Professores-tutores do Rio promovem ‘apagão’ no EaD
Publicada em
04/02/16
Atualizada em
04/02/16 15h19m
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Protesto é motivado por atraso em bolsas e situação de precarização

Os professores-tutores do Rio de Janeiro, reunidos em assembleia na tarde da última terça (2), decidiram promover um “apagão” nas atividades da plataforma Cederj em protesto pelo atraso de três meses no pagamento das bolsas e pelas condições precárias de trabalho. A ação consiste no ocultamento das atividades de Educação a Distância (EAD) disponíveis on-line até o dia 18 de fevereiro. Uma nota explicativa aparece, desde quarta (3), no lugar em que se encontravam anteriormente os recursos didáticos acessados pelos estudantes.
A reunião que decidiu pela paralisação das atividades de EAD aconteceu na sala da coordenação do curso a distância de Licenciatura em Pedagogia (Lipead/Unirio) e havia sido precedida por um encontro anterior, envolvendo diretamente na decisão cerca de 100 professores-tutores.
De acordo com Carolina Emília, diretora provisória da recém-criada Associação dos Docentes e Profissionais do Ensino a Distância do Rio de Janeiro (Adopead/RJ Seção Sindical do ANDES-SN), a situação está “insustentável”. “Os professores-tutores não recebem as bolsas desde novembro e não recebem nem o dinheiro para poder ir aos polos, para os encontros presenciais que fazem parte dos cursos. Não há estrutura mínima pra fazer o encontro com os alunos. O docente se depara, por exemplo, com uma situação em que se encontra com o estudante em cadeiras de jardim da infância e computadores sem funcionamento”, explica. Carolina afirma que serão feitos plantões via plataforma e tutoria no período. “Os alunos não deixarão de ser assistidos”, completa.
Segundo Leonardo Villela, coordenador do Lipead, “é muito cruel a situação de precarização a que estão sendo sujeitados os professores da EAD e o sistema de bolsas funciona como um mecanismo no qual, por meio da falta de garantia dos direitos trabalhistas, se você paralisa as atividades porque não está recebendo por elas você corre um risco maior de sofrer uma retaliação”.
Depois da reunião foi feito contato com a Assembleia Legislativa (Alerj) e já foi encaminhado um pedido de audiência pública. A Comissão de Educação já está ciente, e já foram realizadas três audiências anteriormente. Carolina considera que os deputados estão solidários à situação, “mas até agora nada andou”.
Organização sindical
A Associação dos Docentes e Profissionais do Ensino a Distância do Rio de Janeiro (Adopead/RJ SSind) foi homologada como sessão sindical do ANDES-SN no 35º Congresso do Sindicato Nacional realizado na última semana (25 a 30 de janeiro). Dois professores-tutores participaram ativamente da programação. Está previsto para este ano a realização pelo ANDES-SN de um seminário sobre a situação dos trabalhadores e trabalhadoras da Educação a Distância ainda sem data definida.
Os tutores, que fazem parte da nova seção sindical, trabalham nos 32 diferentes polos do estado do Rio de Janeiro, que contemplam diversas universidades e institutos federais e estaduais, como Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet/Rj), Instituto Federal Fluminense (IFF), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf).
A Congregação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) reuniu-se em 22 de janeiro e decidiu, por unanimidade, suspender o início do semestre letivo para o quinto e o sexto anos do curso de Medicina (o que deveria ter ocorrido na última semana). A deliberação se deve ao fechamento recente de leitos do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). Nesta etapa do curso, os estudantes passam pelo internato, quando 90% da carga horária é prática e realizada dentro do HU. Cerca de 300 estudantes foram atingidos pela medida.
Medicina da UFRJ suspende início letivo para alunos do internato
A Congregação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) reuniu-se em 22 de janeiro e decidiu, por unanimidade, suspender o início do semestre letivo para o quinto e o sexto anos do curso de Medicina (o que deveria ter ocorrido na última semana). A deliberação se deve ao fechamento recente de leitos do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). Nesta etapa do curso, os estudantes passam pelo internato, quando 90% da carga horária é prática e realizada dentro do HU. Cerca de 300 estudantes foram atingidos pela medida.
De acordo com o diretor da faculdade, professor Roberto Medronho, são necessários, no mínimo, 450 leitos para um ensino de Medicina de excelência. “Depois de uma reforma curricular prevista para o ano que vem, precisaremos de 600 leitos”, declarou.
Em 2015, o HUCFF chegou a operar com 250 leitos, mas teve de reduzir suas atividades no fim do ano por falta de financiamento e de pessoal. Para Medronho, os então 160 leitos tornavam “inviável” e “impossível” o ensino da prática médica. “O hospital é fundamental para o ensino de clínica médica e da cirurgia, duas grandes áreas da Medicina. Um médico não pode ser formado sem este treinamento”, disse. Uma comissão foi constituída na Congregação da Unidade para avaliar a situação do hospital e poderá decidir, a qualquer tempo, pela retomada do semestre letivo, caso o HU consiga aumentar e manter o número de leitos acima de 200.
Fonte e foto: ANDES-SN
Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm)
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