Analfabetismo funcional: precisamos combater
Publicada em
18/06/2025
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O analfabetismo funcional é um desafio que afeta a sociedade no seu conjunto. Quando três em cada dez brasileiros têm dificuldades em compreender textos e realizar operações matemáticas básicas, isso gera obstáculos no mercado de trabalho, limita o acesso à informação e fragiliza a participação cidadã. Essas barreiras comprometem o desenvolvimento econômico, aumentam a vulnerabilidade social e dificultam a adoção de políticas públicas eficazes.
Os malefícios para a população em geral vão do menor engajamento em causas sociais e ecológicas (para citar duas pautas urgentes em um país como o nosso) às dificuldades no acesso a serviços essenciais. Analfabetos funcionais são presas mais fáceis das falácias que circulam nas redes sociais, têm dificuldade de compreender textos legais, notícias e propostas políticas. Sem contar o prejuízo econômico, sobretudo no setor de trabalho e emprego, pela falta de mão de obra qualificada.
Superar o analfabetismo funcional exige um esforço conjunto entre governo, rede de ensino, empresas e sociedade civil. Quando olhamos para o lado, percebemos que diversos países adotaram estratégias eficazes para reduzir o problema, combinando investimentos em educação, tecnologia e metodologias inovadoras. A Finlândia aposta em currículo focado em leitura crítica desde a infância. A Coreia do Sul faz uso de plataformas digitais para ensino personalizado e de programas de alfabetização para adultos com cursos online. Chile a Argentina (que estão mais próximos de nós geograficamente) ofertam cursos gratuitos para trabalhadores e idosos e adotam parcerias empresariais com o objetivo de melhorar a capacitação profissional.
Cada país adapta soluções à sua realidade, mas o investimento contínuo na educação e o acesso facilitado ao aprendizado são fatores mais ou menos comuns. O Brasil pode se inspirar nessas estratégias e adaptá-las às suas particularidades culturais, sociais e econômicas. Precisamos de uma educação básica fortalecida, de melhor valorização e formação de professores, de currículo escolar com mais foco em interpretação de textos e pensamento crítico, de incentivos fiscais e apoio financeiro para quem deseja continuar estudando, de programas de alfabetização focados em população de baixa renda e regiões rurais.
As soluções são caras, difíceis e demoradas. De resto, exigem esforços conjuntos e contínuos. Mas tais esforços, de algum modo, precisam começar, fruto de vontade política, assertividade e sincronia. Com a certeza de que a educação de qualidade não apenas transforma vidas individuais, mas fortalece o coletivo e repercute na estrutura do país.
Sobre o(a) autor(a)
Professor Titular do departamento de Letras Vernáculas da UFSM