Dica: rever ‘Cidade de Deus’, um clássico que completa 20 anos SVG: calendario Publicada em 07/10/22
SVG: atualizacao Atualizada em 07/10/22 16h12m
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Professor Diorge Konrad sugere filme brasileiro que está na lista dos melhores de todos os tempos

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Sextou! Nesta sexta, 7 de outubro, a dica cultural é do professor do departamento de História da UFSM, Diorge Alceno Konrad. Ele sugere revisitar a obra filmográfica de Fernando Meirelles (e Kátia Lund), lançada em agosto de 2002, duas décadas atrás: “Cidade de Deus”. O longa-metragem, que se encontra na lista dos melhores filmes produzidos no Brasil em todos os tempos, além de uma revolução estética traz também um conteúdo inovador na crítica social. Leia a dica abaixo.

“Filme ‘Cidade de Deus’ é o C..

Quando assisti Cidade de Deus nas estreias de cinema, em setembro de 2002, meu impacto inicial se deu pela fotografia e pelos movimentos de câmera, perguntando-me “o que foi que eu vi?”.

Passados 20 anos de seu lançamento, o filme de Fernando Meirelles, com a codireção de Kátia Lund, já está na lista da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) como um dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos, na oitava colocação, mas continua me impactando pelo conjunto da obra.

Listas são listas, mas não há como descartar que, passadas duas décadas, as renovações do filme não se resumem às questões técnicas e o indicam a qualquer relação entre os melhores já produzidos no Brasil. Aliás, o roteiro excepcional de Paulo Lins, autor do livro homônimo, é um tour pela expansão urbana em nosso País durante a Ditadura Civil-Militar (1964-1985), relacionando a mesma com o crescimento do tráfico de drogas e a violência daí decorrente.

Esteticamente revolucionada no filme, esta violência é mostrada cruamente através de densa crítica social, vivenciados pelo autor do livro e colaborador no roteiro de Bráulio Mantovani, em sua infância e adolescência, no bairro que titula a película e a obra literária  Num estilo faroeste, com todos os ingredientes das técnicas de propaganda, experimentadas pelos diretores em suas trajetórias profissionais até então, Cidade de Deus ainda lançou grandes nomes do audiovisual brasileiro, como os atores Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino, Douglas Silva, Alice Braga, os irmãos Jonathan e Phellipe Haagensen, alguns deles oriundos do movimento “Cinema do Morro”, uma das grandes escolas de teledramaturgia da periferia carioca, a partir do Morro do Vidigal.

Quando vi o pela primeira vez, numa sala de Porto Alegre, recém havia morado no Rio de Janeiro, por pouco mais de um ano, as contradições e divisões sociais entre o asfalto e o morro, entre a Zona Sul e as zonas Oeste e Norte da “Cidade Maravilhosa”,  mostradas nesta obra-prima, já haviam consolidado milícias urbanas, “política de segurança” apenas com recorte repressivo, o que configura-se em ações de extermínio da juventude periférica, sobretudo de recorte étnico-racial negra, algo mostrado de forma esplendorosa no filme, a partir da comunidade que dá título ao livro e ao filme.

“Dadinho o caralho! Meu nome agora é Zé Pequeno, tá entendendo?”, num diálogo do filme, é uma das frases mais cultuadas do cinema brasileiro. Mas, a cena em que Zé Pequeno (Firmino) tira de trás do calção uma pistola e parece que ele vai matar alguém, entretanto, aponta o revólver para o alto, e dá a ordem: “Senta o dedo no galo!”,  quando seus parceiros igualmente sacam suas armas e correm atrás de um galo, com cenas de duas ações paralelas, enquanto Buscapé (Rodrigues) levanta um pouco a sua câmera fotográfica e recebe a ordem de Zé Pequeno: “Segura o galo!”, é extraordinária. A posição de “goleiro de galo”, ao mesmo tempo que aparece uma patrulha policial, leva Busca-Pé a vaticinar: “Na Cidade de Deus, não dá pra saber o que é pior: encarar os bandidos ou a polícia. É um bangue-bangue sem mocinho.”

Há muito mais em Cidade de Deus!!! Foram quatro indicações ao Oscar (um recorde entre os nossos filmes) e várias premiações, com destaque para melhor filme, diretor, roteiro adaptado, fotografia, som e edição no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Quem já assistiu, reveja para novos conceitos! Quem ainda não viu, maravilhe-se!.”

Diorge Alceno Konrad

Professor Titular do Departamento e do PPG em História da UFSM, doutor em História Social do Trabalho pela UNICAMP.

Imagens: Arquivo e divulgação

Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm)

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