Projeto da UFSM auxilia no combate à insegurança alimentar SVG: calendario Publicada em 27/05/22
SVG: atualizacao Atualizada em 29/05/22 10h36m
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Brasil enfrenta problemas com a má alimentação, o que acaba levando ao adoecimento da população

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Primeiras reuniões envolvendo UFSM, governos federal e estadual, ainda se deram em formato remoto

Dados do Ministério da Saúde apontam que a má alimentação lidera o ranking dos fatores de risco relacionados à carga global de doenças no mundo. Quando se leva em conta as chamadas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como por exemplo, hipertensão, diabetes, bronquite, asma, outras doenças pulmonares e cardiovasculares, constata-se no Brasil, que elas são responsáveis por 74% das mortes prematuras. E, a elevada prevalência de obesidade é fator de risco para o desenvolvimento das DNCT.

Especificamente no Rio Grande do Sul, conforme explica a professora do curso de Nutrição da UFSM, Vanessa Kirsten, os registros dos órgãos públicos mostram que 71,9% das pessoas que acessaram o Sistema Único de Saúde (SUS) e foram registradas, apresentaram problema de obesidade. Contudo, o excesso de peso não é o único problema que precisa ser verificado, com a ampliação de dados junto à população. A desnutrição, um dos efeitos importantes da pandemia, agravada pela crise econômica e social pela qual o país atravessa, também requer muita atenção.

É justamente para qualificar os dados relacionados a essas questões que está em desenvolvimento o projeto que criou o “Observatório de Vigilância Alimentar e Nutricional (Ovan)”. O pressuposto da proposta é qualificar as políticas públicas de saúde, alimentação e nutrição dos municípios do Rio Grande do Sul e reúne na ponta, a UFSM, juntamente com Secretaria Estadual de Saúde (SES), Ministério da Saúde, tendo ainda a colaboração de docentes da Unipampa, UPF e Unijuí. Esse projeto é a terceira publicação da assessoria de imprensa da Sedufsm, relacionando a importância da UFSM no contexto de Santa Maria e da região. As duas publicações anteriores você pode conferir aqui e aqui.

Vanessa Kirsten, professora da UFSM no departamento de Alimentos e Nutrição e que atua também dos programas de Pós-Graduação em Gerontologia (campus sede) e Saúde e Ruralidade (campus Palmeira das Missões), é a coordenadora do projeto do Ovan. Ela explica que vigilância alimentar e nutricional faz parte de uma das diretrizes da política nacional de alimentação e nutrição.

Em termos práticos, destaca Vanessa (abaixo), a vigilância consiste no monitoramento do estado nutricional e do consumo alimentar da população brasileira, principalmente aquela que está vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja,  aquela parcela da população que vai ao posto de saúde e essa unidade se responsabiliza pela coleta dos dados, por exemplo, das crianças, dos adolescentes das escolas, ou mesmo de qualquer outro usuário/a.

Assim, considera-se que o principal objetivo da vigilância é fazer com que os profissionais do SUS coletem informações do estado nutricional dos usuários (as), tais como peso, altura, o consumo alimentar, e registrem nos sistemas de informações governamentais. “Esses dados são importantes para a gente ter o diagnóstico do estado nutricional da população e, assim, os municípios, os territórios, poderem organizar políticas específicas de acordo com a realidade nutricional”, complementa a pesquisadora.

A criação do Ovan

O projeto de criação do Observatório de Vigilância Alimentar e Nutricional (Ovan) foi aprovado em agosto de 2020 junto ao departamento de Tecnologia e Inovação (Decit) do Ministério da Saúde, ao CNPq e à Fapergs. Conforme Vanessa Kirsten, a proposta objetiva alcançar várias demandas, sendo uma delas a de aumentar as informações nos registros governamentais a respeito dos temas vinculados à segurança alimentar e nutricional.

Conforme a docente, a literatura existente aponta que os (as) profissionais de saúde ainda têm muitas barreiras para conseguir fazer o levantamento desse tipo de dado, bem como para conseguir utilizar de maneira adequada (qualificada) essas informações. Portanto, frisa, o projeto tem como um dos seus intuitos auxiliar e capacitar os (as) profissionais de saúde para esse tipo de trabalho.

E o papel do Ovan não é apenas levantar dados, mas também interpretar os que estão disponíveis nos sistemas de informações de estados e municípios. Vanessa cita algumas perguntas que poderão ser investigadas: como está o estado nutricional da população de um determinado município? Como está o registro dessas informações?

