Especialistas alertam para risco de onda de Covid com nova variante SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 29/07/21 19h08m
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Baixo percentual de vacinação é visto como principal ponto negativo para situação brasileira

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Além da variante delta, que se espalha pelo Brasil, pesquisadores temem que surjam novas variantes

Os dados nacionais mostram que até quarta, 28 de julho, cerca de 46% da população brasileira já havia recebido ao menos uma dose de vacina contra o novo coronavírus. Os que podem ser considerados imunizados, ou seja, que receberam as duas doses da vacina, ou a dose única, alcançavam 18% da população. Esse percentual, dos que já tomaram as doses necessárias para a imunização contra a Covid, ainda muito baixo, é o calcanhar de Aquiles da realidade brasileira.

Os exemplos que vêm de outros países, como é o caso da Inglaterra, apontam que, mesmo com alto índice de imunização, o fato de haver um percentual significativo de pessoas não imunizadas, representa um espaço importante para o surgimento de novas variantes, mais transmissíveis e mais resistentes, como é o caso da ‘delta’, detectada, inicialmente, na India, mas que é responsável por 99% dos casos, atualmente, em território britânico, e que já foi detectada em estados brasileiros, inclusive, no RS.

Qual o risco de a variante delta se espalhar por todo o Brasil e, diante do baixo número de imunizados, tornar-se um problema grave para a população e para o sistema de saúde? Ouvimos três especialistas sobre o assunto: a professora e epidemiologista da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Lucia Pellanda; o cientista de dados e coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt; e o epidemiologista e professor da UFSM, Marcos Lobato. Um dos consensos entre os três é que há, sim, um risco muito grande, de a nova variante se espalhar pelo território nacional e causar efeitos bastante negativos.

Transmissão descontrolada

Lucia Pellanda comenta que a experiência que se tem, de países que não estão com a vacinação avançada, é de que a variante se espalhou rapidamente. “Aumentou muito o número de casos e mais adiante isso leva a mais hospitalizações”, frisa.  Ela diz também que, no atual momento, há um efeito muito bom da vacina, que reduz muito o risco de hospitalização e morte.

Entretanto, Lucia alerta que “quando a transmissão está descontrolada, o risco não é zero. Então, mesmo as pessoas vacinadas, precisam continuar se cuidando. Já as pessoas não vacinadas correm um risco ainda maior do que elas já correram em toda a pandemia, por que essa variante é mais transmissível e tem um número menor de pessoas que o vírus pode atingir. “Nos lugares onde a vacinação já avançou, a epidemia tem se transformado em uma epidemia de não vacinados”, ressalta a epidemiologista.

Gráfico acima: Russia, país com aproximadamente 15% da população vacinada com duas doses, e que teve um aumento forte de óbitos, além de casos, devido à variante Delta.

Para médico e professor da UFSM, Marcos Lobato, ao se levar em conta que o “Brasil adota a vacinação, praticamente como única forma se combate a pandemia, quando se considera o relaxamento das outras medidas de controle, sim, a variante delta é uma ameaça importante à saúde pública e pode causar uma nova onda na pandemia”.

Isaac Schrarstzhaup, cientista de dados, avalia que o risco da variante se espalhar é de “moderado para alto”. Isso, porque, segundo ele, “ainda temos hospitalizações acima dos números de 2020”. Segundo ele, a alta hospitalar não cai de forma exponencial como os surtos da Covid-19, que crescem exponencialmente. O cientista do RS destaca que vários países com taxa de vacinados com duas doses, semelhantes à do Brasil, terem “aumentos de óbitos” com a nova onda da variante delta. Além disso, alerta ele, “ainda não sabemos qual será o tipo de interação dessa variante com os infectados pela variante Gamma (P.1)”. Diante disso, Isaac recomenta “cautela”.

Flexibilizar amplamente as medidas de isolamento?

Marcos Lobato se diz favorável às medidas de isolamento amplas que estão ocorrendo em vários estados, em função da queda de mortos, de hospitalizações, e também no número de casos. Ele baseia muito a sua opinião no fato de que o “governo federal deu pouco apoio para as pessoas ficarem em casa e não temos uma coordenação nacional para controle da pandemia, o que acarreta imensas dificuldades para manterem-se as medidas de distanciamento”. 

