Sindicalismo na UFSM e o legado deixado por Clovis Guterres SVG: calendario Publicada em
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Docentes manifestam-se sobre falecimento, que ocorreu nesta segunda, 20 de novembro

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Clovis Guterres, em janeiro de 2020, durante entrevista concedida à assessoria de imprensa da Sedufsm

Educador, humanizador, líder e conselheiro. Esses são alguns dos inúmeros adjetivos que docentes, antigas e atuais lideranças sindicais, atribuem a Clovis Renan Jacques Guterres, falecido nesta segunda, 20 de novembro, aos 76 anos. O professor Clovis, como era mais conhecido, além de pai da Melina e do Daniel, esposo da Rosana Zuccolo, foi uma importante liderança do movimento docente nos anos 80, quando ainda não havia sindicato, e comandava as lutas reivindicatórias através da Associação dos Professores Universitários (Apusm).

Em 7 de novembro de 1989, quando da fundação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm), Clovis Guterres foi eleito presidente da gestão provisória (mandato de um ano), tendo ainda como companheiros(as) o professor Eduardo Ravagni, a professora Berenice Corsetti, o professor Clauton Monte Machado, o professor Luiz Ernani Bonesso de Araújo, o professor Israel Mármol, a professora Rosane Cattani, a professora Cecilia Pires e a professora Beatriz Pippi Quintanilha.

Dos tempos de diretoria da Apusm, o seu vice, professor Edson Nunes de Morais, comenta: “Foi um exemplo de profissional da educação, de um gestor acadêmico, de um professor, de um político ético, enfim, foi um exemplo de homem. Um dos maiores nomes da UFSM.”

Já no período de fundação do sindicato docente na UFSM, o destaque é da sua companheira de muitas lutas, desde os tempos do Movimento Universitário de Santa Maria (MUSM) junto com Sérgio Pires, a professora Cecilia Maria Pinto Pires: “Um lutador pelas causas humanas na sua plenitude. Um líder sindical, um professor que ensinava e aprendia. Um educador. Um justo!”.

Após suas contribuições ao movimento docente nos anos 1980, Clovis Guterres passou entre o final dos anos 1980 e o início dos anos 1990 pela direção do Centro de Educação da UFSM, retornando à diretoria da Sedufsm na gestão “Reconstrução”, de 2002 a 2004, quando esteve ao lado do professor Paulo Burmann, que era o vice-presidente da entidade. E foi com Burmann que aceitou a empreitada difícil de concorrer à reitoria da UFSM, em 2005, sem lograr êxito.

Após a vitória de Burmann à reitoria, que só viria a acontecer em 2013, Guterres foi convocado para colaborar com o tema que sempre foi uma marca de sua militância: a elaboração de uma Estatuinte universitária, que deixasse para atrás o entulho autoritário. O docente deu o pontapé inicial na coordenação dos debates, chamando as entidades dos segmentos, mas teve que se afastar por problemas de saúde. O trabalho que se seguiu em relação a esse tema não conseguiu efetivar um estatuto democrático para a instituição.

Sobre a perda de Guterres, assim se manifesta o ex-reitor, Paulo Burmann: “Perdemos o grande professor, amigo, conselheiro, orientador, líder. Perdemos todos: a família, amigos, colegas, estudantes, a educação, a política, à Universidade - o Clovis foi um grande parceiro. Destas pessoas que vai fazer muita falta na UFSM e para todos nós. Uma figura humana que deixa um vácuo em nosso meio de dificílimo preenchimento. Um pensamento político e social revolucionário baseado no compromisso com o ser humano.”

Em mensagem encaminhada à Sedufsm, a ex-diretora e também integrante do grupo fundante da seção sindical, professora Marian Noal Moro, expressa sua emotividade: “Clovis, grande companheiro. Sempre presente nas lutas sociais. Caminhando junto na construção do MUSM e da SEDUFSM. Presente na defesa da UFSM em todos os momentos. Grande emoção. Muito carinho e gratidão.”

Berenice Corsetti, aposentada do departamento de História da UFSM e presidente das duas gestões da Sedufsm após a provisória, entre 1990 e 1994, destacou através das redes sociais o papel de Clovis Guterres: “Minha homenagem a esse grande batalhador pelas causas universitárias e sindicais. Meu reconhecimento por sua trajetória e contribuição”, sublinhou.

