Mais de duas mil pessoas convivem com o HIV em Santa Maria em 2022 SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 07/12/22 19h59m
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Cidade tem Fórum responsável por viabilizar tratamento via SUS e garantir ações de prevenção e combate ao preconceito

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Ação promovida pela Política HIV/Aids IST e Hepatites Virais de Santa Maria

Desde o início da década de 1980, quando os primeiros casos de HIV foram registrados no Brasil, até o dia 31 de dezembro de 2021, o país amargou 371.744 óbitos ocasionados pelo vírus e pela doença por ele desencadeada (a Aids). Na região sul ocorreram 17,9% de todas essas mortes, o que a fez ficar em segundo lugar no ranking de mortalidade da doença, perdendo apenas para a região sudeste, palco de 56,6% dessas mortes.

E, na região sul, a cidade de Porto Alegre destaca-se negativamente: em 2021, a capital gaúcha apresentou o maior coeficiente de mortalidade do país, com 22,6 óbitos a cada 100 mil habitantes, o que significa um coeficiente cinco vezes mais alto que o observado nacionalmente.

O fato de Porto Alegre ser a capital brasileira com maior taxa de detecção de infecções pelo HIV em gestantes, parturientes e puérperas também preocupa. São 17,1 casos a cada mil nascidos vivos (NV), quase seis vezes a taxa nacional (3 casos/mil NV).

Nacionalmente, mais da metade dos casos de infecção por HIV encontram-se em jovens de 20 a 29 anos. Em 2021, a ocorrência de novas infecções pelo HIV em mulheres entre 15 e 34 anos representou 45,6% dos casos. Isso demonstra a necessidade da oferta de educação sexual nas escolas como medida preventiva não só ao HIV, mas a outras infecções sexualmente transmissíveis.

Na linha histórica brasileira, dos anos 80 até junho de 2022, foram detectados 1.088.536 casos de Aids.

Os dados acima provêm do Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde neste mês de dezembro, período reservado à conscientização do HIV, tendo como marco o 1º de dezembro, Dia Mundial de Combate à Aids.

No que tange à Santa Maria, conforme dados cedidos pela servidora responsável pela Política Municipal HIV/Aids, ISTs e Hepatites Virais, Márcia Gabriela de Lima, de janeiro a outubro de 2022, 157 novos casos de infecção foram notificados pela Vigilância Epidemiológica do município. Em entrevista concedida via email à Assessoria de Imprensa da Sedufsm, ela afirma que Santa Maria tem, hoje, aproximadamente 2,5 mil pessoas convivendo com o vírus, sendo que 800 abandonaram o tratamento.

Na cidade, um dos locais que oferece maior suporte às pessoas que receiam terem tido contato com o vírus ou tenham sido efetivamente diagnosticadas com o HIV é a Casa Treze de Maio, que reúne, segundo divulgado pelo site da Prefeitura Municipal, um Serviço de Assistência Especializada (SAE) e um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) com foco na prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), HIV e Hepatites Virais (B e C).

Além da Casa Treze, todas as Unidades Básicas de Saúde oferecem testagens rápidas para HIV, Sífilis, Hepatite B e C, conforme informado à nossa assessoria. De 2021 até novembro de 2022, foi realizada a seguinte quantidade de testes em Santa Maria:

 

Testes/Ano

 

 

2021

 

Nov. 2022

 

HIV

 

7.561

 

11.287

 

HIV Gestante/Parceiro

 

2.314

 

2.207

 

Sífilis

 

7.196

 

11.093

 

Sífilis Gestante/Parceiro

 

2.319

 

2.098

 

Hepatite B

 

9.777

 

12.802

 

Hepatite C

 

9.651

 

8.709*

 

Total

 

38.818

 

48.196

 

 

*Falta de estoque de testes Hepatite C no Estado: Julho a Outubro de 2022, ocasionado por cortes orçamentários decretados pelo governo de Jair Bolsonaro da ordem de R$ 3,3 bilhões no Ministério da Saúde. Tais tesouradas afetaram programas que distribuem medicamentos para tratamento da Aids, infecções sexualmente transmissíveis e hepatites.

