Sindicato, organização da Sociedade Civil Publicada em 08/11/2023 2835 Visualizações
A ação sindical e as lutas sindicais específicas, desenvolvidas nas diversas categorias de trabalhadores, revestem-se de características próprias, em face da organização, das reivindicações prioritárias, das negociações com os patrões ou gestores públicos, nas instâncias situadas no âmbito do trabalho e do capital.
Na especificidade das Instituições de Ensino Superior, sejam públicas ou privadas, as diferenças também se apresentam nas modalidades organizativas, diante das necessidades e das possibilidades de enfrentamento e de êxito diante do objeto da reivindicação.
Os sindicatos são uma dimensão da sociedade civil organizada, de forma política, cujo discurso opõe-se ao discurso do Estado, no que tange a trocas e reconhecimento de direitos, entre iguais. O liame, que vincula os sujeitos políticos na sociedade civil, é diferente do vínculo entre os gerentes do Estado, nas suas estratégias de governabilidade, de gestão e de representação social.
Essas formas de poder são importantes de serem compreendidas na história e na memória dos sindicatos. São os critérios que orientam os projetos de luta das categorias trabalhadoras, bem como a consciência crítica e a consciência política que os sindicalizados expressam e fortalecem no estuário das experiências vividas.
A nossa Seção Sindical - SEDUFSM – nasce, em novembro de 1989, como expressão de uma realidade, em que a importância de criar uma instância de interlocução com os que decidiam nossa vida de trabalhadores, tornou-se imprescindível nos anos 80, ainda sob o domínio da ditadura cívil-militar.
Em fevereiro de 1981, foi criada a Associação Nacional de Docentes – ANDES – que, na continuidade reflexiva, tornou-se Sindicato Nacional, com suas bases de associações de professores e/ou seções sindicais, de acordo com a conjuntura da Instituição local, seja pública, privada ou comunitária. Interesses e valores evidenciam diferenças e divisões. Na UFSM, a categoria docente dividida faz suas opções e diante da recusa da APUSM se filiar à instância nacional, cria-se a Seção Sindical, filiada ao agora ANDES-Sindicato Nacional.
Mudam os sujeitos, mudam as circunstâncias, e, consequentemente, mudam os focos das lutas reivindicatórias. Ou seja: mudam os ordenamentos políticos, econômicos e sociais e nessa esteira, os atores sindicais reordenam e revisam seus focos e exigências, no espaço do trabalho, em que se localizam. Com os docentes do ensino superior não é diferente. Isso é revelador, quando os envolvidos no processo político da ação sindical conseguem apropriar-se do conhecimento acumulado e demonstram a capacidade de teorizar a própria prática, bem como a partir dela, praticar a teoria pensada.
Pensemos que a SEDUFSM, ao comemorar mais um aniversário de fundação, celebra o acúmulo de sabedoria cívica e prática crítica, no âmbito de um universo científico e educativo pleno de lacunas, contradições e desafios. Há que estabelecer critérios compatíveis com o ritmo do tempo e saber ler as circunstâncias evidenciadas no Ensino Superior Brasileiro, nos avanços e recuos.
Nossa responsabilidade política requer capacitação ousada da inteligência, para que ocorram intervenções corretas e avaliações permanentes.
Pensar no coletivo da formação é pensar numa proposta qualificada do projeto sindical.
Estamos de parabéns por termos continuado e chegado até aqui. Celebremos!
Sobre o(a) autor(a)
Por Cecilia PiresProfessora aposentada do curso de Filosofia da UFSM