Estudo da Fiocruz indica que pandemia pode voltar a acelerar
Publicada em
05/08/21
Atualizada em
05/08/21 17h21m
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Variante Delta, que está estressando autoridades de países como a China, é risco para o Brasil

O Boletim InfoGripe da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz), divulgado na última quarta, 4 de agosto, aponta para uma possível reversão na tendência de queda no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil. A pesquisa registrou sinal de queda na tendência de longo prazo, ou seja, em relação às últimas seis semanas, mas, quanto às últimas três semanas, os dados indicam sinal moderado de crescimento.
O número de óbitos continua a cair. Apenas Acre, Mato Grosso do Sul e Pará apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo, com destaque para o Acre, único estado que registrou sinal forte de crescimento. No que se refere aos demais estados, há sinais de estabilidade nas tendências de longo e curto prazo detectados no Amazonas, Amapá, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro e Rondônia.
Conforme os indicadores de transmissão comunitária, todos os estados apresentam ao menos uma macrorregião de saúde com nível de transmissão alto ou superior, exceto Roraima. Por mais que os sinais de tendência sejam, em sua maioria, positivos, com poucos estados indicando sinais de crescimento, os valores semanais ainda são elevados. O Boletim destaca a necessidade de manutenção de medidas de controle de transmissão.
A principal preocupação em relação ao aumento da transmissão do vírus é a nova variante, a chamada Delta, originária da Índia, que é já detectada em boa parte das regiões brasileiras, inclusive no RS. Em terras gaúchas, a variante já é responsável por 15% das amostras sequenciadas pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) na última semana.
Delta X Gamma
A detecção e o crescimento da Delta no RS não surpreendem Alexandre Zavascki, infectologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Em depoimento ao portal ‘Sul 21’, ele avalia que o Brasil tinha uma única chance de ser diferente dos outros países, que era representada pela variante Gamma (surgida em Manaus e inicialmente denominada P.1), por já ser essa uma variante altamente transmissível, o que poderia dificultar o avanço da delta. Nos outros lugares do mundo em que a variante identificada pela primeira vez na Índia chegou, em nenhum deles a Gamma se tornou predominante.
Zavascki diz que “quando ela chegou no Brasil, encontrou um ‘competidor’ muito qualificado, uma variante já bem transmissível. Mas, aparentemente, ela (delta) está também conseguindo se impor de uma maneira rápida, não tão rápida quanto talvez em outros países. Então, a nossa única chance de não repetir o que aconteceu no exterior, aparentemente não está se confirmando, que seria não conseguir superar a Gamma. Os dados iniciais indicam que sim, ela está conseguindo e possivelmente vai superar a Gamma”, explica o professor.
Preocupação X despreocupação
Rodrigo Zeidan, professor da Universidade de Shangai, também colunista da Folha de São Paulo, alertou, através de seu twitter, que a variante Delta está colocando a China toda em alerta. “Milhões estão sendo testados. Centenas de voos cancelados. Todo mundo de máscara e total rastreamento de contatos com quem teve casos. Isso porque foram detectados 70 novos casos”, afirma o docente brasileiro da área de economia e finanças.
Para a professora, farmacêutica, mestre em Imunologia e doutora em Biociências e Fisiopatologia, Leticia Sarturi, “a variante Delta é uma preocupação para o mundo, exceto para o Brasil”. Disse ela em seu perfil no twitter: “Brasil segue o seu próprio padrão de enfrentamento, descompassado com o resto do mundo. O resultado sabemos e ignorar o avanço da variante Delta não vai fazer o resultado ser diferente”.
Texto: Fritz R. Nunes com informações da Fiocruz, Sul 21 e Twitter
Imagens: Fiocruz e EBC
Assessoria de imprensa da Sedufsm
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