Mesmo para a geração que não conviveu com Clovis Guterres nos idos anos 80, 90 e início dos anos 2000, a simbologia dele é indiscutível. Ascísio Pereira, atual presidente da Sedufsm, que foi colega de Guterres no Centro de Educação e também na reitoria, na primeira gestão de Paulo Burmann, atesta isso:

“Foi um colega excepcional, companheiro acolhedor, generoso e atento a uma educação humanizadora, crítica e ao mesmo tempo gentil e comprometido. Pensou a educação de forma transformadora e séria. Acolhia e aconselhava com muito cuidado, estava sempre disposto ao bom diálogo e a ajudar naquilo que fosse preciso.”

Carlos Alberto da Fonseca Pires, presidente da Sedufsm de 2004 a 2006, mas que participou da gestão ‘Reconstrução’ da Sedufsm (2002 a 2004), ao lado de Clovis Guterres, também assinala essa relevância. “Clovis Guterres foi um exemplo de vida. Solidário e companheiro. Foi presidente de Diretório Acadêmico, presidente da APUSM no período de fundação do ANDES. Foi também fundador e primeiro presidente da Sedufsm. Tenho orgulho de ter convivido com ele. Fica o aprendizado, a alegria das vitórias e a lembrança da solidariedade nas lutas”.

Mas, dentre tantos e tantas que conheceram e conviveram com Clovis Guterres, o professor do departamento de História da UFSM, ex-presidente da Sedufsm de 2006 a 2008, Diorge Konrad, em depoimento à assessoria de imprensa da Sedufsm, sintetiza um pouco do que pensa sobre os atributos de um verdadeiro “Mestre”.

“Desde adolescência sonhei em vir para Santa Maria. Concretizado o sonho, a partir de 1985, a UFSM me ensinou tantas coisas ao longo da vida. Outras tantas aprendi no movimento estudantil e nele, nos espelhando entre vários docentes e técnico-administrativos que fizeram sua luta por uma universidade autônoma, democrática, de qualidade e socialmente referenciada, na linha de frente, desde a luta contra a Ditadura, esteve Clovis Guterres. Que lembranças boas daqueles tempos em que o humanismo deste mestre da fala mansa e profunda, filósofo da educação, nos deixava legados que se eternizaram na camaradagem acadêmica tão em falta no nosso meio.”

A seguir, a íntegra dos depoimentos

“O professor Clovis Guterres foi um colega excepcional, companheiro acolhedor, generoso e atento a uma educação humanizadora, crítica e ao mesmo tempo gentil e comprometido. Pensou a educação de forma transformadora e séria, acolhia e aconselhava com muito cuidado, estava sempre disposto ao bom diálogo e ajudar naquilo que fosse preciso. Ficaremos com as suas ótimas memórias e o papel fundamental que teve no centro de educação e em toda a UFSM, Clóvis presente, agora e sempre!”.

(Ascísio Pereira, professor do departamento de Fundamentos da Educação da UFSM, atual presidente da Sedufsm)
 

“Que lástima. Perdemos o grande professor, amigo, conselheiro, orientador, líder, professor Clovis Renan Jacques Guterres. Perdemos todos: a família, amigos, colegas, estudantes, a educação, a política, à Universidade - o Clovis foi um grande parceiro. Destas pessoas que vai fazer muita falta na UFSM e para todos nós!

Uma figura humana que deixa um vácuo em nosso meio de dificílimo preenchimento. Um pensamento político e social revolucionário baseado no compromisso com o ser humano. Aprendi, como tantos outros com o Clovis. Vá em paz, caro amigo!”.

(Paulo Afonso Burmann, reitor da UFSM entre 2013 e 2021, vice-presidente da Sedufsm de 2000 a 2004).



“Faleceu o meu amigo Clovis Guterres. Um lutador pelas causas humanas na sua plenitude. Um líder sindical, um professor que ensinava e aprendia. Um educador.  Um justo! Descansa em paz na harmonia universal, meu querido amigo.  Meu abraço carinhoso e da minha família a Rosana, a Melina, ao Daniel. A vida lhes dará a sabedoria e a coragem necessária para seguirem.”

