A retomada do cineclube Lanterninha Aurélio
Publicada em
17/04/25
Atualizada em
17/04/25 12h33m
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Fundado em 1978, o Lanterninha é o 2º cineclube mais antigo do Brasil. Para a próxima terça (22) está programada a exibição do filme A última Floresta (2021).

A Cesma (Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria) foi fundada em pleno regime militar. Com o objetivo de defender econômica e culturalmente seus associados, a Cesma se perpetuou como uma referência em Santa Maria e, junto com ela, o Cineclube Lanterninha Aurélio também. Fundado na década de 70, o Cineclube uniu e proporcionou grandes momentos aos corações cinéfilos da cidade. No entanto, a pandemia da COVID-19 em 2020 interrompeu temporariamente essa história. Entre 2020 e 2023, o Cineclube esteve com suas atividades comprometidas, porém, com a aprovação e regulamentação de políticas públicas de fomento à cultura, como a Lei Aldir Blanc e a Lei Paulo Gustavo, o Cineclube voltou à ativa.
A atriz Rafaela Drey Costa, que é integrante das equipes da Cesma e do Cineclube Lanterninha Aurélio, conversou conosco e contou um pouco mais sobre essa retomada. Segundo Rafaela, os projetos contemplados nos editais em 2023 possibilitaram uma reforma estrutural no Auditório João Miguel de Souza, popularmente conhecido como “Auditório da Cesma”. A primeira atividade após as melhorias estruturais aconteceu em abril do ano passado, com a estreia do filme “Clube Universitário: A Boate do DCE” (2024)", com a direção de Luciano Ribas. O evento foi marcado pelo “encontro de pessoas que sempre frequentaram a Cesma e que sabem da importância e resistência que significa a cooperativa”, nas palavras da atriz. Porém, uma nova pausa precisou acontecer após as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em maio de 2024. Até novembro deste mesmo ano, o Cineclube esteve com suas atividades suspensas. A nova retomada aconteceu com o Festival de Cinema Italiano e, desde esta data, uma programação semanal e gratuita é ofertada ao público santa-mariense.
Também conversamos com Rafaela sobre o quanto os editais de fomento cultural são imprescindíveis para a manutenção da cultura local. Através do financiamento pelo edital “Apoio a salas de cinema, formação e difusão audiovisual”, da Lei Paulo Gustavo, o projeto “Restauração do Auditório do Cineclube Lanterninha Aurélio” pôde proporcionar a formação de uma equipe para trabalhar tanto na reforma quanto nas atividades de retomada, com sessões gratuitas e abertas ao público geral. Com isso, o Cineclube busca “retomar o hábito da agenda semanal do auditório, assim como divulgar para novos públicos esse espaço cultural significativo da cidade de Santa Maria”, diz Rafaela. Além deste, o projeto “Continuidade e Expansão das Atividades do Cineclube Lanterninha Aurélio com oficinas de teatro e interpretação para vídeo” foi contemplado no edital Cultura Viva, financiado pela Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura. “Com esse projeto, teremos mostras de cinema e oficinas teatrais com turmas de crianças da rede municipal de educação”, explica Rafaela.
Para 2025, o Cineclube Lanterninha Aurélio promete uma programação semanal que trará assuntos fundamentais, tais como o movimento negro, feminista, ambientalista, LGBTQIAPN+, povos originários, religiões, entre outros. O Lanterninha é aberto para qualquer pessoa que queira participar da organização das atividades e do planejamento dos ciclos de cinema. A equipe também aceita sugestões de pautas com convidados e convidadas disponíveis a debater com o público. Esta dinâmica aproxima o público das produções audiovisuais e aprofunda as discussões propostas. Além disso, o Cineclube também tem o objetivo de evidenciar obras cinematográficas feitas na cidade e na região.
Uma outra proposta do Cineclube para 2025 é equipar o auditório da Cesma para que esteja apto a receber outras atividades culturais gratuitas ou de valores acessíveis, como shows de música, saraus literários, exposições visuais e peças de teatro. Para o segundo semestre deste ano, Rafaela adianta: entra em cena o projeto “Cesma apresenta: Três peças para dois”, financiado pela Funcultura através do edital 004/2024 – Artes e economia criativa. Com a proposta de unir a literatura e o teatro para realizar ações no auditório, o projeto promoverá apresentações teatrais dos espetáculos “Dolores ou Aquilo que se vê” e “Não há mar”, ambas escritas e dirigidas pelo santa-mariense Felipe Martinez. Rafaela finaliza reiterando que todo este movimento pretende enriquecer a oferta cultural de Santa Maria, fortalecer a tradição do cineclubismo, do teatro, da música, da literatura na cidade e, com isso, reafirmar seu papel como um dos principais centros de difusão cultural do município.
O Cineclube Lanterninha Aurélio publica sua programação atualizada no perfil do Instagram @cineclubelanterninhaaurelio. As sessões acontecem todas as terças-feiras, às 19h, no Auditório João Miguel de Souza (Auditório da Cesma), na Rua Professor Braga, 55.
Abril destaca o cinema de arquivo - Durante este mês de abril, o Cineclube Lanterninha Aurélio realiza exibições em parceria com a programação do 10º Arquivo em Cartaz - Festival Internacional de Cinema de Arquivo. O festival é promovido pelo Arquivo Nacional e selecionou Santa Maria como uma das cidades que recebe exibições presenciais.
Com o tema “Memórias da Terra em Filmes de Arquivo”, o Festival dispõe de uma série de obras que tratam das questões ambientais, alargando concepções sobre as memórias da terra e diferentes arquivos diante da exploração ambiental, das catástrofes e mudanças climáticas. Em parceria com o Cineclube, sete obras da Mostra serão exibidas. Todas elas trazem as narrativas e as vivências de povos indígenas do Brasil, registrados em filmes. Quatro delas tem como diretores, roteiristas e pesquisadores indígenas das etnias Yanomami, Kuikuru, Munduruku, e Guarani.
Próximas sessões do 10º Arquivo em Cartaz - Festival Internacional de Cinema de Arquivo
- 22/04
A última Floresta (2021)
Direção: Luiz Bolognesi
74min | 14 anos
- 29/04
A febre da mata (2022)
Direção: Takumã Kuikuro
10min | Livre
Mensageiras da Amazônia (2022)
Direção: Coletivo Audiovisual Munduruku
Daje Kapap Eypi e Joana Moncau
17min | Livre
Avaxi Etei’I – Milho Verdadeiro (2018)
Direção: Thiago Carvalho Wera’i
12min | Livre
Convidado: Diego Guimarães
Texto: Paola Matos (edição de Nathália Costa)
Imagens: Acervo Cineclube Lanterninha Aurélio
Assessoria de Imprensa da Sedufsm
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