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Direções de Unidades da UFSM detalham alguns dos impactos dos cortes orçamentários

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Redução do orçamento da UFSM em R$ 9 milhões gerou precarização dos serviços, conforme o reitor

Estamos tendo que precarizar todos os nossos serviços. A frase, de autoria do professor Luciano Schuch, reitor da UFSM, resume a atual situação da instituição após o corte de R$ 9 milhões efetuado pelo governo federal. Em depoimento à assessoria de imprensa da Sedufsm, o dirigente máximo da universidade atualizou a situação. Também fomos ouvir as direções de Unidades (centros de ensino, campi) para ter uma ideia de quanto essa redução de verba os está afetando, nas mais diferentes áreas, passando pelo custeio, ensino, pesquisa e extensão. Os depoimentos deles (delas) só confirmam a expressão da qual se utilizou Schuch.

Conforme o reitor, após conversar com as pró-reitorias e direções de unidades, conclui-se pela necessidade de realizar um corte de 15% no recurso das unidades e até 25% nos projetos das pró-reitorias, o que acabará prejudicando, entre outros, o ‘Descubra’ e o “Geoparques’. Mas, não apenas isso. Em outros eventos sobre o tema dos cortes, Luciano Schuch já havia citado aspectos como a redução de viagens para congressos que, agora, são prejuízos confirmados pelas direções de centro.

Um dos itens que deve ser impactado é o que se refere à alimentação de estudantes que não se enquadram no Benefício Socioeconômico (BSE). O reitor explica que em virtude de não pode tirar recursos do Programa de Assistência Estudantil (PNAES), isso impede de subsidiar a refeição para estudantes não carentes.

Com isso, diz ele, o que a UFSM vai poder fazer com os recursos que possui, é subsidiar em 50% a refeição. Dessa forma, partindo do atual valor do contrato, que atinge 12 reais por refeição, metade desse valor teria que ser pago pelo aluno ou aluna, o que deve atingir 6 reais per capita. Atualmente, conforme o DCE, o custo da refeição para estudante não BSE é de 2,50 reais. Esse novo valor, conforme Schuch, deverá ser comunicado ao Diretório Central na próxima semana. Feita essa conversa com a entidade, a ideia da reitoria é encaminhar a proposta para aprovação nos conselhos superiores da UFSM.

O dirigente da universidade também descarta novos cortes de serviços terceirizados. Segundo ele, as adequações que precisavam ser feitas, ocorreram no início do ano, gerando impacto em quase 100 postos de trabalho a menos na instituição. “Reduzir mais trabalhadores terceirizados inviabilizaria o funcionamento da UFSM”, frisa Schuch.

Na visão do reitor, mesmo que as pressões sigam para reverter os cortes, através da Andifes, por exemplo, o quadro ficou mais difícil de ser revertido, tendo em vista que o projeto de lei orçamentária para 2023 já foi aprovado pelos congressistas.

Reitor Luciano Schuch anunciará aumento no valor da refeição (não BSE) para 6 reais nos próximos dias

A situação nas Unidades de Ensino

Quando o reitor, Luciano Schuch, fala em “precarização dos serviços”, essa expressão pode ser medida no relato das direções de centros e dos campi. Há alguns casos, como o campus da UFSM de Cachoeira do Sul, que a situação já não era a ideal, tendo em vista o descumprimento por parte do governo do repasse de recursos para realizar a concretização da Unidade. “Como ainda somos uma unidade em implantação, ainda não temos o nosso quadro de servidores completo, com isso não houve cortes de pessoal terceirizado, porém necessitamos de aumento de nossa equipe o que fica inviável devido aos cortes no orçamento”, ressalta o diretor, professor Anderson Dalmolin.

A diretora do Centro de Ciências da Saúde (CCS), professor Maria Denise Schimith, analisa que os impactos dos cortes são muitos: “...alguns imediatos, como passagens aéreas, eventos, parte do custeio usado para materiais de laboratórios; então, pode impactar no serviço de odontologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, na pesquisa e na extensão. Para não cortar bolsistas pagos pelo CCS, optou-se por cortar em custeio de materiais”, enfatiza.

Tiago Marchezan, diretor do Centro de Tecnologia (CT), afirma que tiveram de reduzir as viagens de “forma drástica”. E acrescenta: “atualmente, somente conseguimos realizar as (viagens) essenciais. Projetos de pesquisa básica e de cunho social público são os mais afetados. As parcerias que temos têm nos ajudado a manter o financiamento nas pesquisas de cunho mais aplicado em desenvolvimento tecnológico. Mas, sabemos que esta não é a realidade para a maioria das unidades de ensino”.

O diretor do campus da UFSM em Frederico Westphalen, Braulio Caron, diz que, naquela Unidade, os tercerizados já são reduzidos. “Aqui foi cortado, até agora, a copeira, que fazia também o serviço de limpeza das cozinhas e um auxiliar de almoxarifado”, frisa ele.

Quando questionado sobre se os cortes afetam viagens, projetos nas diferentes áreas, Caron responde que estão “otimizando viagem de uma forma geral, com negativas a colegas que vêm solicitar viagem pela Direção”. Segundo ele, “se o departamento que o mesmo pertence ou programa de pós-graduação tem recurso para tal o faz, caso contrário, infelizmente, não estamos atendendo”. Todavia, comenta que, mesmo com os cortes, o campus destinou R$ 10 mil para o edital de extensão (COREDE).

José Neri Paniz, diretor do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), ao responder para a Sedufsm sobre os impactos na unidade, destacou que a participação de pesquisadores em eventos científicos foi “drasticamente afetada”. Segundo ele, após o período de pandemia, ao se retornar para aulas presenciais, e também as pesquisas, muitos insumos utilizados rotineiramente estavam com data de validade expirada. “Faz-se necessário a reposição destes, porém, com a escassez de recursos, não foi possível atualizarmos estes itens na totalidade”, sublinha ele.

Impacto gigantesco. Assim é a expressão utilizada pelo vice-diretor do Centro de Educação (CE), José Iran Ribeiro, para definir os efeitos da redução de verba por parte do governo federal.

“Nosso planejamento, baseado nos valores que imaginávamos receber foi bastante afetado, especialmente porque atendemos estudantes, geralmente, oriundos de famílias de baixa renda, que necessitam de suporte em vários sentidos para continuar seus estudos. Da mesma forma, por sermos um centro de formação de professores em todos os níveis, temos dificuldade em firmar projetos que nos permitam acesso a outras fontes de financiamento, além do financiamento do Estado e dos governos dos diferentes níveis. Assim, tanto as iniciativas de projetos de ensino, como também de pesquisa (graduação e pós-graduação) e de extensão foram afetados”, argumenta ele.

Daniel Graichen, vice-diretor do campus da UFSM de Palmeira das Missões, assinala que “desde o começo da pandemia já havíamos reduzido as viagens e diárias para servidores, então já estávamos em contingência nestes gastos”. Ele explica que “houve um contingenciamento por parte da unidade das viagens de estudo dos alunos, principalmente pelo fato de o valor que está disponível para este fim não foi reajustado e, portanto, não é mais suficiente para pagar o transporte”, isso, segundo Graichen, pela corrosão dos valores tanto pelo aumento dos combustíveis como também pela inflação.

O diretor do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD), Rosalvo Sawitski, aponta os efeitos no cotidiano da unidade. Além da redução de portaria, nos ginásios e na piscina, ele destaca que a diminuição da verba afeta o serviço de limpeza e os serviços de manutenção da piscina. Além da redução da quantidade de viagens, tanto de professores quanto de alunos, Sawitski cita a diminuição na participação em eventos nacionais e internacionais, assim como da participação de alunos e alunas em competições esportivas.

Sandro Medeiros, diretor do Centro de Ciências Rurais (CCR), destacou, quanto aos terceirizados que atuavam na unidade: “ocorreram cortes de dois agentes de portaria, um técnico em secretariado e um oficial de manutenção predial”. E avalia que “com a perda destes postos de trabalho, as principais atividades que ficarão comprometidas serão o recebimento e registro de amostras para projetos de pesquisa/extensão/prestação de serviços, manutenção predial, repasse de informações aos usuários, controle das chaves das salas de aulas/auditório e do acesso aos prédios”.

No que se refere a viagens relacionadas a projetos, Medeiros afirma que “a Direção não possui recursos para custeio de viagens referentes a projetos de pesquisa ou extensão, bem como participação em congressos”. E complementa: “As viagens necessárias às aulas práticas de graduação estão sendo mantidas até o momento. Mas, a viabilidade de tais viagens está ficando complicada devido ao aumento dos custos de manutenção dos ônibus do CCR aliado ao reajuste do combustível e do valor da diária”.

A assessoria de imprensa da Sedufsm reproduz, a seguir, a íntegra das perguntas efetuadas, bem como das respostas das direções de Unidades. Não foram obtidos retornos das direções do Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH) e do Centro de Artes e Letras (CAL).


As vozes das direções


Anderson Dalmolin

Diretor do Campus de Cachoeira do Sul

P- Qual o impacto específico na Unidade dos cortes orçamentários na sua Unidade?

R-Como somos um campus ainda em implantação os cortes nos afetam significativamente, neste ano buscamos junto à reitoria e MEC recursos para equipar minimamente nossos laboratórios de ensino, conseguimos a liberação de 3,5 milhões de reais especificamente para investimentos nos laboratórios e na rede lógica do campus. Porém, mesmo após a liberação, parte deste recurso foi contingenciado.

Também necessitamos de investimentos em infraestrutura (construção de calçadas, ruas, estacionamento, prédios para biblioteca, laboratórios de pesquisa, gabinetes de professores, guarita de fiscalização da entrada do campus). Com os cortes, a construção desta infraestrutura “básica” fica ainda mais complexa, pois a Universidade precisa investir no mantenimento da existente faltando recurso para investir em novas construções.

P- Houve redução de porteiros? Na Segurança? (Em caso positivo, qual o número, e de que forma impacta no dia a dia).

R-Como ainda somos uma unidade em implantação, ainda não temos o nosso quadro de servidores completo, com isso não houve cortes de pessoal terceirizado, porém necessitamos de aumento de nossa equipe o que fica inviável devido aos cortes no orçamento.

P- Em que outros pontos, a sua Unidade foi atingida? (Viagens, projetos de pesquisa, extensão?).

R- No início do ano havíamos programado a destinação de recursos para realização de visitas técnicas, participação em eventos científicos, fomento a projetos (ensino e extensão), bolsas para estudantes auxiliarem em setores com deficiência de pessoal. Após os cortes, todo este recurso foi redirecionado para mantenimento da estrutura operacional do campus.


Maria Denise Schimith

Diretora do CCS

P- Qual o impacto específico na Unidade dos cortes orçamentários na sua Unidade?

R- Os impactos são muitos, alguns imediatos, como passagens aéreas, eventos, parte do custeio usado para materiais de laboratórios; então, pode impactar no serviço de odontologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, na pesquisa e na extensão. Para não cortar bolsistas pagos pelo CCS, optou-se por cortar em custeio de materiais.

No entanto, outros impactos acontecerão de forma indireta, como o ‘Descubra’ que será realizado sem o pagamento de bolsistas. Nossos estudantes não receberão os recursos e sofrerão com a ausência dessa ajuda financeira.

P- Houve redução de porteiros? Na Segurança? (Em caso positivo, qual o número, e de que forma impacta no dia a dia).

R- A UFSM contrata via terceirização as pessoas que trabalham nas portarias e vigilância. Com decisão coletiva, nós, do CCS, optamos por não retirar as pessoas e preservar ao máximo os empregos, mas, com isso, comprometemos nossos recursos de custeio. Apenas o prédio 26A reduzirá o período de funcionamento de portaria, passando para 12h horas diárias, das 7h às 19h, antes, era das 7h às 23h. Os demais manterão portarias ou vigilantes, mas a conta será paga pelo CCS.