(Cecilia Pires, professora aposentada de Filosofia da UFSM, vice-presidente da Sedufsm de 1990-1992 e diretora na gestão provisória (1989-1990), dirigida por Clovis Guterres)

“Clovis Guterres foi um exemplo de profissional da educação, de um gestor acadêmico, de um professor, de um político ético, enfim, foi um Exemplo de Homem. Um dos maiores nomes da UFSM. Sinto-me privilegiado por ter sido seu amigo.”

(Edson Nunes de Morais, professor aposentado do curso de Medicina da UFSM, ex-diretor do CCS e vice-presidente da Apusm, na década de 80, gestão de Clovis Guterres)

“Clovis, grande companheiro! Sempre presente nas lutas sociais. Caminhando junto na construção do MUSM e da SEDUFSM. Presente na defesa da UFSM em todos os momentos.  Grande emoção. Muito carinho e gratidão. Clovis, presente!”

(Marian Noal Moro, diretora da Sedufsm na década de 1990 e também na gestão 2020-2022)

 “Clovis Guterres foi um exemplo de vida. Solidário e companheiro. Foi presidente do Diretório Acadêmico, Presidente da APUSM no período de fundação do ANDES. Foi também fundador e primeiro presidente da SEDUFSM. Tenho orgulho de ter convivido com ele. Fica o aprendizado, a alegria das vitórias e a lembrança da solidariedade nas lutas. Missão cumprida. Vá em paz, companheiro!”.

(Carlos Pires, diretor da Sedufsm junto com Clovis Guterres entre 2002-2004. Presidente da Sedufsm de 2004 a 2006).

“Desde adolescência sonhei em vir para Santa Maria. Concretizado o sonho, a partir de 1985, a UFSM me ensinou tantas coisas ao longo da vida. Outras tantas aprendi no movimento estudantil e nele, nos espelhando entre vários docentes e técnico-administrativos que fizeram sua luta por uma universidade autônoma, democrática, de qualidade e socialmente referenciada, na linha de frente, desde a luta contra a Ditadura, este Clovis Guterres.

Que lembranças boas daqueles tempos em que o humanismo deste mestre da fala mansa e profunda, filósofo da educação nos deixava legados que se eternizaram na camaradagem acadêmica tão em falta no nosso meio. Sem surpresas, capitaneou a criação da SEDUFSM, quando eu integrava a primeira Associação de Pós-Graduandos da UFSM, em 1989, quando consolidava minha opção por História do Brasil e sequer imaginava que um dia teria seu apoio para também estar na linha de frente da Seção Sindical que ele ajudara a fundar.

Em 16 de março de 2023 coroamos nosso último encontro, em casa, quando já quase sem palavras, ele me disse tudo com os olhos, ao me ouvir dizer o que ele representava para mim, numa dedicatória dentro de um livro que tenho um artigo sobre Santa Maria: “Mestre”. Aprendi tanto contigo Clovis, que a tua partida misturou imensa tristeza com eterna gratidão. Tantas lutas conjuntas me inspiravam quando estávamos juntos, desde as estatuintes incompletas de nossa Instituição, até as derrotas para a reitoria, passando pelas belas conquistas e resistências da categoria e de nossa Universidade. Marchar ao teu lado sempre foi de muito aprendizado, especialmente por fazermos as lutas certas. Obrigado pelo teu legado, pois ele ficará em cada uma e cada um de nós que só têm a dizer. Clovis Renan Jacques Guterres, presente, hoje e sempre!”.

(Diorge Konrad, presidente da Sedufsm de 2006-2008).

Informações

Em respeito à memória do professor Clovis Guterres, a Sedufsm não terá atendimento em sua sede no turno da tarde desta terça, 21 de novembro.

O velório do primeiro presidente da Seção Sindical dos Docentes da UFSM ocorre até as 18h desta terça-feira, na Capela B do Cemitério Santa Rita, em Camobi (Santa Maria).

 

Texto: Fritz R. Nunes
Imagens: Rafael Balbueno e arquivo/Sedufsm
Assessoria de imprensa da Sedufsm

 

 

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