Os valores da ancestralidade africana no Theatro 13 de Maio
Publicada em
18/08/23
Atualizada em
18/08/23 11h29m
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Apresentação na próxima sexta, 25 de maio, em duas sessões à tarde, tem como público alvo as e os estudantes

Nesta sexta, o espaço da dica cultural traz como sugestão a peça “Contos de Ananse”, que será exibida no Theatro 13 de Maio na próxima sexta, dia 25, em duas sessões no turno da tarde (14h e 15h30). A encenação é destinada a estudantes de escolas, tem classificação livre e não há cobrança de ingresso. Entretanto, esclarece a produção, há necessidade de que a escola se cadastre para conseguir levar as e os estudantes.
Resumidamente, a peça tem Itã, Orin, Oriki e Ijó, que são quatro contadores de histórias que percorrem o mundo compartilhando lendas ancestrais da África através da palavra, do canto, da música e da dança. A primeira lenda: “Ananse – o primeiro contador de histórias” conta como Ananse, um homem-aranha, libertou histórias de um baú mágico, espalhando todas pelo mundo. A segunda, “Quando os Ibejis venceram Iku, a morte”, mostra como duas crianças gêmeas receberam a tarefa de livrar sua aldeia da morte, e fizeram isso com música.
O espetáculo Contos de Ananse faz parte do projeto Lendas Africanas nas Escolas, criado em 2018 pelas produtoras Laboratório K e Casa das Artes. O diretor Marcos Caye Lara conta que desde 2011 pesquisa cultura afro-brasileira, trazendo referências que compõem seus espetáculos. Com o Lendas, o foco foi contemplar a Lei 10.639/03 que tornou obrigatório o Ensino da Cultura e História Africana e Afro-Brasileira em escolas públicas e particulares, conhecida Educação das Relações Étnico-Raciais, a ERER, contemplando, assim, o público infantil.
A primeira peça do projeto foi uma contação de história chamada “Ananse – o primeiro contador de histórias”, com direção e atuação de Marcos Caye Lara e Karina Maia Dick. Esta contação é a precursora da ideia do projeto Contos de Ananse, pois é uma fábula muito acolhida pelas crianças.
Processo artístico da montagem: um mergulho na cultura afro-brasileira
Em 2022, o projeto Contos de Ananse, de montagem e circulação, foi contemplado através do Edital da Secretaria do Estado da Cultura (SEDAC): FAC das Artes de Espetáculo pela produtora Casa das Artes de Santa Maria. O primeiro passo foi realizar uma intensa pesquisa cultural sobre as lendas africanas.
A concepção do espetáculo, assumida pelo diretor Marcos Caye Lara, remete aos diversos contadores de histórias presentes nas culturas orais africanas. Assim nascem os personagens: Itã, que se expressa pela palavra Orin; pela musicalidade, através do instrumento Oriki, através do canto; e Ijó, que conta histórias através da dança.
O espetáculo é inspirado numa cena ancestral: um povo de uma aldeia em torno de uma fogueira, reunido embaixo de uma árvore, o Baobá; em posição central, uma anciã conta histórias, partilha conhecimentos e tradições, seleciona memórias e assim constrói uma identidade. As histórias escolhidas são “Ananse – o primeiro contador de histórias”, oriunda do povo Ashanti e “Quando os Ibejis venceram Iku, a morte” de origem Yorubá.
Os elementos que compõem o espetáculo como a sonoridade, figurinos, as lendas, os cenários, trazem representações e identificações com a herança africana. As músicas, por exemplo, foram compostas pela equipe contemplando diversos ritmos bem brasileiros, tais como: rezas de Orixás (pontuando o aspecto religioso da nossa herança cultural), Samba, Funk, Hip Hop, Carimbó, e nossa música gaúcha.
Outros símbolos importantes da pesquisa cultural que constituem os elementos criativos da cena são os Adinkras, que são grafismos oriundos do povo Ashanti, de Gana. Cada um deles tem um conceito especial. Por exemplo: Nyame-dua – a árvore de deus, símbolo da presença e proteção divina, usada parar marcar lugares sagrados, e este está representado pelo cenário, em um imenso Baobá.
A estilização do cenário é composta pelos Adinkras, tais como Ananse-Ntotan – a teia da aranha – símbolo da sabedoria, criatividade, engenho e complexidade da vida, Ananse é também o mensageiro do ser supremo. Ele é dono de todas as histórias, por vezes é chamado de malandro, devido às suas artimanhas para conquistar seus objetivos.
Uma das mais importantes, a Sankofa, é um símbolo que representa a lembrança da história afro-americana e afro-brasileira, por ela recordamos os erros do passado para que eles não sejam cometidos novamente no futuro. Isto é, representa o retorno ao passado para que seja possível adquirir conhecimento e sabedoria. Em certos momentos, este símbolo é associado à Consciência Negra.
Ficha Técnica:
Concepção, Direção: Marcos Caye Lara
Elenco: Bruno Schultz; Filipe Maramba, Gelton Quadros, Thayná Máximo
Figurinista: Bruno Rodrigues
Cenografia: Marcos Caye Lara e Rusha Silva
Bonecos: Katia Bohrer – Costura Criativa
Elementos de cena: Marcos Caye Lara, Karina Maia Dick
Composição musical: Bruno Schultz, Filipe Maramba, Gelton Quadros, Karina Maia Dick, Thayná Máximo, Marcos Caye Lara
Direção Musical: Bruno Schultz, Gelton Quadros
Dramaturgia: Marcos Caye Lara, Bruno Schultz, Filipe Maramba, Gelton Quadros, Karina Maia Dick, Thayná Máximo.
Direção de elenco: Karina Maia Dick
Produção: Marcos Caye Lara (Casa das Artes)
Iluminador: Rafael Jacinto
Assessoria de Comunicação: Laboratório K
Designer Gráfico: Silvia Andrade (Partícula)
Assistente de Produção: Karina Maia Dick (Laboratório K), Tatiana Barrios Vinadé
Pesquisa cultural: Tatiana Vinadé, Karina Maia Dick, Marcos Caye Lara
Financiamento: Pró-Cultura/RS e SEDAC
Apoios culturais: Associação Brique da Vila Belga e Ong Nossa Vida Sua Vida.
Mais informações diretamente no Theatro: (55) 3028-6245 ou 3028-0909, somente no turno da tarde.
Texto: Fritz R. Nunes com informações da produção do evento
Fotos: Divulgação do evento
Assessoria de imprensa da Sedufsm
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