O tratamento em Santa Maria

Tendo recebido o diagnóstico positivo, o paciente é encaminhado a uma rede de tratamento na cidade, conforme explica Márcia Gabriela:

“Após o diagnóstico positivo, a/o paciente passa a ser acompanhado pela equipe multiprofissional do SAE/CTA Casa Treze de Maio, seus exames são encaminhados e, para retirada das medicações, o paciente o fará gratuitamente na UDM Municipal. O tratamento consiste na administração diária de antirretrovirais, e estando em tratamento regular, ao longo do tempo, o paciente consegue ficar indetectável ao vírus, não transmitindo para terceiros e evitando de desenvolver a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida”, explica a enfermeira.

Visando a enfrentar o preconceito ainda existente e oferecer uma rede de apoio ampla e efetiva às pessoas que convivem com o vírus e a doença, formou-se em agosto de 2021, mediante Portaria da Secretaria de Saúde do Município, o Fórum Municipal de Ações em Resposta ao HIV. Constituído devido a uma iniciativa da sociedade civil, o Fórum foi lançado oficialmente em setembro do mesmo ano, em ato na Câmara Municipal de Vereadores. No colegiado do Fórum estão reunidas organizações que atuam no campo da HIV/AIDS, direitos humanos e saúde pública. São, ao todo, 30 representações, distribuídas nos serviços de saúde, controle social, defesa do Sistema Único de Saúde, prevenção com ações relacionadas ao HIV e outras infecções, e garantia de direitos das pessoas que vivem com HIV/Aids.

Já no primeiro artigo do estatuto do Fórum, está seu objetivo principal: Propor e apoiar ações que visem a ampliar estratégias de prevenção e educação em saúde, suprimindo o preconceito e estigmatização às pessoas que vivem com HIV.

*Lançamento do Fórum na Câmara de Vereadores de Santa Maria

Combate ao vírus e ao conservadorismo

Andréia Silva, assistente social e presidenta do Fórum, comenta que o Brasil já foi reconhecido por seus avanços na luta contra ao HIV/Aids, seja através do fornecimento da terapia antirretroviral pelo Sistema Único de Saúde (SUS), seja pelo alinhamento entre ONGs e sociedade civil para que, além do tratamento, também se atuasse no combate ao estigma que cerca a doença e na promoção da informação e prevenção. A situação atual, contudo, é um pouco diferente.

“[...] nunca vi, em tantos anos de atuação no movimento de luta contra o HIV/Aids, situação tão crítica como a que vivemos agora, são tantos retrocessos. Recentemente os cortes do governo federal no Ministério da Saúde prejudicam ações de prevenção, tratamento e distribuição de medicamentos antirretrovirais que proporcionam mais qualidade de vida às pessoas que vivem com HIV/Aids e a adesão ao tratamento faz com que a carga viral fique indetectável”, preocupa-se Andréia, para quem é preciso que o Brasil retome esse lugar de reconhecimento.

“[...] as políticas de enfrentamento ao vírus têm que superar a influência de setores conservadores, que insistem na moralização do HIV/Aids ao invés do entendimento dessa pandemia como problema de saúde pública, em que o combate ao estigma e as discriminações são elementos fundamentais para ações bem sucedidas. Acredito que o Fórum tem potencial para tudo isso no município de Santa Maria e de articulação nessa caminhada cheia de demandas coletivas”, complementa a presidenta do Fórum.

Ela antecipa que em breve será inaugurado, na Rua 13 de Maio, o Centro de Apoio e Direitos das Pessoas que Vivem com HIV, imbuído de atuar em dois eixos: empregabilidade e segurança alimentar, ambos motivos de interrupção do tratamento por muitas pessoas hoje.

“O centro é uma iniciativa e será coordenado pelo Fórum. Estamos na fase final de organização do espaço físico e das oficinas de geração de renda que ali funcionarão [...] O Fórum, desde a sua criação, tem sido um importante espaço de interlocução com os gestores de políticas públicas em HIV/Aids, principalmente com a Secretaria de Saúde e a Política Municipal de  HIV/AIDS, ISTS e Hepatites Virais. Estabelecemos boas parcerias para impulsionar as ações de prevenção e viabilizar a nossa principal luta, que é a garantia de acesso ao tratamento no SUS [..]”, diz Andréia.

