Morte de Eric Hobsbawm repercute na UFSM
Publicada em
01/10/12
Atualizada em
01/10/12 17h27m
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Professor diz que obra do estudioso extrapola academia

“É um autor muito importante dentro de uma abordagem marxista da história. Sua obra é abrangente e muita clara, apesar de não ser simples”, disse, em declaração à Sedufsm, o professor do departamento de História da UFSM, Vitor Biasoli, sobre a morte do historiador Eric Hobsbawm. Ele faleceu na manhã desta segunda-feira, 1, aos 95 anos, deixando um grande sentimento de pesar em muitos docentes, acadêmicos e militantes de esquerda.
Conhecido como um dos mais influentes estudiosos do século 20, o britânico possuía clara orientação marxista e apresenta, entre suas obras mais conhecidas, o livro “Era dos Extremos: o Breve Século 20: 1914-1991”, além de três volumes sobre a história do século 19. Sua última obra é intitulada “Como mudar o mundo – Marx e o marxismo 1840 – 2011” e foi publicada no ano passado. Hobsbawm, certa vez, afirmou que vivera no “século mais extraordinário e terrível da história humana”.
Biasoli afirma que utiliza os livros do historiador em suas disciplinas. “Ele é citado em grande parte dos livros didáticos do ensino médio e está presente na maioria de nós, professores. Mas acredito que, para além do âmbito acadêmico, o autor também é lido e muito reconhecido. Não é um autor simples, mas consegue ser claro”, opina o docente.
História
Hobsbawm nasceu em 1917, na cidade de Alexandria, no Egito. O ano em que nascera foi marcado pela Revolução Russa, que colocou os comunistas à frente do poder na Rússia, instaurando o socialismo no país. Quando tinha dois anos, entretanto, o historiador mudou-se, com seus pais, para a Áustria e, logo depois, para a Alemanha.
Aos 14 de idade, filiou-se ao Partido Comunista e, com a ascensão de Hitler na Alemanha e a morte precoce de seus pais, mudou-se com o tio para Londres, na Inglaterra. Em 1948 publicou seu primeiro livro, após obter um PhD da Universidade de Cambridge e se tornar professor no Birkbeck College.
Em conversa com o colega historiador Simon Schama em abril desse ano, Hobsbawm afirmou que gostaria de ser lembrado como "alguém que não apenas manteve a bandeira tremulando, mas quem mostrou que ao balançá-la pode alcançar alguma coisa, ao menos por meio de bons livros".
Sobre a Primavera Árabe e os indignados
Em entrevista concedida em dezembro de 2011 ao site da BBC, o historiador analisou algumas revoltas que marcaram o mundo no ano que passou. Sobre a Primavera Árabe, Hobsbawm opina: “O que une (os árabes) é um descontentamento comum e forças de mobilização comuns: uma casse média modernizadora, sobretudo jovem, estudantes e, principalmente, uma tecnologia que permite que hoje seja muito mais fácil mobilizar os protestos”. Para ele, 2011 representou outro ano de revoluções, que, entretanto, vêm sendo impulsionadas pela classe média.
O historiador também se manifestou acerca das ocupações que ocorreram na América do Norte e ficaram conhecidas como “Occupy Wall Street”: “As ocupações, em sua maioria, não foram protestos de massa, não foram os 99% (da população), mas de estudantes e membros da contracultura. Em momentos, isso encontrou eco na opinião pública. É o caso dos protestos contra Wall Street e as ocupações anticapitalistas”, afirmou.
Fonte: BBC
Foto: The Guardian
Edição: Bruna Homrich (estagiária); Fritz Nunes (Jornalista)
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