Saiba mais sobre a formação das elites acadêmicas
Publicada em
26/09/25
Atualizada em
26/09/25 14h44m
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Professor Daniel Coronel sugere leitura de obra que debate as formas de reprodução do capital acadêmico na UFSM

Nesta sexta, 26 de setembro, a dica cultural é a leitura de “A elite acadêmica: estudos sobre as formas de (re)produção do capital acadêmico”, lançado recentemente na Feira do Livro de Santa Maria. O autor da sugestão de leitura, professor Daniel Coronel, do departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM, ressalta que na publicação, além de fragmentos sobre a criação e o desenvolvimento das instituições de ensino superior no país, que eram quase que unicamente voltadas para setores abastados da sociedade como forma de as elites manterem seu status quo e reproduzirem o capital. Confira a íntegra da dica abaixo.
“A elite acadêmica: estudos sobre as formas de (re)produção do capital acadêmico”
Na feira do livro deste ano, em Santa Maria, foi lançada a publicação ‘A elite acadêmica: estudos sobre as formas de (re)produção do capital acadêmico’, pela Editora Fi e organizado pelo professor Everton Picolotto, docente do departamento de Ciências Sociais da UFSM, bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e também presidente da Sedufsm.
O livro é o resultado de discussões feitas na disciplina Sociologia da Educação, que ocorreu no segundo semestre de 2023, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFSM, e conta com cinco artigos escritos por oito pesquisadores das Ciências Sociais e da Educação.
Os textos versam sobre universidade, reprodução e transformação; trajetória acadêmica dos reitores da UFSM; formação e atuação profissional dos bolsistas nível 1A da instituição; transmissão de capital científico dos bolsistas de produtividade da UFSM; e financiamento à pesquisa.
Nestes trabalhos, observa-se a utilização de métodos qualitativos e quantitativos, e boa parte dos textos recorre à epistemologia ontológica e filosófica baseada nos fundamentos hermenêuticos de Pierre Bourdieu, principalmente no que tange à reprodução do capital acadêmico no âmbito da instituição.
Neste livro, além de fragmentos sobre a criação e o desenvolvimento das instituições de ensino superior no país, as quais eram quase que unicamente voltadas para os setores mais abastados da sociedade e onde não predominava a ideia de universidade como construção, divulgação do conhecimento e força motriz do desenvolvimento econômico, mas sim como forma de as elites manterem seu status quo e reproduzirem o capital, o leitor também encontrará importantes reflexões sobre questões inerentes à formação dos reitores da UFSM, os quais, em sua grande maioria, são oriundos do Centro de Ciências da Saúde (CCS) e do Centro de Tecnologia (CT). Até hoje, nenhum reitor é oriundo da área de humanidades, a qual poderia trazer outra visão para o planejamento e o desenvolvimento da instituição, que cada vez mais desenvolve projetos de ensino, pesquisa, extensão e inovação, com impacto na vida das pessoas e que contribuem para a qualidade de vida, o empreendedorismo e a redução das disparidades econômicas e sociais.
Ainda nessa perspectiva, os autores discorrem sobre as bolsas de produtividade nos estratos mais elevados, que ainda se concentram em poucas áreas do conhecimento e contribuem para a reprodução do capital acadêmico.
Embora o livro não tenha como foco propor diretrizes, políticas e ações, ele traz importantes insights que poderiam balizar iniciativas e fomentar, no âmbito da UFSM, para que pesquisadores das mais variadas áreas do conhecimento tenham incentivo a qualificar sua produção e consigam financiamentos e bolsas para o desenvolvimento de suas pesquisas, os quais não devem ficar restritos a determinados nichos e áreas do saber.
Este livro deve ser saudado pela academia por trazer uma reflexão séria e madura sobre os padrões, níveis de financiamento e reprodução do capital acadêmico, questões importantes para uma universidade mais democrática, inclusiva e cidadã, que cada vez mais busca impactar e melhorar a vida das pessoas.”
Daniel Arruda Coronel
Professor Associado do departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM.
Fotos: Arquivo pessoal com edição de Italo de Paula
Edição de texto: Fritz R. Nunes (Sedufsm)
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