O médico cita que, em outros países, onde existem “governos mais responsáveis pelo controle da pandemia, guiados pelos indicadores epidemiológicos, (eles) organizaram momentos de abertura ou de restrição de atividades”. Lobato complementa avaliando que “o problema (flexibilização ampla) será enfrentar a resistência no momento de restringir novamente, o que, infelizmente, tem boa possibilidade de ocorrer com a chegada da variante delta”.

A professora Lucia Pellanda entende que não é hora de flexibilização e explica os motivos. “Quando a gente olha só para as internações, a gente fica feliz que estejam diminuindo. Mas, quando a gente olha só para isso, a gente deixa de olhar para a transmissão. E para interromper a pandemia, a gente precisa interromper a transmissão do vírus. Enquanto a transmissão estiver descontrolada, a gente sempre terá o risco de desenvolver uma nova variante”, explica ela.

Para Lucia (foto abaixo), duas coisas precisam ser feitas: vacinar para diminuir a pressão sobre o sistema de saúde, o que, de certa forma, vem acontecendo; e manter os cuidados, que são o uso de máscara, distanciamento social, ventilação, como forma de interromper a transmissão da doença. Ela destaca que “quando a gente flexibiliza de forma muito precoce, deixa de usar máscara, promove aglomeração, começa a transmissão (do vírus) de novo e corremos o risco de que surja uma nova variante”. E acrescenta: “não é o momento de flexibilizar, é um momento de bastante cuidado”.

Na opinião de Isaac Schrarstzhaup, cientista de dados, ainda não é o momento de uma flexibilização das medidas de isolamento de forma tão drástica. “Não temos ainda total garantia de que a variante delta, somada com a nossa mobilidade já em alta, possa causar uma onda”, explica ele.

Nesse momento, complementa, “prefiro ir pelo princípio da precaução, que fala que quando temos um risco em potencial pela frente e não temos garantia se ele irá ou não ocorrer, precisamos nos preparar como se fosse acontecer”. Na ótica de Isaac, “se a gente continuar flexibilizando, fazendo eventos-teste e tivermos mais uma onda forte de Covid-19, teremos impactos graves (novamente) na saúde pública e na economia”.

Quando teremos uma imunização segura?

Isaac Schrarstzhaup (abaixo) acredita que essa segurança só virá quando o Brasil tiver, no mínimo, 80% da população total, não apenas a vacinável, imunizada com duas doses. Para o cientista de dados, é neste momento (com 80% da população imunizada) que se alcançará uma cobertura vacinal que ajudará a que se tenha efetivamente “segurança em nossas atividades, sem a possibilidade de (mais) mortes evitáveis”.

Na perspectiva do epidemiologista Marcos Lobato, o que instituições nacionais e internacionais previam (Fiocruz, OMS) era que teríamos uma proteção adequada da população quando chegássemos a 70% de cobertura vacinal. No entanto, pondera ele, isso foi estimado quando tínhamos um vírus sendo transmitido de uma para cada duas ou três pessoas. “Com a chegada das novas variantes mais transmissíveis - a delta é aproximadamente 40% mais transmissível, ou seja, é transmitida de uma pessoa infectada para outras 4 a 5 pessoas-, esse percentual de vacinados têm de aumentar, possivelmente para mais de 80% da população”, frisa Lobato.

Lucia Pellanda vê essa questão com uma dose mediana de otimismo. “Acredito que estamos mais perto da luz no fim do túnel. Porém, precisamos aprender a lição de que é uma estratégia é coletiva”, destaca ela. E complementa: “Se a gente não aprender essa lição e continuarmos pensando por si, tanto em termos de políticas públicas, como em termos globais, ou mesmo de comportamentos individuais, a gente vai continuar com a circulação do vírus, e isso vai se perpetuar infinitamente”.

 

Texto e entrevista: Fritz R. Nunes
Imagens: EBC; UFCSPA; YouTube e Arquivo/Sedufsm
Assessoria de imprensa da Sedufsm

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