25 anos: um elo cultural construído com a cidade
Publicada em
19/11/14
Atualizada em
19/11/14 17h54m
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Projeto ‘Cultura na Sedufsm’ tem sua primeira edição em 2005

Desde que surgira, a Sedufsm se colocara na defesa incondicional dos interesses da categoria docente e da universidade pública. Muitas greves estouraram especialmente na segunda metade da década de 1990 e, posteriormente, na entrada dos anos 2000. Contudo, fazia-se necessário buscar a legitimidade de tais mobilizações também junto à população local, e a gestão ‘Integração’ (2004-2006), presidida por Carlos Alberto da Fonseca Pires, foi uma das que reconheceu essa necessidade e agiu no sentido de respondê-la. Era preciso que o sindicato conquistasse um lugar junto à cidade, tanto para convencê-la sobre a importância das mobilizações em torno da educação, quanto para exercer um dos papéis de uma entidade de classe: a aliança perene com a comunidade e com os movimentos sociais nessa gestados.
Com esse intuito uma série de projetos tem seu ensaio feito nos anos de 2005 e 2006, sendo o ‘Cultura na Sedufsm’ o que mais se fortalecera, e tanto é verdade que o projeto alcançou a sua 64ª edição em agosto de 2014. Lembrando uma das primeiras edições, marcadas por um concerto de piano, Pires explica que a temática cultural foi um dos principais elos encontrados pela entidade para promover a relação orgânica com a cidade. Entretanto, em sua gestão, outras iniciativas foram concretizadas, a exemplo do ‘Prato do Dia’, também em 2005, e do ‘Pauta Sindical’, no ano seguinte.
“Então pensávamos que tínhamos que cuidar das duas coisas: relação profunda com a nossa base, mas com a comunidade também, porque senão esta não iria entender os processos por que a universidade vinha passando. Toda essa movimentação de atividades culturais era uma forma que víamos de nos aproximar mais da comunidade onde estávamos inseridos”, lembra o ex-presidente, em cuja lembrança o projeto ‘Pauta Sindical’ ganha um apreço singular. Tendo tido apenas uma edição, a ideia consistia numa semana de debates e atividades culturais, sendo que a organização naquele momento ficou a cargo do Centro de Artes e Letras (CAL).
Já no ‘Prato do Dia’, o objetivo era ir a um centro de ensino e convidar os docentes a almoçar com diretores e conselheiros do sindicato. Neste almoço, uma pessoa era convidada para capitanear o debate sobre um determinado tema pertinente ao universo docente. Foi ainda na gestão de Pires que fora feita a modernização da página online da entidade. Junto à divulgação em meios eletrônicos, era elaborado um jornal para ser afixado nos murais das unidades de ensino. Ele ainda lembra que a relação da Sedufsm com a imprensa da Ufsm era bastante estreita e impulsionava a publicização das atividades sindicais.
Relembrando algumas edições do ‘Cultura’
De projeto tímido que nascera em 2005, o ‘Cultura’ foi abraçado por todas as gestões que sucederam a de Pires e já teve uma série de edições com sucesso de público. Em julho de 2007, a edição consistiu numa sessão de cinema que apresentou o documentário ‘A revolução não será televisionada’, dos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O'Briain. O filme registrava os bastidores do golpe de Estado ocorrido na Venezuela, em 2002, e sua exibição lotou o auditório da Sedufsm, atraindo mais de 100 pessoas. Tamanha foi a repercussão desta edição que o sindicato recebeu um convite da direção do Centro de Tecnologia da Unipampa em Alegrete para que o documentário fosse exibido na semana acadêmica do centro de ensino. Lá, também, o ‘Cultura’ foi sucesso de público.
Uma das características centrais do ‘Cultura’ é levantar debates que não orbitem apenas em torno das questões docentes, mas dialoguem com outros setores sociais, numa tentativa de apontar sínteses a partir da pluralidade. Outra edição com sucesso de público que explicitou, ainda mais, o caráter do projeto, foi a que ocorreu em dezembro de 2007, também no auditório da rua André Marques. Na ocasião, foi exibido o documentário ‘Botinada: a origem do punk no Brasil’, sucedido por um debate a partir dessa temática que teve a presença do músico Maxx Chami, do jornalista Homero Pivotto Jr. e da professora Veneza Mayora Ronsini. Ao fim, o show da banda local ‘Exumados’.
Em tempos mais recentes - fevereiro de 2013-, o plenário da Câmara de Vereadores lotou para o ‘Cultura’ que debateu a contribuição política do revolucionário Carlos Marighella. Na mesa estava Mário Magalhães, autor do livro ‘Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo’; Ana Maria Estevão, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e ex-militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN) e o atual secretário-geral da Sedufsm, Humberto Gabbi Zanatta. ‘Marighella, o homem por trás das letras’ fez história dentre as mais de sessenta edições do projeto.
Em abril de 2014, outro tema especialmente relevante tomou conta da 62ª edição do ‘Cultura’: os 50 anos do golpe empresarial-militar no Brasil. Com o auditório também cheio de estudantes, militantes, professores e curiosos em geral, os debatedores Gilvan Dockhorn, historiador e docente da UDESSM; Luiz Cláudio Cunha, jornalista; Hans Baumann, militante comunista e Luiz Carlos Prates, da CSP-Conlutas, trouxeram contribuições acerca do contexto em que o golpe fora forjado e das implicações que aqueles 20 anos trazem até hoje para o povo brasileiro.
* Os depoimentos contidos nesta matéria possuem trechos de entrevistas concedidas para a elaboração do documentário ‘Sonhos não envelhecem: 25 anos da Sedufsm’, com previsão de lançamento para dezembro deste ano.
Texto: Bruna Homrich
Imagem: Arquivo/Sedufsm
Edição: Fritz R. Nunes
Assessoria de Imprensa da Sedufsm
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