na universidade e o diálogo com entidades sindicais.

No bloco em que os candidatos responderam perguntas das entidades organizadoras, o primeiro questionamento feito a Tiago Aires (Psol), Cezar Schirmer (PMDB), Jorge Pozzobom (PSDB), Helen Cabral (PT) e Jeferson Cavalheiro (PSTU) foi encaminhado pela SEDUFSM e levantou como tópico principal a relação que o futuro prefeito pretendia construir com as instituições universitárias de Santa Maria buscando qualificar a política administrativa do município.

O atual prefeito, Cezar Schirmer, além de saudar o recente movimento grevista dos professores universitários, citou algumas parcerias que teriam sido implementadas com a UFSM, Unifra e Ulbra através de convênios “guarda-chuva”. Jorge Pozzobom (PSDB) também destacou a importância de estabelecer parcerias, dizendo, inclusive, que pretende implementar uma Escola de Gestão Pública para os servidores municipais tendo a UFSM como protagonista.

A candidata do PT, Helen Cabral, ressaltou a sua formação acadêmica, concretizada na UFSM, e aproveitou a oportunidade para ressaltar uma das bandeiras do seu projeto de governo- o Santa Maria Carinhosa- que poderia ser implementada com recursos oriundos dos governos federal e estadual. Contudo, o partido de Helen acabou alfinetado na fala de Jeferson Cavalheiro (PSTU). Segundo ele, os trabalhadores da UFSM (professores e técnicos) foram atacados durante a greve pelo governo Dilma (PT). Buscar a UFSM e outras instituições universitárias para o estabelecimento de parcerias também constou da intervenção do candidato do Psol, Tiago Aires.

Diálogo

Quando os candidatos responderam a pergunta do Sindicato dos Professores Municipais, que enfatizava a questão do papel do sindicato na interlocução com o governo, o candidato tucano, Jorge Pozzobom, fez questão de ressaltar que registrou na justiça eleitoral seus compromissos, entre eles, o de diálogo permanente com o sindicato.
Tiago Aires, do Psol, enfatizou que a política pensada pelo seu partido inverte a lógica hoje existente. Segundo ele, implementar o piso nacional é o mínimo que um governo pode fazer e o que se precisaria é ir mais além, com os professores decidindo a política salarial, discutindo o plano de carreira, para que nada seja implementado de cima para baixo.

Helen Cabral, do PT, defendeu a autonomia e a democracia dos professores e da escola. Segundo ela, o sindicato não pode ser tratado como a atual administração (Schirmer) estaria fazendo, ao não se reunir e não dialogar com o Sinprosm. “O sindicato tem que ser tratado como nosso amigo”, enfatizou a candidata.

Para o candidato da Frente de Esquerda (PSTU/PCB), Jeferson Cavalheiro, não se pode fazer como a maioria dos partidos que têm chegado ao governo nos diversos níveis: rasgar os compromissos de campanha. Ele se comprometeu a, no caso de ser eleito prefeito, jamais mexer no plano de carreira docente sem antes promover um debate com a categoria.

Já o atual prefeito e candidato à reeleição, Cezar Schirmer, também se comprometeu a não mexer no plano de carreira sem antes conversar com os professores. Ele rebateu as acusações de falta de diálogo, ressaltando sua trajetória como democrata. Schirmer citou que o governo municipal está cumprindo a decisão do Supremo (STF) em relação ao piso salarial e ainda disse que, a pedido do Sinprosm, estaria revisando as suplementações irregulares, que teria herdado da administração anterior (PT).

Turno integral

A pergunta dirigida aos candidatos pelo Cpers Sindicato tratou do tema do “turno integral” nas escolas. Para Jeferson Cavalheiro, esta seria uma medida importante, mas que não se concretiza por falta de investimento do poder público, não apenas em novas escolas e creches, mas também em maior valorização dos profissionais da educação.

O candidato do Psol, Tiago Aires, usou a pergunta para fazer uma dura crítica ao PT. Segundo ele, se poderia realizar muito mais pela educação se não houvesse tantos desvios de recursos. Aires lembrou do caso CCI, projeto desenvolvido na primeira administração do então prefeito Valdeci Oliveira, que desenvolvia oficinas com jovens em situação de vulnerabilidade e, através do qual, alguns gestores públicos, inclusive uma vereadora à época, chegaram a ser denunciados pelo Ministério Público por supostos desvios de verbas advindas do governo federal.

Ao responder o questionamento do Cpers, Schirmer, além de enfatizar que o suposto desvio não tinha acontecido em sua gestão, mas na que o antecedeu, aproveitou para alardear números na área educacional. Segundo ele, 8 mil alunos da rede municipal em Santa Maria já cumpririam tempo integral nas escolas. Também enumerou a ampliação de 3.700 vagas no ensino fundamental.

Último a abordar a questão, o candidato do PSDB, Jorge Pozzobom, distribuiu alfinetadas tanto para PMDB como para o PT. Segundo ele, o discurso oficial era de que tudo ia muito bem. “É preciso dizer que temos muitos problemas. Temos 20% de repetência ainda, uma questão que não foi enfrentada nem nos quatro anos do atual governo e nem nos oito anos do governo anterior”, afirmou de forma enfática.

O debate realizado ao final da tarde desta quarta, no Clube Caixeiral, teve a mediação do jornalista da TV Santa Maria, Arnaldo Recchia e foi transmitido ao vivo pela Rádio Santamariense. Mais detalhes sobre outros momentos do debate, nesta quinta-feira no site da SEDUFSM.

Texto: Fritz R. Nunes
Fotos: Rafael Balbueno
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM