Comunidade da UFSM em Frederico Westphalen é refém de transporte precário
Publicada em
30/07/25
Atualizada em
31/07/25 20h03m
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Quem precisa ir ao campus, que fica a 7 km do centro da cidade, depende do serviço ruim de uma única empresa

Assim como em Santa Maria, o campus da UFSM em Frederico Westphalen fica bem distante do centro da cidade: aproximadamente sete quilômetros. Mas, diferente do campus sede que, mesmo com inúmeras críticas, é servido por uma frota que faz parte do transporte público de Santa Maria, a cidade de Frederico não possui transporte público. E, com isso, o campus é atendido por uma única empresa, que transporta as pessoas que precisam ir para a universidade, com horários que ela (empresa) considera viáveis.
Na semana passada, o tema, que já é antigo, voltou ao centro do debate a partir de uma nota publicada em rede social pelo Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFSM. Na publicação, além de reclamar das medidas verticalizadas por parte da empresa em relação ao transporte para o campus, nas quais quem utiliza o sistema é ignorado, a representação discente também criticou a direção do campus, que não teria informado as alterações de horário no período de recesso.
O diretor da Unidade, professor Braulio Caron, explica que o problema é antigo e que já foram inúmeras reuniões e audiências públicas para discutir o tema do transporte coletivo e, segundo ele, em muitas dessas atividades, estudantes, que seriam os/as principais interessados/as, tiveram pouca participação.
A justificativa sobre a situação do transporte por parte da empresa, e que parece ser respaldada pelos poderes públicos da cidade, é que devido ao número de usuários/as ser considerado baixo, o que pode ser oferecido é isso, ou seja, um serviço precário.
Luciano Schuch, reitor da UFSM, ressalta que o diálogo com a prefeitura e a Câmara de Vereadores de Frederico acontece já há algum tempo, mas alegações são sempre de que a demanda é baixa para ampliar horários. “Junto com o IFFar (Instituto Federal Farroupilha), a gente pediu todos os horários dos ônibus agora no recesso e também depois da volta às aulas, para poder fazer alguma intervenção. Mas, é um problema crônico da cidade e da região e a gente vem pressionando a prefeitura já há um bom tempo em relação à viabilidade de mais ônibus e mais horários”, diz o reitor.
A planilha de horários atual que a empresa divulgou cobre o período de 23 de julho a 15 de agosto, ou seja, com mesmos horários definidos tanto em duas semanas de recesso como nas duas primeiras semanas com o segundo semestre da UFSM sendo retomado já na segunda, 4 de agosto. Braulio Caron, que retornou de férias esta semana, explicou que está em contato com o IFFar para buscarem, juntos, eventuais ajustes nos horários com a empresa. O detalhe é que as aulas no Instituto Federal só serão retomadas em 15 de agosto.
Questão política
Fabiana Pereira, professora do departamento de Ciências da Comunicação da UFSM/FW, também diretora da Sedufsm, é uma usuária do transporte coletivo e sente na pele as dificuldades. “A empresa de transporte é única e ela muda os horários há muito tempo. Por exemplo, em janeiro, a empresa faz 15 dias de recesso e não se importa se as pessoas precisam ou não ir para o campus”, critica.
Para a docente, o problema não é simples e o que seria preciso é unir forças, somando a direção do campus e do Instituto Federal Farroupilha, junto com a reitoria da UFSM, para buscar apoio político nessa questão. “É uma briga política e por isso precisamos nos unir para cobrar da prefeitura e dos demais segmentos políticos da cidade”, enfatiza Fabiana.
Ela ressalta ainda que a cidade (de Frederico) tem que considerar o aumento de receita que é oriundo de servidores/as e estudantes das instituições públicas, UFSM e IFFar, e oferecer condições mínimas, como de transporte, para que as pessoas tenham mobilidade na cidade: "É contrapartida básica do município que se propôs a receber o campus. Ainda, com a entrada de recursos provenientes de salários e bolsas estudantis, ganham imobiliárias, supermercados, farmácias, entre tantos outros empreendimentos locais. E o transporte está totalmente vinculado à questão de permanência de estudantes no campus de Frederico e no estímulo para que novos estudantes venham para nossos cursos".
Anna Luiza Carvalho, estudante do 8º semestre de Engenharia Florestal na UFSM/FW e também integrante do DCE, diz que participou ano passado de uma reunião pública para discussão do transporte público na cidade. Porém, segundo ela, concretamente não houve avanços. “O que me passa é que existe uma grande má vontade do município em ter transporte público. Por isso, preferem fretar os ônibus da Urbanotur”, destaca ela.
A estudante lembra que Frederico Westphalen é considerada um polo regional e, que, em cidades vizinhas, até de menor população, já existe transporte público, o que deveria servir de exemplo para um município que fala na necessidade de acolher bem os/as estudantes. “É uma coisa bem complicada (a questão do transporte público), parece que a gente está sempre batendo na parede. Mas, não dá para desistir”, diz Anna.
No início da noite desta quarta, 30, conforme Mesias Carneiro, que também faz parte do DCE, estudantes vinculados à UFSM FW e ao IFFar tiveram uma reunião sobre a questão do transporte. Do encontro tiraram a proposição de realizar um abaixo assinado com reivindicações de melhorias, como por exemplo, a ampliação dos horários, a melhoria da frota e a redução do preço da passagem.
Conforme a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da UFSM, que agora vai garantir 100% do subsídio para a meia passagem de estudantes com Benefício Sócioeconômico (BSE), a tarifa per capita em Frederico é a mais cara entre os três campi fora de sede: FW (R$ 3,80), Cachoeira do Sul (R$ 3,00) e Palmeira das Missões (R$ 2,00).
Texto e foto: Fritz R. Nunes
Assessoria de imprensa da Sedufsm
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