Sedufsm rebate editorial da Folha de S.Paulo e defende servidoras e servidores públicos
Publicada em
12/11/25
Atualizada em
12/11/25 16h47m
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Em resposta a texto que acusa o funcionalismo de “corporativismo”, sindicato afirma que defender o serviço público é proteger direitos, garantir o bem comum e fortalecer o Estado
A Sedufsm divulgou, nesta terça-feira (11), uma resposta ao editorial da Folha de S.Paulo publicado em 7 de novembro sob o título “Corporativismo avança contra a reforma administrativa”.
Na resposta, o sindicato contesta o discurso que associa a defesa do funcionalismo a privilégios e ressalta que o fortalecimento das servidoras e dos servidores é essencial para assegurar serviços públicos de qualidade, proteger a democracia e garantir que o Estado atue em favor da sociedade, e não de interesses privados.
O editorial do Grupo Folha está em seu site oficial disponível apenas para assinantes. A Sedufsm solicitou ao ANDES-SN e às seções sindicais, além dos demais sindicatos e federações do funcionalismo público, que também respondam ao editorial.
Abaixo, a íntegra da resposta da Sedufsm.
Não é corporativismo: é defesa do serviço público
A Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Santa Maria (Sedufsm) contesta o editorial da Folha de S.Paulo (“Corporativismo avança contra a reforma administrativa”, 7/11/2025), que repete estigmas antigos e distorcidos sobre o funcionalismo público. Defender o serviço público não é proteger privilégios, é garantir que o Estado invista seus recursos onde realmente deve: na saúde, na educação, na segurança, na pesquisa e nas condições de trabalho de quem mantém essa estrutura funcionando. Servidoras e servidores não são um peso para o país, mas o alicerce que sustenta os direitos de todos e todas, em cada canto do Brasil.
A estabilidade, tão frequentemente atacada, não é uma anomalia, é uma proteção fundamental contra interferências políticas e perseguições. Segundo levantamento do Instituto Datafolha (junho de 2025), 75% das brasileiras e brasileiros defendem a estabilidade como um recurso importante para proteger o servidor e a servidora de pressões e perseguições. Isso revela um entendimento coletivo: a estabilidade não serve ao indivíduo, mas à sociedade, porque assegura que decisões técnicas e políticas públicas não sejam subordinadas a interesses de ocasião.
A precarização das carreiras e das condições de trabalho, ao contrário, enfraquece o serviço público e compromete o atendimento à população. Ainda de acordo com a pesquisa, 92% das brasileiras e brasileiros acreditam que a falta de estrutura compromete o trabalho das e dos servidores públicos, um dado que desmente a narrativa de que o problema está nos e nas profissionais. O problema está na ausência de investimento e valorização. Países da OCDE mostram o caminho inverso: neles, o emprego público representa, em média, 18,4% da força de trabalho, e o gasto com remuneração equivale a cerca de 13% do PIB, proporção semelhante à do Brasil. O que muda é o olhar: onde se entende a servidora e o servidor como investimento, os serviços funcionam melhor.
Também é incorreto dizer que o funcionalismo age como lobby corporativo. O que há é uma defesa legítima da qualidade do serviço prestado à população, uma luta para que o Estado tenha quadros qualificados e condições dignas de trabalho. Essa é também uma defesa da equidade: 82% apoiam a reserva de vagas em concursos públicos para mulheres, pessoas negras, indígenas e quilombolas, reforçando que o serviço público deve refletir a diversidade e a pluralidade da sociedade que representa.
E quando se acusa o sindicalismo de apegar-se a “minudências”, o que se ignora é que são justamente essas “minudências” (jornada, salário, condições, autonomia) que determinam se o serviço público será forte ou frágil, justo ou submisso. Valorizar quem dedica a vida a atender a população é condição para um Estado que funcione e sirva a todas e todos.
Reformas são necessárias, mas devem servir ao interesse público, e não à redução de direitos. A Sedufsm defende transformações que passem pela valorização da trabalhadora e do trabalhador, melhoria das condições de trabalho, apoio à saúde mental, equidade de gênero e raça, aposentadoria justa e investimento em ciência e educação. Esse é o caminho das reformas que fortalecem o Estado, em vez de desmontá-lo.
O verdadeiro luxo que o Brasil não pode se permitir é o de desmantelar o serviço público e desvalorizar quem faz o país funcionar. Proteger servidoras e servidores é proteger o cidadão e a cidadã. É afirmar que o Estado deve servir ao bem comum, não ao lucro.
Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Santa Maria (Sedufsm)
Santa Maria, , 11 de novembro de 2025
Texto: Nathália Costa
Imagem: Nathália Costa
Assessoria de Imprensa da Sedufsm
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