Caminhos e origens do rock Publicada em 11/07/25
Atualizada em 11/07/25 11h32m
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O professor Clayton Hillig discorre sobre influências do estilo musical identificado pela contestação e rebeldia

“Rock’n Roll: percorrendo e abrindo caminhos

Dia 13 de julho comemoramos o “Dia Mundial do Rock”, nossa dica cultural de hoje, na verdade duas dicas, remetem às origens do Rock, não por nostalgia ou saudosismo, mas para compreendermos a importância da arte e cultura na vida social. Desde cedo, como jovem rockeiro, em uma sociedade conservadora e repressiva, sempre prestei muita atenção no potencial da arte para a transformação social. Como professor de sociologia, isso ainda me instiga muito.

Desde sua origem, no movimento negro gospel, nos primeiros acordes distorcidos da guitarra de Sister Rosetta Tharpe, influenciando Little Richard, Johnny Cash, Carl Perkins, Chuck Berry, Elvis Presley e Jerry Lee Lewis, passando pela influência contracultural do movimento Beat, o rock’n roll surge como contestador dos costumes, em uma sociedade judaico-cristã tradicional, escravista, abalada pela crise econômica e ressentida por duas grandes guerras.

O Movimento Beat e a luta por direitos civis, da comunidade negra norte-americana, marcam os primórdios do Rock, unindo norte-americanos e britânicos pela música e literatura. Então, nossa primeira dica é o livro de Jack Kerouac, “On the Road”, publicado em 1957 e traduzido nas primeiras edições brasileiras como “Pé na estrada”, por Eduardo Bueno. “On the Road” dá os primeiros passos para o desenvolvimento de uma arte engajada, contracultural e dando voz aos marginalizados.

No final dos anos 1960, o rock agrega a estética, os costumes e o poder da juventude, unindo-se ao movimento hippie sob as bandeiras do pacifismo (Paz e Amor), misticismo (diversidade de credo e crenças), direitos civis e liberdade (em especial, a liberdade sexual) e ecologia (por uma vida mais natural). Se reveste como contracultura e músicas de protesto numa sociedade de guerras, hegemonicamente cristã, repressiva sexualmente, preconceituosa e consumista. A demonstração clara dessa grande manifestação social culmina no festival Woodstock, em 1969.

Para ilustrar esse momento, segue nossa segunda dica, o fime “Hair”, musical de 1979, que conta a história de um jovem convocado para a guerra do Vietnã que é adotado por um grupo de hippies em Nova York.

Nos anos 1970 o Rock começa a formar correntes diversas, com o “Hard Rock”, o “Punk Rock” e o “Heavy Metal”, Nos 1980 se diversifica ainda mais com o “New Wave”, o “Deat Metal”, “Trash Metal”, “Doom Metal” e “Hardcore”. Nos anos 1990 varia com o “Grunge”.

Hoje, o Rock se encontra em inúmeras vertentes, influencia nosso comportamento e a música em todas as dimensões, vamos encontrar guitarras pesadas e distorcidas até na música sertaneja. O fato é que o rock ainda carrega a marca da contestação e da rebeldia e, graças à sobrevivência de grandes ícones da sua origem superou a pecha de maldito e a desqualificação dos rockeiros pelo chavão “sexo, drogas e rock’roll’.

Devemos muito aos velhinhos do rock, muito bem representados por Ozzy Osbourne e seus convidados. Ozzy, com 74 anos e mal de Parkinson, quebrou tudo e encantou a plateia no seu show de despedida, “Back to Beginning”. Certo, admito, essa é uma terceira dica, assistam.