O século XXI é asiático?
Publicada em
26/04/2023
6756 Visualizações
É extraordinário perceber o sucesso da experiência de desenvolvimento de Coreia do Sul, China e Índia. O impressionante é como esses países são dotados de uma capacidade inigualada de aprendizado e autossuperação.
Na realidade, o fenômeno não é novo. O Japão, do fim do século XIX, já havia demonstrado que, em um período curto, era possível “a uma cultura oriental particularmente fechada sobre si mesma romper o isolamento e importar as técnicas e os métodos que haviam dado ao Ocidente sua primazia militar e econômica” (RICUPERO, 1998, p. 199).
Alguns acusavam o Japão de serem mais imitadores e aperfeiçoadores de ideias alheias do que gente inventiva e inovadora. Outros diziam que era um talento dos japoneses a famosa adaptabilidade.
No entanto, o que constatamos no século XXI, é que os asiáticos não só aprenderam com os ocidentais, mas conseguem ir mais longe e mais rápido no êxito em industrializar suas economias e conquistar mercados.
Vale resgatar que as teorias clássicas como as regras básicas do comércio internacional foram desenvolvidas por pensadores como Adam Smith e David Ricardo a partir do século XVIII, quando a Revolução Industrial conferiu à Inglaterra uma superioridade competitiva e uma dominação mercantil que se prolongaria por um século.
Enquanto durou esse domínio naval e financeiro, os britânicos eram favoráveis ao comércio livre – ou livre-cambismo, como se dizia na época – só abandonando quando soou o momento inevitável do declínio (adotando as chamadas preferências imperiais).
Ao fim do século XIX e início do século XX, o poder econômico passou de Londres a Washington. Os americanos já exerciam uma preponderância econômica após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), e defendiam de forma intransigente o sistema comercial aberto, avesso a protecionismos e arranjos preferenciais de ordem regional.
A crença no multilateralismo, somada ao poder hegemônico americano após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), tornaram possível aos Estados Unidos “reconstruir a ordem econômica em Bretton Woods e Havana, com a criação o FMI, do Banco Mundial e do Gatt” (RICUPERO, 1998, p. 199).
Atualmente, os povos não ocidentais, começando pelos japoneses, passando pelos coreanos, chineses e indianos, aprenderam a jogar melhor do que seus inventores.
A grande questão é se os autores da teoria e das regras serão capazes de se manter fieis a elas na hora em que o jogo começar a virar contra eles?
Não há dúvida que a Ásia se transformou na locomotiva da economia mundial, economias de crescimento mais rápido no mundo e que é fácil compreender que o século XXI é o século asiático.
Alguém duvida?
Sobre o(a) autor(a)
Professor do departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM