Opções culturais para o final de ano
Publicada em
Atualizada em
21/12/23 15h24m
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Professores Clayton Hillig, Luiz Carlos da Rosa e professora Simone Gallina, dão sugestões de música, leitura e canal da internet
Na última edição da Dica Cultural de 2023, que depois entrará em férias, retornando no mês de março, resolvemos fazer algo diferente para este final de ano. Ao invés de uma dica, teremos três, tratando de produtos diferentes. A primeira delas, sugerida pelo professor Clayton Hillig, do departamento de Extensão Rural da UFSM, refere-se ao sexto álbum da carreira da banda de rock, Rolling Stones, chamado “Hackney Diamonds”.
Para quem gosta de navegar pela internet, a professora Simone Gallina, do departamento de Administração Escolar da UFSM, também diretora da Sedufsm, indica o canal do Youtube chamado “Falando nIsso”, que é produzido pelo psicanalista Cristian Dunker.
E, para os adeptos do livro, na versão física, o professor aposentado do departamento de Metodologia do Ensino da UFSM, Luiz Carlos Nascimento da Rosa, fala da sua descoberta da obra “Úrsula”, da escritora negra, nem sempre lembrada pela literatura brasileira, Maria Firmina dos Reis.
Desejamos a todos e todas que aproveitem as sugestões de dica cultural, que constam logo abaixo.
Hackney Diamonds, dos Rolling Stones
"Os Rolling Stones lançaram em 20 de outubro de 2023, pela Polydor, o álbum Hackney diamonds, considerado pela crítica o melhor álbum da banda desde “Tattoo you”, de 1981. Nesses 42 anos, a banda lançou seis discos de material inédito, sendo o último deles há 18 anos: "A bigger bang".
Este novo trabalho dos Stones é simplesmente maravilhoso. Consegue mesclar a boa e velha sonoridade da banda com timbres atuais. Os Stones olham para o futuro, mas não deixam de celebrar o seu passado.
O primeiro single, “Angry”, é uma paulada. É o rock típico dos Stones, que abre com uma guitarra possante, O riff de Angry nos remete direto para clássicos do passado com Start Me Up ou Jumping Jack Flash. O clipe, estrelado por Sydney Sweeney, já invadiu as redes. Confere lá!
Mick Jagger, 81, e Keith Richards, 80, apresentam uma modernidade percorrendo o álbum, que é uma ação entre amigos. Paul McCartney toca baixo em “Bite my head off”; Lady Gaga participa em “Sweet sounds of heaven”, com Stevie Wonder nos teclados. O baterista Charlie Watts, que morreu em 2021, tocou em duas faixas, gravadas em 2019: “Mess it up”, e “Live by the sword”. O álbum conta ainda com a participação de Elton John e Bill Wyman em "Live by the sword".
E eles fecham o disco com Jagger e Richards fazendo com voz, gaita e violão “Rolling stone blues”, a canção do bluesman, Muddy Waters, que inspirou o nome da banda. "Hackney" é o 31º trabalho de estúdio dos Stones. São doze faixas que, juntas, amarram reflexões sobre o passado e o tempo."
Clayton Hillig
Professor do departamento de Educação Agrícola e Extensão Rural da UFSM.
Falando nIsso, canal no youtube
"Falando nIsso é um canal no YouTube produzido por Christian Dunker, que tem como proposta criar conexões entre conceitos da psicanálise e do cotidiano. Com isso, torna possível ao espectador perceber como a escuta psicanalítica acontece mediante as interações da filosofia, a literatura e a arte. No Canal, Christian dialoga com materialidades diversas: um livro, um filme, um documentário. Toma-os como artefatos culturais que mobilizam seu pensar, partindo de perguntas de inscritos do seu canal.
Dentre os episódios, gostaria de destacar o episódio 430, que aborda a recorrente inquietação e os sentimentos que causam a ‘culpa materna’. Para problematizar esse tema, Christian recorre à contribuição do livro Manifesto antimaternalista (2023), da psicanalista lacaniana, Vera Lanconelli.
Para Christian, a questão que se destaca nesse livro está relacionada ao esforço da autora para demonstrar que a culpa materna é um dispositivo que torna possível o estabelecimento de vínculos subjetivos dos corpos das mulheres mães, a partir da lógica de controle entre o natural, e aquilo que é instituído pela cultura, a saber, o sentimento de culpa. A culpa, enquanto sentimento próprio de uma sociedade punitivista, que visa neutralizar os desejos, impõe um valor social à reprodução para as mulheres, valor esse que se opõe a outras formas de existir para além da maternidade."
Canal no Youtube: https://www.youtube.com/@chrisdunker
https://www.youtube.com/watch?v=7nHXYFyW3rA
Simone Gallina
Professora do departamento de Administração Escolar, também diretora da Sedufsm.
Úrsula, de Maria Firmina dos Reis
"Depois de lermos Carolina Maria de Jesus e o seu ‘Quarto de Despejo’, fomos procurar mais mulheres pretas na literatura brasileira. Que grata surpresa encontramos a maravilhosa Maria Firmina dos Reis e sua obra ímpar chamada ‘Úrsula’. Para uma valorização da leitura, Maria Firmina dos Reis é singular em nosso processo histórico brasileiro de mulheres afrodescendentes. Maria Firmina dos Reis, mulher preta, pasmem, publicou o seu Úrsula em 1859. Maria Firmina, para além dos olhares escravocratas, virou professora em sua terra natal, no Maranhão.
A Literatura era de homens e, hegemonicamente, brancos. Segundo os estudiosos da Literatura, a Maria Firmina dos Reis, foi a primeira mulher preta a publicar um livro com seu nome e estilo de narrativa. Além da originalidade de seu tempo histórico ela teve a brava coragem de seus escravos e pretos personagens. O livro possui um sério estudo por especialistas da História da Literatura. Queremos colocar essa mulher preta no contexto de nossos estudos literários.
Século XIX, mulher preta, que sonhava com seu 'cantinho' numa literatura machista e branca. Maria Firmina dos Reis inaugurou, com a singularidade de sua narrativa abolicionista, a sua voz e o sentido de vida de seus personagens."
Luiz Carlos Nascimento da Rosa
Professor aposentado do departamento de Metodologia do Ensino da UFSM.
Fotos: Divulgação
Arte: Italo de Paula
Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm)