“Casa Verônica” acolherá pessoas vítimas de violência de gênero dentro da UFSM SVG: calendario Publicada em 30/06/22
SVG: atualizacao Atualizada em 30/06/22 17h20m
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Espaço deve começar a funcionar em, no máximo, dois meses

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Casa Verônica foi apresentada nesta segunda-feira, 27 de junho, à comunidade

Em aproximadamente dois meses, o campus sede da UFSM deve ter um espaço reservado para a acolhida e atendimento a pessoas que estejam passando por situações de violência de gênero dentro da instituição. Localizada na sala 204, nos fundos da Biblioteca Central da UFSM, a Casa deve contar, em seu início, com uma equipe composta por uma servidora responsável pela administração do espaço, uma psicóloga, uma advogada e uma assistente social. Tais profissionais devem ter experiência e afinidade no tratamento de questões de gênero e suas interseccionalidades. 

Quem explicou esses detalhes à Assessoria de Imprensa da Sedufsm foi Bruna Denkin, servidora técnico-administrativa em educação da UFSM e atualmente administradora da Casa Verônica. As ações a serem desenvolvidas pela Casa serão norteadas por três eixos, explica Bruna: Eixo 1 - Promoção da Igualdade de Gênero; Eixo 2 - Enfrentamento e Responsabilização em Casos de Violência; e Eixo 3 - Assistência. 

Tais eixos também são os definidos pela Política de Igualdade de Gênero, aprovada pelos conselhos superiores da UFSM em outubro do ano passado, e da qual derivou a concepção da Casa Verônica. Cabe destacar que o nome dado ao espaço multiprofissional remete à Verônica Oliveira, a "Mãe Loira", assassinada em 12 de janeiro de 2019, em Santa Maria. Verônica era responsável por uma casa que acolhia pessoas LGBTQIA+ vítimas de preconceito e violência em suas famílias.

Além de amparar pessoas em situação de violência, a Casa também será destinada a atender pessoas que estejam em situação de vulnerabilidade social devido, justamente, à estrutura de gênero. Exemplo citado por Bruna é o das mães estudantes. Ainda que não enfrentem necessariamente uma violência concreta, tais mulheres podem, em virtude de sua maternidade, experimentar dificuldades em suas vidas pessoais, financeiras e acadêmicas – visto que a estrutura da produção científica ainda é pensada para homens e pessoas que não engravidam.

“Tanto a Política quanto a Casa destinam-se à promoção de igualdade de gênero, combate e enfrentamento à violência de gênero no âmbito da UFSM. É uma política para promover uma mudança cultural na instituição. Quando falamos em gênero, nos referimos de forma ampla e articulada com as questões de raça/etnia, classe, orientação sexual e identidade de gênero. Assim, as ações pensadas pela Política e desenvolvidas pela Casa devem contemplar as demandas e singularidades dos diferentes públicos que sofrem com as desigualdades e com a violência, em especial mulheres e pessoas LGBTQIA”, argumenta a administradora da Casa Verônica.

Tarefa pedagógica

A Casa Verônica, sendo um serviço construído e proposto pelo Comitê de Igualdade de Gênero, também tem, para além do atendimento propriamente dito às pessoas vítimas de violência ou de vulnerabilidade, a tarefa pedagógica de levar o debate sobre combate às opressões para diversos espaços da universidade.

E é no Eixo 1 (Promoção da Igualdade de Gênero) que tais ideias estão inclusas, derivando em atividades de cunho educativo, artístico e cultural. Gratuitas e de fácil acesso a todo o público, tais atividades são divulgadas no site e redes sociais da UFSM, sendo geralmente abertas a pessoas das comunidades interna (universitária) e externa (comunidade em geral).

Até mesmo porque este é um eixo que conversa muito com o propósito da universidade - a educação, então é importante que essas atividades possam contemplar a comunidade externa. E para além das ações que serão desenvolvidas pela Casa Verônica, é importante ressaltar que, mesmo antes da Política, nós temos muitas ações em desenvolvimento por docentes e estudantes na instituição, que tratam da temática de gênero e são estendidas à comunidade externa, por meio de projetos e programas de extensão. Temos, por exemplo, o Fórum de Enfrentamento a Violência contra a Mulher de Santa Maria, que é um programa de extensão da UFSM coordenado pela professora Laura Cortez e articula diferentes setores e serviços da cidade”, exemplificou Bruna.