P- Em que outros pontos, a sua Unidade foi atingida? (Viagens, projetos de pesquisa, extensão?).

R- A reitoria respeita a autonomia da unidade de ensino, mas para padronizar a conduta na UFSM, com outros centros, optou-se por cortar viagens, como dito anteriormente. Não é possível mensurar o efeito desta medida, pois vai privar professores, técnico-administrativos e estudantes de estabecer contatos com outras universidades, comprometendo parcerias futuras.


Braulio Caron

Diretor do campus de Frederico Westphalen

P- Qual o impacto específico na Unidade dos cortes orçamentários na sua Unidade?

R- As medidas adotadas resultantes dos cortes orçamentários culminaram em um corte de 12,5% do nosso IDR.

P- Houve redução de porteiros? Na Segurança? (Em caso positivo, qual o número, e de que forma impacta no dia a dia).

R- Nossos tercerizados já são reduzindos no campus da UFSM/FW. Aqui foi cortado até agora a copeira, que fazia também o serviço de limpeza das cozinhas e um auxiliar de almoxarifado.

P- Em que outros pontos, a sua Unidade foi atingida? (Viagens, projetos de pesquisa, extensão?)

R- Estamos otimizando viagem de uma forma geral, com negativas a colegas que vêm solicitar viagem pela Direção. Se o departamento que o mesmo pertence ou programa de pós-graduação tem recurso para tal o faz, caso contrário, infelizmente, não estamos atendendo. Mesmo com estes cortes o Campus destinou R$ 10.000,00 para o edital de extensão – COREDE.
 

Daniel Graichen

Vice-diretor da UFSM, campus de Palmeira das Missões

P- Qual o impacto específico na Unidade dos cortes orçamentários na sua Unidade?

R-Houve perda e 3 vagas de terceirizados, 1 recepcionista e 2 serviços gerais. (15% da força de trabalho). Em termos de recursos para custeio, o quantitativo previsto foi liberado (somos uma unidade que já trabalha no limite).

P- Houve redução de porteiros? Na Segurança? (Em caso positivo, qual o número, e de que forma impacta no dia a dia).

R- Já trabalhávamos com o mínimo possível, então não houve redução nos postos de vigilância, nem nos postos de portaria. A única redução nesse item foi de uma recepcionista que atuava na biblioteca e foi dispensada.

P- Em que outros pontos, a sua Unidade foi atingida? (Viagens, projetos de pesquisa, extensão?).

R- Desde o começo da pandemia já havíamos reduzido as viagens e diárias para servidores, então já estávamos em contingência nestes gastos. Houve um contingenciamento por parte da unidade das viagens de estudo dos alunos, principalmente pelo fato de o valor que está disponível para este fim não foi reajustado e, portanto, não é mais suficiente para pagar o transporte (pelo fato da inflação e dos reajustes dos combustíveis ter corroído o valor disponível).


José Neri Paniz

Diretor do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE)

P- Qual o impacto específico na Unidade dos cortes orçamentários na sua Unidade?

R- Os impactos atingem vários aspectos no âmbito da administração, pesquisa e ensino e extensão, não sendo, portanto, uma situação específica. Temos encontrado dificuldades na manutenção de nossa infraestrutura, principalmente laboratórios.

P- Houve redução de porteiros? Na Segurança? (Em caso positivo, qual o número, e de que forma impacta no dia a dia).

R- No CCNE houve a redução de uma portaria em um de seus prédios.

P- Em que outros pontos, a sua Unidade foi atingida? (Viagens, projetos de pesquisa, extensão?)

R- A participação de pesquisadores em eventos científicos foi drasticamente afetada. Após o período de pandemia, ao se retornar para aulas presenciais (e também pesquisas), muitos insumos utilizados rotineiramente estavam com data de validade expirada. Faz-se necessário a reposição destes, porém, com a escassez de recursos, não foi possível atualizarmos estes itens na totalidade.