Veja, abaixo, as e os representantes que integram o Fórum Municipal de Ações em Resposta ao HIV:

Márcia Gabriela Rodrigues de Lima (Política Municipal de IST's/HIV/AIDS); Lindamara de Mello Martins (Ambulatório de Tuberculose e Hanseníase); Andreia Silva e Patricia Costenaro (Grupo de Apoio e Prevenção ao HIV); Amara Battistel, Carla Centurião e Maria do Carmo Quagliato (Conselho Municipal de Saúde); Maclaine de Oliveira Roos (4ª Coordenadoria Regional de Saúde); Danieli Brum, Júlia Zancan Bresolin e Tássia Tassinari (CTA/SAE Casa Treze de Maio); Maísa de Carvalho Corrêa (Unidade Dispensadora de Medicamentos Municipal- UDM); Laís Mara Caetano, Stela Maris, Cristiane Cardoso de Paula e Tassiane Landerdoff (Universidade Federal de Santa Maria); Laura Vielmo (UDM Hospital Universitário de Santa Maria); Tatiana Dalla Costa e Bruna Surdi Alves (Projeto: Vem testar! PRAE/UFSM- Casa do Estudante); Genair Schneider (Pastoral da Aids), Carlos Edimilson Ávila de Lima e Alexandre Machado (Coletivo Atitude Positiva de Santa Maria), Renata Quartiero (Advogada/Comissão Especial de Diversidade Sexual e Gênero OAB/Santa Maria), Dayane Donaduzzi (Superintendência da Atenção Primária à Saúde da Secretaria da Saúde de Santa Maria), Gabriela Quartiero (Coletivo Voe); Martha Helena Teixeira de Souza (Enfermeira/colaboradora externa); Camila dos Santos Gonçalves (Psicóloga/colaboradora externa); Mateus Denardin (Médico- Prefeitura de Santa Maria); Jorge Luis Silveira Marques (Fioterapeuta- Residente Universidade Franciscana- UFN), Aline Cerqueira Silva (Biomédica- Residente UFN), Caroline Felli Kubiça (Psicóloga - Residente UFSM), Laura Moreira Schindler (Enfermeira - Residente UFSM), Johnatan Soares Garrot (Terapeuta Ocupacional- Residente UFSM), Melissa Caroline Hermann Dias (Psicóloga- Residente UFN), Guilherme Weber (Médico Infectologista/Casa 13 de Maio e Ambulatório de Tuberculose).

Acompanhe o trabalho do Fórum no Facebook e no Instagram. Se preferir, o contato pode ser realizado por email: forumhivsm@gmail.com

Testagem rápida na UFSM

Desde 2018, a Ufsm tem o programa #VemTestar, que consiste na disponibilização de testes rápidos para HIV, sífilis e hepatites virais para todas e todos os estudantes da universidade. As testagens são realizadas todas as quintas-feiras, das 11h às 13h, no prédio da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), 48-D, 3º andar, no setor de atendimento odontológico. Semanalmente são disponibilizados 15 testes rápidos.

Bruna Surdi, assistente social integrante do projeto, explica que, desde o último mês de agosto, quando a iniciativa foi retomada, a procura das e dos estudantes tem sido alta.

“A ideia é disponibilizar um espaço de acolhimento, seguro e livre de discriminação. Que os estudantes possam ter um local próximo e sigiloso para realizar não só a testagem, mas tirar dúvidas sobre educação sexual. Até o momento não podemos dizer que enfrentamos resistência, mas com certeza não recebemos muito incentivo institucional para a continuidade das nossas ações. Inclusive, atualmente nosso projeto ocorre na sala de atendimento odontológico, pois não possuímos uma sala com infraestrutura necessária para a testagem. Esperamos que com as novas parcerias, inclusive o PET enfermagem, possamos chegar cada vez mais nos estudantes”, diz a servidora.

Hoje, o projeto é vinculado à PRAE e conta com a parceria do Município de Santa Maria, responsável por fornecer os insumos necessários através da Política Municipal de HIV/Aids, IST's e Hepatites Virais. O #VemTestar também integram o Fórum Municipal de Ações em Resposta ao HIV.

Para o dia 15 de dezembro deste ano está prevista uma grande ação conjunta de testagem, aconselhamento, distribuição de preservativos e atrações musicais em frente ao Restaurante Universitário 1 (campus da Ufsm em Camobi). Ação semelhante foi realizada já em outros momentos, como na Semana da Calourada da Ufsm, em abril de 2022.

 

Texto: Bruna Homrich

Imagens: Divulgação e Mateus Azevedo/Câmara Municipal de Santa Maria

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

 

 

 

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