Professora da UFSM destaca importância do Plano Municipal de Redução de Risco
Publicada em
10/07/25
Atualizada em
10/07/25 18h22m
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Andréa Nummer foi a entrevistada da 105ª edição do ‘Ponto de Pauta’

O Plano Municipal de Risco (PMRR) é um documento bastante importante, pois serve como balizador para que se organize um trabalho de minimização e mitigação do risco ambiental, levando em conta as populações que moram próximas a rios, arroios, encostas de morros, etc. No entanto, trabalhar com a prevenção de riscos, muitas vezes, se parece com a atividade de enxugar gelo, pois o trabalho feito por técnicos/a é não estrutural, ou seja, não cabe a eles/elas fazer a obra em si, e sim aos gestores e gestoras. E, assim, o efeito prático do trabalho técnico pode ser lento.
Para falar sobre a importância do PMRR, que é desenvolvido, no Rio Grande do Sul, em Santa Maria e em Porto Alegre, dentro do projeto “Periferia Sem Risco” (Ministério das Cidades), o programa ‘Ponto de Pauta’ da Sedufsm entrevistou a professora Andréa Nummer, do departamento de Geociências da UFSM e integrante do Laboratório de Geologia Ambiental (Lageolam). Ela coordena a equipe técnica formada por oito pesquisadores e pesquisadoras da UFSM para elaborar o plano municipal de redução de riscos nas cidades.
A importância do Plano justifica-se pelas consequências devastadoras que o cenário de emergência climática tem deixado especialmente nas comunidades mais vulneráveis.
“O que a gente vê em Santa Maria são problemas com inundação, principalmente alagamentos. E os morros da cidade, os morros “testemunhos”, onde a gente tem processos de escorregamentos. Então, eles têm se repetido em proporções diferentes. O ano passado foi um evento extremo e isso possibilitou a gente que está trabalhando nesse projeto de risco conhecer e mapear o que realmente é extremo, que a gente viveu um ponto extremo. E agora, recentemente, com as chuvas voltando, a gente viu que muitos desses processos voltaram a acontecer novamente. Não só aqui, mas no Rio Grande do Sul como um todo”, diz Andréa, referindo-se, primeiramente, às enchentes de maio de 2024, e, depois, às intensas chuvas ocorridas recentemente e responsáveis por, novamente, causar destruições.
E tais destruições se concentram, em muito, em áreas periféricas como margens de rios e morros. Áreas instáveis e com grande risco de desmoronamento. Esses problemas não são, ou são pouco identificados, nas partes da cidade dominadas pela especulação imobiliária. Dessa forma, a professora Andréa frisa que o risco é socialmente construído.
Qualquer morro com altura razoável e grande inclinação pode deslizar, assim como qualquer rio pode transbordar, explica. Isso sempre aconteceu e faz parte, inclusive, da evolução da terra e do relevo. A esse processo natural se dá o nome de suscetibilidade. Mas quando esses eventos passam a representar um risco ou perigo? Quando há pessoas morando próximo a esses locais.
“E quem é que está morando nessas áreas? Esse perigo e dano atingem uma população vulnerável. Por isso, o projeto Ministério das Cidades fala em comunidade e periferia. Pessoas que têm alto poder aquisitivo também moram em morro. Não tem risco para elas. O que tem é o perigo de acontecer alguma coisa. Mas elas não são vulneráveis”, esclarece Andréa.
Zoneamento com graus de risco
O Plano Municipal de Redução de Risco é hoje uma realidade em pouquíssimas cidades. Andréa explica que o zoneamento presente no documento apresenta graus de risco, dando às prefeituras a possibilidade de elencar quais locais serão priorizados na realização de obras, na realocação de pessoas ou no pagamento de aluguéis sociais, por exemplo. E, para além disso, a professora destaca a importância de os gestores escutarem a população que mora nas áreas de risco e darem suporte para que possam sair rapidamente de situações perigosas.
“É promover uma organização social dentro dessas áreas. E, óbvio, dentro do que é possível, com recurso, fazendo obras para mitigar o risco da população”, comenta.
Assista a íntegra da entrevista com Andréa Nummer no canal de Youtube da Sedufsm ou aqui mesmo, abaixo:
Texto: Bruna Homrich e Fritz Nunes
Imagem: Italo de Paula
Assessoria de Imprensa da Sedufsm
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