A Política é uma construção coletiva

A Casa Verônica só será possível de ser inaugurada porque, há anos, meninas e mulheres vêm se doando a promover, na instituição e na cidade como um todo, debates, manifestações e propostas políticas cujos objetivos sejam dirimir – até acabar por completo – com as violências e assimetrias de gênero. Bruna lembra que foram mais de cinco anos de trabalho, luta e resistência até que a Política de Igualdade de Gênero fosse aprovada pelos Conselhos Superiores.

Embora não tenha acompanhado a formulação da Política desde seu início, a administradora da Casa Verônica destaca o cuidado e o empenho das pessoas envolvidas para levarem tais discussões adiante, levantando demandas advindas das comunidades de todos os campi da UFSM e garantindo que a longa caminhada por igualdade de gênero na instituição tivesse, na institucionalização da Política, seu ponto alto.

“Como mulher e feminista é uma emoção muito grande, um privilégio e, ao mesmo tempo, um desafio poder participar dessa nova fase que se inicia agora, de colocar em prática a Política. Porque a Política está aí, o documento existe, mas agora temos um grande trabalho pela frente para colocar em prática. [...] Assim como a Política foi construída de forma democrática e coletiva, ela só será implementada e efetivada se houver participação e envolvimento da comunidade acadêmica. Então nosso trabalho, da Casa Verônica, do Comitê é de impulsionar, incentivar e criar condições para que a Política seja efetivamente desenvolvida na comunidade, para que as pessoas possam se apropriar dela. Pois a mudança cultural só vai ocorrer se todes estivermos envolvidos nesse processo”, assegura Bruna.

Cortes orçamentários também impactam Casa Verônica

Como já mencionado inicialmente, a ideia é que a Casa tenha uma equipe multiprofissional composta por mulheres de diferentes áreas. Ocorre que os sucessivos – e cada vez mais auteros – cortes decretados pelo governo federal no orçamento das universidades e institutos federais impacta, também, nas condições concretas de efetivação das políticas de igualdade de gênero e enfrentamento à violência.

Bruna destaca que, frente ao cenário de cortes, só vem sendo possível colocar em prática algumas ações relativas à Política de Gênero devido ao apoio da deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS), que destinou emenda parlamentar para a implantação da Casa Verônica. “É com esse recurso que vamos conseguir mobiliar o espaço e contratar profissionais”, diz a administradora da Casa.

Além disso, Bruna destaca que o espaço da Casa Verônica ficará disponível para docentes, servidores técnico-administrativos em educação e estudantes que integrem coletivos, ações de extensão e grupos de pesquisa cujos focos sejam as questões de gênero.

“Como citado anteriormente, a Política foi feita por muitas mãos e queremos que a Casa seja “habitada” por muitas pessoas, ações e atividades que contribuam para a promoção da igualdade de gênero, o respeito às diferenças e que também seja um espaço de encontros, trocas e, mais importante, de fortalecimento e resistência”, conclui a servidora.

Quem quiser entender mais sobre a batalha de mulheres pela aprovação da Política de Igualdade de Gênero na UFSM pode ler a matéria “Mobilização permanente de mulheres garantiu aprovação da Política de Gênero pela UFSM”, na qual as professoras Laura Fonseca, do departamento de Serviço Social, e Maria Celeste Landerdahl, aposentada do departamento de Enfermagem, resgatam um pouco dessa história.

Memorial

O nome "Casa Verônica" é proveniente de uma votação online, na qual o nome de 'Verônica" recebeu 40% dos votos. Agora, a ideia é confeccionar, no espaço destinado à Casa, um memorial fotográfico para resgatar a trajetória e manter viva a memória e a luta da "Mãe Loira". Quem possuir imagens representativas de Verônica pode enviá-las para o e-mail casaveronica.pre@ufsm.br ou fazer contato pelo WhatsApp (55) 99159-8978.

 

Texto: Bruna Homrich

Imagens: UFSM

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

 

 

 

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