Sobre a capacitação, de que forma ela pode ser feita? Vanessa acrescenta que desde as mais simples como o processo de realizar a pesagem e medição das pessoas, até as mais complexas como fazer a interpretação dos dados para que se consiga diagnosticar o estado nutricional dos (as) usuários (as), ou mesmo capacitar os (as) profissionais no que se refere a financiamentos pelo SUS, para que assim possam articular a vigilância nos municípios; ou até mesmo capacitar na forma como as prefeituras possam vir a comprar equipamentos para esse tipo de trabalho, além de qualificação para a implementação de políticas públicas.

Interesse do Estado

Maísa Beltrame Pedroso (foto abaixo), nutricionista, é especialista em saúde na Política de Alimentação e Nutrição da Secretaria Estadual de Saúde-RS, e também docente e preceptora do curso de Residência Multiprofissional em Gestão da Saúde (SES-RS). Ela comenta que o projeto do Observatório surgiu a partir de uma demanda da secretaria de saúde do governo gaúcho.

Segundo ela, foi detectado que há uma gama grande de profissionais que atuam em atividades de nutrição nos municípios, e que seria preciso capacitá-los, tendo em vista que há uma percepção de que tem havido uma redução do número de indivíduos avaliados em relação às questões alimentar e nutricional.

A nutricionista comenta também que é observado em termos mundiais, inclusive no Brasil e no RS, o aumento significativo da população com excesso de peso. Além disso, explica Maísa, o contexto atual, com uma série de fatores gerando insegurança alimentar, levou a se concluir sobre a necessidade de capacitar profissionais de saúde para enfrentar a situação que está posta.

Para atender a demanda de efetuar a vigilância em 497 municípios do estado, frisa a docente e pesquisadora, sentiu-se a necessidade de estabelecer parcerias. “Surgiu então essa proposta dessa parceria junto com a UFSM, de aproximação da gestão estadual com a universidade e os municípios”, sublinha Maísa, enfatizando o pioneirismo da proposta, não apenas em termos de RS, mas de Brasil. “Num primeiro momento vem para capacitar os/as profissionais de saúde para realizar a avaliação nutricional e posteriormente para construção de ações coletivas que atendam a necessidade da população”, conclui.

Algumas conclusões

Em que pese o projeto ter sido efetivado em agosto de 2020, algumas avaliações já foram feitas, com algumas conclusões preliminares. Vanessa Kirsten, coordenadora do projeto Ovan, destaca que “nas nossas pesquisas sobre a operacionalização da Vigilância Alimentar e Nutricional observamos que o foco de coleta de dados e ações de nutrição é maior em crianças e menor da atuação em idosos”.

Ainda segundo as informações levantadas, na maior parte dos municípios gaúchos não houve capacitação sobre coleta e análise dos dados nos últimos anos e, a cobertura dos dados do estado nutricional e do consumo alimentar em idosos, é muito baixa. Conforme a pesquisadora, isso demonstra uma “baixa organização da atenção nutricional nas unidades de saúde para este público”.

Questionada sobre os motivos pelos quais as informações sobre idosos seriam menores que em relação a outros segmentos populacionais, Vanessa explica que “de todas as populações e faixas etárias que frequentam postos de saúde, unidades básicas, estratégias de saúde da família, verificou-se que os (as) idosos (as) fazem parte desse segmento populacional que possuem menos registros (informações)” muito em função de que “não são prioridade em programas e políticas públicas que necessitam desses registros”. Essas informações são registradas com mais frequência para o público materno infantil, complementa.

Dados da situação alimentar e nutricional de idosos na região sul mostram maioria com sobrepeso

Mais informações

Os (as) interessados (as) podem acessar mais informações sobre o Observatório de Vigilância Alimentar e Nutricional em:

Site: www.ufsm.br/ovan

Instagram: ovan_observatorio

Youtube: Observatório de Vigilância Alimentar e Nutricional.

Vanessa Kirsten é a coordenadora do projeto, tendo ainda a colaboração de outros (as) docentes da UFSM - Greisse Viero da Silva Leal, Adriane Cervi Blümke, Diarielli Resta Fontana e Cristiane Cardoso de Paula. Outras instituições também participam, tais como a UPF, a Unipampa. No momento, conforme Vanessa, trabalham no projeto três alunas mestrandas e cinco bolsistas da graduação.

Acompanhe abaixo, em anexo, o Atlas da situação alimentar e nutricional do Brasil.

 

Texto: Fritz R. Nunes
Fotos: Arquivo pessoal
Assessoria de imprensa da Sedufsm

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- Situação alimentar da população idosa. Fonte: Ministério da Saúde

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