Palestrantes pedem um olhar humanista para o conflito entre Israel e Palestina SVG: calendario Publicada em 09/11/23
SVG: atualizacao Atualizada em 09/11/23 18h58m
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Evento organizado pela Sedufsm, que ocorreu na noite de quarta, dia 8, teve a participação de Pietro Nardella-Dellova e Thiago Ávila

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Auditório da Sedufsm ficou lotado para acompanhar o debate

O conflito entre Israel e Palestina foi analisado na noite desta quarta, 8, no Auditório Suze Scalcon da Sedufsm. Os convidados para o evento foram o professor universitário Pietro Nardella-Dellova e Thiago Ávila, socioambientalista e comunicador do Canal ‘Bem Vivendo’, que, tomados pela emoção em diversos momentos, criticaram a postura do estado israelense, que bombardeia a civis em Gaza e não aceita uma pausa humanitária. Para ambos, a solução do conflito passa por um viés humanista, que exija o fim da matança de civis e que reconheça a existência de um estado palestino.

Na mesa, junto com os convidados, o professor da UFSM, Gihad Mohamad, integrante da comunidade palestina de Santa Maria, que em um dado momento, também foi chamado a expressar sua opinião, e o professor de História do Colégio Politécnico da UFSM, também diretor da Sedufsm, Leonardo Botega, que foi responsável pela coordenação da atividade

Pietro Nardella-Oliva, que é professor de várias instituições brasileiras e do exterior, entre elas, a PUC-SP, a USP, a UFF e a Universidade Hebraica de Jerusalém, no que se refere ao conflito, destacou a importância de as pessoas não se guiarem por ideias ‘facebookianas’, ou seja, sem a profundidade devida. “O cuidado em não termos um discurso vazio e muitas vezes agressivo, mas sem ter conhecimento do tema”.

O professor falou ainda da beleza das ideias, mas também da necessidade de concretude, especialmente quando falasse das vítimas da guerra. “Quando digo que morreram 10 mil pessoas, isso é apenas um número. Mas, quando nomino elas, percebemos que são mulheres, crianças, mães, avós, trabalhadores, e aí conseguimos dimensionar um pouco melhor a dor”, frisou.

Ele discorreu também sobre o contexto histórico do conflito Israel-Palestina, retomando a situação na região desde a criação do estado de Israel, pela ONU, em 1948, e do não-reconhecimento da necessidade de um estado palestino. Para Pietro, se não tiver um estado palestino, não se deveria ter um estado israelense.

Nardella-Dellova (acima) filosofou ao falar da necessidade de “ver o vizinho e reconhecê-lo como tal”. Para ele, assim deveriam ser árabes e judeus, que convivem no mesmo espaço por séculos e nasceram do ‘mesmo ventre’, a ONU. O docente ressaltou que prefere nomear como árabes, pois existem árabes que não são mulçumanos, assim como mulçumanos que não são árabes. “Separar religião do estado é essencial”, sublinhou ele.

Na visão de Pietro Nardella-Dellova, o conflito já se estende por décadas, ficando sangrento demais. Mas, ressalva ele, desde 7 de outubro tornou-se um massacre, pois mais de 10 mil pessoas morreram na Faixa de Gaza e em torno de 1.400 em Israel. O professor deixou claro que não compactua com as atitudes do Hamas, mas também considera desproporcional a reação israelense.

Bloqueio informativo

Em um dos momentos iniciais de sua fala, Thiago Ávila, que informou que viajaria nesta quinta, 9, para a fronteira de Gaza, ressaltou que um dos principais problemas que envolve o conflito é o “bloqueio midiático”. Para ele, é difícil “fazer a verdade circular”, pois a cobertura dos meios de comunicação ocidentais, incluindo os do Brasil, caminham em uma mesma perspectiva, de condenação ao Hamas, mas sem criticar os ataques militares desproporcionais de Israel.

Thiago Ávila fez uma abordagem em que situou o conflito a partir de um contexto histórico. Segundo ele, conhecer as origens é importante para que se derrubem opiniões que fazem parte do senso comum, como por exemplo, de que se trata de uma guerra religiosa e de que são povos que “sempre viveram em guerra”.

Para o pesquisador, que estuda o tema há quase duas décadas, é preciso destacar a ofensiva ideológica do “sionismo” a partir do final do século XIX, que buscava “terra para um povo sem terra”, passando pela criação do estado de Israel, em 1948 (ONU), que, se de um lado, contemplou uma nação para as/os judeus, de outro, impactou na expulsão da região da antiga Palestina de uma população de cerca de 6 milhões de árabes.

Para Ávila (foto acima), o sionismo é uma ideologia colonizadora, que sempre preponderou nos governantes de Israel. Contudo, ele fez questão de frisar, que as críticas ao sionismo não podem ser confundidas com antissemitismo, ou seja, em uma aversão ao povo judeu. Conforme os dados trazidos pelo pesquisador, após o expansionismo do estado de Israel, no pós-1949, o território palestino ficou reduzido a 30% do que era anteriormente.

Na visão de Ávila, o projeto dos sionistas nunca foi a coexistência de dois estados, ou seja, nunca teria feito parte das intenções deles, a existência de um estado palestino. E o que se tem visto nas últimas décadas, na análise dele, é um verdadeiro “apartheid colonial” patrocinado por Israel.

7 de outubro e o genocídio

O sábado, 7 de outubro, é a data em que militantes do Hamas adentraram território israelense, matando civis, e sequestrando algumas dezenas de moradores das áreas fronteiriças à Gaza. Para Thiago Ávila, essa iniciativa do grupo palestino deve ser criticada, todavia, na opinião dele, todos os indícios apontariam para o fato de que o ataque do Hamas foi facilitado, tendo em vista que serviços de inteligência do Egito e da Autoridade Nacional Palestina teriam alertado o governo de Israel, que não teria tomado providências.

Thiago Ávila não tem meias palavras ao se referir o conflito. Para ele, o que o governo de Israel está fazendo é um “genocídio” contra palestinos. São mais de 10 mil mortos, afora os que seguem soterrados, os feridos, sendo um total de 16 hospitais que foram bombardeados pelas forças militares israelenses.

Apesar desse quadro conjuntural, o comunicador acredita que a opinião pública mundial está modificando e se posicionando contra as ações de Israel. Segundo Thiago Ávila, além das manifestações de ruas em inúmeras capitais na Europa, Estados Unidos e Brasil, o governo israelense está sofrendo uma campanha forte de boicote, inclusive para a compra de novos armamentos.

Israel x palestinos

Foi oportunizado um momento de fala ao professor da UFSM, Gihad Mohamad, membro da comunidade palestina, que acabou por reforçar vários pontos trazidos para os painelistas. Segundo ele, o conflito atual não pode ser definido como uma guerra de Israel contra o Hamas, mas, sim, um conflito de Israel contra os palestinos. Ele lembrou os cerceamentos e perseguições que moradores da Cisjordânia sofrem e, lá, não é o Hamas que prepondera, mas, sim, a Autoridade Nacional Palestina.

Solidariedade

No momento das intervenções do público, a vice-presidenta da Sedufsm, professora Marcia Morschbacher (foto acima), sugeriu a criação, em Santa Maria, de um Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino. A sugestão foi bastante elogiada, espacialmente pelo professor Pietro Nardella-Oliva.

A íntegra do debate você pode conferir vídeo que consta no canal da Sedufsm no Youtube, abaixo.

Texto e fotos: Fritz R. Nunes (jornalista) e Cadiane Garcez (estagiária)
Assessoria de imprensa da Sedufsm

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