Livros ou armas? SVG: calendario Publicada em 08/10/2025 SVG: views 97 Visualizações

A monumental e inigualável, Clarice Lispector, escreveu para nosso prazer: enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas, continuarei a escrever.

Nesse avesso mundo, quem possui desejo e tempo para construir, nem que seja em pensamentos, perguntas?

Essa vida egoísta não quer nos dar tempo para o necessário exercício da reflexão. Parece que o tal ócio do ato de pensar é uma perda de tempo.

O livre pensar não é capaz, cá entre nós, de virar moeda de troca ou mísera mercadoria.

Dizem, à boca pequena, que sou idealista por sentir prazer em estudar e admirar o pensamento de (Georg Friedrich) Hegel. Entre um cânone e outro da ortodoxia, qual o problema de conhecer e ser um historicista dialético hegeliano?

Não ligo a mínima para a Ditadura do pensamento único.

Lembremos que Hegel disse: se o real é racional, o racional é real. Pensar a possibilidade de um real pensado humanamente não nos impossibilita de vê-lo concretizado.

As armas ceifam vidas e os livros, como os passarinhos, projetam sonhos e voam para novas formas possíveis de um outro viver.

Eis a desgraça empírica e factual que aconteceu nesse nada estético universo, onde a ignorância é o modus operandi dos psicóticos, ufanistas do mundo das trocas e objetificação do ser humano.

Meu afilhado vinha, para a célula mater familiar, transbordando alegria e prazer por ter apresentado um trabalho científico no campo do jornalismo. O Pablo voltava para casa absolutamente consciente do dever social cumprido.

Voltava, ainda bem, com sua mochila "estufada" de livros para alimentar o seu campo investigativo e sua, quem poderia pensar, construção textual em sua temática do seu estatuto epistemológico, mas acabou sendo revistado.

Por que o Pablo e sua mochila?

Ele tinha um isqueiro e um mundaréu de livros. O isqueiro e os livros denotavam um ser que discutia as regras da normalidade capitalista, um traficante ou o tal "mau elemento" para as regras do silenciamento propiciada pela Ideologia do Capital

Será que, se meu lindo, estudioso e maravilhoso afilhado, carregasse uma arma iriam revistar a sua mochila? Pode um comunista apresentar um fenótipo? Será que meu afilhado foi enquadrado nesse devaneio da razão?

Sim, ele não foi o único, mas trabalhou com o problema da "invisibilidade" dos Palestinos na Faixa de Gaza. Será que o Pablo vai passar sua tenra vida incriminado por preferir livros ao invés de armas?

O Pablo e os seus familiares não irão se vergar a essa vergonhosa doutrina sionista que está praticando genocídio no maior Campo de Refugiados chamado Gaza.

Voltemos à poética intimista e existencialista de Clarice Lispector: o que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.

Meu afilhado Pablo vai continuar por aí com seu conhecimento crítico, sua mochila cheia de livros e combatendo o desamor que dita a ideologia e a pobreza psíquica dos amantes das armas.

A Clarice Lispector, o Pablo e nós, continuaremos sendo capazes de captar a estética, o silêncio e o aroma das rosas.