Dica cultural: série da Netflix aborda violência doméstica e falha na protetividade SVG: calendario Publicada em 30/10/20
SVG: atualizacao Atualizada em 30/10/20 19h37m
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“Bom dia, Verônica” é uma produção brasileira estrelada por Tainá Müller, Camila Morgado e Eduardo Moscovis

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Hoje é sexta-feira e, como já é de costume, trazemos uma dica cultural. A nossa dica de hoje é uma série de streaming brasileira que consegue fazer a relação entre a violência silenciada dentro de casa e o imobilismo dos órgãos que deveriam oferecer protetividade às vítimas, mas, por estarem viciados em relações de corrupção, não exercem seu papel.

“Bom dia, Verônica”, produção recente da Netflix, conta a história de Janete Cruz (Camila Morgado), dona de casa que veio do interior para morar em São Paulo com o marido, Cláudio Brandão (Eduardo Moscovis), policial militar. Saindo da casa dos pais diretamente para viver com o companheiro, Janete se vê imersa em um relacionamento abusivo, no qual o marido a afasta da mãe, das irmãs, das amigas e de todas pessoas que poderiam oferecer a ela uma rede de apoio para romper com o ciclo de violência que sofre dentro de casa.

A série passa longe da inverossimilhança. A exemplo de Janete, quase metade das mulheres que são violentadas, o são dentro de casa (dados do Datafolha, 2019). Mais que isso, 76,4% das mulheres agredidas relatam que seu agressor era uma pessoa conhecida. O ambiente privado nunca foi espaço seguro. Ao contrário de toda a construção conservadora realizada em torno da família e do lar, é justamente ali, onde o silêncio e a solidão se fazem cúmplices, que muitas mulheres sofrem as piores dores de suas vidas.

É assim com Janete, que se vê obrigada a acompanhar o marido em suas incursões noturnas e feminicidas, que sofre abuso psicológico, que não consegue encontrar coragem para dar uma simples volta no centro. Cena muito expressiva é quando ela se arruma, após muita insistência, para dar uma volta, à tarde, com a irmã que veio visita-la do interior, porém o medo é tamanho que, já na calçada de casa, ela simula um mal-estar para não deixar a casa.

Enquanto Janete vive essa realidade, Verônica Torres (Tainá Müller) é uma jovem escrivã da delegacia de homicídios de São Paulo, que tenta ajudar mulheres a saírem de suas situações de violência. Em determinado momento, ela conhece Janete e aí começa sua luta por capturar o marido agressor em flagrante e libertar a vítima.

Mas a situação não é fácil pois Brandão é policial militar e, aos poucos, Verônica vai percebendo que a corporação o protege, dificultando de todas as maneiras possíveis o flagrante e negando qualquer ajuda para a investigação.

Embora não se trate de violência contra a mulher, é impossível não lembrar, aqui, do livro “Rota 66”, de Caco Barcellos, em que ele mostra como os policiais militares responsáveis por assassinatos no estado de São Paulo são absolvidos pois julgados pelos próprios colegas, num sistema de justiça onde ora eles estão no papel de acusados, ora ocupam o lugar de juízes.

Para além da temática inquestionavelmente relevante, “Bom dia, Verônica” veio para mostrar que o Brasil tem competência para boas séries policiais. Cabe destacar também as atuações sensacionais de Camila Morgado, Eduardo Moscovis e Tainá Müller.

Essa não é uma série leve. Mas, certamente, é necessária.

 

Texto: Bruna Homrich

Imagens: Divulgação/Netflix

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

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