Outra dificuldade é o tipo de rubrica que nos foi liberada. Apenas de custeio e não para investimentos. Assim, para cada necessidade, muito bem justificada, fez-se necessário solicitação de conversão de rubrica. O que causa insegurança administrativa.

Tiago Marchezan

Diretor do Centro de Tecnologia (CT.)

P- Qual o impacto específico na Unidade dos cortes orçamentários na sua Unidade?

R-O impacto para o CT não difere muito do impacto geral da UFSM. Infelizmente, traz a precarização em muitos serviços e impacto em projetos importantes do CT.

P- Houve redução de porteiros? Na Segurança? (Em caso positivo, qual o número, e de que forma impacta no dia a dia).

R- No CT já trabalhávamos com uma única portaria. Desta forma não sofremos impactos neste ponto. Mas, com certeza, a redução da segurança na UFSM afeta também a nós.

P- Em que outros pontos, a sua Unidade foi atingida? (Viagens, projetos de pesquisa, extensão?).

R-Tivemos que reduzir viagens de forma drástica e, atualmente, somente conseguimos realizar as essenciais. Projetos de pesquisa básica e de cunho social público são os mais afetados. As parcerias que temos têm nos ajudado a manter o financiamento nas pesquisas de cunho mais aplicado em desenvolvimento tecnológico. Mas, sabemos que esta não é a realidade para a maioria das unidades de ensino. As pesquisas nas áreas sociais e de base com certeza são enormemente afetadas.

Rosalvo Sawitski

Diretor do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD)

P- Qual o impacto específico na Unidade dos cortes orçamentários na sua Unidade?

R- Em 2019 o IDR do CEFD, que já é o menor de todas as unidades de ensino foi de R$ 359.639,55. Esse ano, 2022, ele baixou para R$ 313.393,81, e após a última redução foi para R$ 274.219,58.

Isso impactou negativamente na aquisição de materiais de consumo para aulas e projetos, na aquisição de softwares para pesquisas, na compra de equipamentos novos.

P- Houve redução de porteiros? Na Segurança? (Em caso positivo, qual o número, e de que forma impacta no dia a dia).

R- Redução de portaria, nos ginásios e piscina; Serviço de limpeza; Serviços de manutenção da piscina.

P- Em que outros pontos, a sua Unidade foi atingida? (Viagens, projetos de pesquisa, extensão?).

R- Os cortes orçamentários impactaram muito na quantidade de viagens tanto de professores quanto de alunos. Diminuiu-se a participação em eventos nacionais e internacionais. Além da participação dos alunos em competições esportivas.


José Iran Ribeiro

Vice-diretor do Centro de Educação/ UFSM

P- Qual o impacto específico na Unidade dos cortes orçamentários na sua Unidade?

R- O impacto está sendo gigantesco. Nosso planejamento, baseado nos valores que imaginávamos receber foi bastante afetado, especialmente porque atendemos estudantes, geralmente, oriundos de famílias de baixa renda, que necessitam de suporte em vários sentidos para continuar seus estudos. Da mesma forma, por sermos um centro de formação de professores em todos os níveis, temos dificuldade em firmar projetos que nos permitam acesso a outras fontes de financiamento, além do financiamento do Estado e dos governos dos diferentes níveis. Assim, tanto as iniciativas de projetos de ensino, como também de pesquisa (graduação e pós-graduação) e de extensão foram afetados.

Destaco que a quase totalidade das nossas ações se dão com instituições e redes de ensino públicas, oferecendo cursos de formação continuada, acompanhamento de projetos, realizando eventos, reunindo pesquisadores nacionais e estrangeiros, etc, aproximando a universidade e pesquisadores diversos aos profissionais que atuam na educação básica.

A falta de recursos significa a impossibilidade desse diálogo tão necessário, especialmente num período em que a educação básica foi tão afetada pelos anos da pandemia. Estamos sofrendo a falta de recursos para oferecermos a infraestrutura necessária para realizarmos nosso trabalho, como melhoria no sinal de internet, na realização de obras, de manutenção dos prédios, de melhora nas condições de trabalho, etc.     Por exemplo, necessitamos aprimorar as condições de acessibilidade aos estudantes com necessidades especiais e, infelizmente, ficamos muito limitados de adquirir equipamentos e programas que permitam a inclusão dessas pessoas. E é importante destacar que somos um centro que atrai muitos estudantes especiais em razão dos nossos cursos de Educação Especial. Outro caso, os cortes incidiram na impossibilidade de comprarmos livros para as nossas bibliotecas neste ano, que é o principal material utilizado para o estudo dos nossos estudantes. Outras iniciativas, como a conclusão da construção do Museu do Conhecimento, que busca aprofundar o contato da Universidade com a comunidade escolar e da região, também tem sua efetivação comprometida.

Tais cortes resultam na precarização da formação que nossos estudantes recebem e, consequentemente, na formação de professores que seriam melhor formados, afetando, portanto, a qualidade do trabalho nas escolas onde esses profissionais atuarão brevemente, prejudicando as crianças, toda a nossa sociedade e o futuro do nosso país. Precarizar a educação é um desserviço e um prejuízo irrecuperável.

P- Houve redução de porteiros? Na Segurança? (Em caso positivo, qual o número, e de que forma impacta no dia a dia).

R- Somos uma unidade comparativamente pequena, com dois prédios. Deixamos de contar com segurança e portarias de atendimentos aos servidores, estudantes e aos visitantes.

Resolvemos o problema da portaria com alguma facilidade. O que nos preocupa mais é a falta de segurança, especialmente, à noite, pois nossa comunidade é em grande parte formada por mulheres, servidoras e estudantes, e nossos cursos de graduação e pós-graduação também funcionam a noite e aos finais de semana.

P- Em que outros pontos, a sua Unidade foi atingida? (Viagens, projetos de pesquisa, extensão?).

R- Nossas viagens de trabalho, de apresentação de trabalhos por estudantes e professores em eventos nacionais e internacionais, nossas viagens de assessoramento às redes de ensino de várias regiões do estado, no pagamento de bolsas de iniciação científica - de valores inferiores a R$ 500,00 por mês - foram reduzidas.

Em outro sentido, temos dificuldade de custear passagens e diárias aos pesquisadores que gostaríamos de trazer para estimular os projetos dos nossos estudantes e os colegas professores que normalmente tem no Centro de Educação um lugar de referência de formação continuada.


Sandro Luis Petter Medeiros
Diretor do CCR

P- Qual o impacto específico na Unidade dos cortes orçamentários na sua Unidade?

R-Ocorreu uma redução de R$ 500.000,00 no recurso do CCR para o ano 2022.

P- Houve redução de porteiros? Na Segurança? (Em caso positivo, qual o número, e de que forma impacta no dia a dia).

Especificamente com relação aos terceirizados que atuavam no CCR, ocorreram cortes de dois agentes de portaria, um técnico em secretariado e um oficial de manutenção predial.

Com a perda destes postos de trabalho, as principais atividades que ficarão comprometidas serão o recebimento e registro de amostras para projetos de pesquisa/extensão/prestação de serviços, manutenção predial, repasse de informações aos usuários, controle das chaves das salas de aulas/auditório e do acesso aos prédios.

P- Em que outros pontos, a sua Unidade foi atingida? (Viagens, projetos de pesquisa, extensão?).

R-A Direção não possui recursos para custeio de viagens referentes a projetos de pesquisa ou extensão, bem como participação em congressos. As viagens necessárias as aulas práticas de graduação estão sendo mantidas até o momento. Mas, a viabilidade de tais viagens está ficando complicada devido ao aumento dos custos de manutenção dos ônibus do CCR aliado ao reajuste do combustível e do valor da diária. As reformas serão executadas conforme o grau de urgência e sua estimativa de custo.

 

Texto: Fritz R. Nunes
Fotos: Arquivo Sedufsm e UFSM
Assessoria de imprensa da Sedufsm

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