Calendário aprovado na UFSM pode gerar sobrecarga de trabalho docente
Publicada em
Atualizada em
25/02/21 19h44m
649 Visualizações
Movimento docente também critica falta de avaliação das atividades em REDE
O calendário acadêmico aprovado na última reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UFSM vem gerando uma série de críticas por parte do movimento docente. Em posicionamento recente, a diretoria da Sedufsm e o Conselho de Representantes da entidade lançaram nota conjunta em que criticam a falta de avaliação das atividades via Regime de Exercícios Domiciliares Especiais (REDE), a oferta de disciplinas e outras questões burocráticas para o primeiro semestre de 2021 ser realizada em um período de férias docentes e a possibilidade de um retorno gradual e escalonado em cursos com atividades práticas ou teórico-práticas.
Para a professora Belkis Bandeira, do departamento de Fundamentos da Educação da UFSM e do Conselho de Representantes da Sedufsm, a universidade careceria de promover um processo mais amplo de avaliação sobre as atividades remotas desenvolvidas desde março do ano passado.
“Nossa universidade é uma das poucas no Brasil inteiro que continua sem parar. Em nenhum momento paramos para nos organizarmos melhor e vermos até que ponto o REDE estava dando conta das dinâmicas das disciplinas em andamento. Não há unanimidade em relação à avaliação. Tem professores que dizem que as turmas estão indo bem, que os alunos estão acompanhando bem. E ostros dizem o contrário, que tem pouco retorno dos alunos, que há um esvaziamento das disciplinas. Percebemos que há um número grande de alunos com dificuldades de acompanhar as aulas remotas. Não sabemos mensurar até que ponto as dificuldades são técnicas ou de cunho psicológico”, pondera Belkis.
Segundo o calendário aprovado, o período de solicitação de matrículas para disciplinas do primeiro semestre é de 16 de março a 31 de março. O início do semestre será em 12 de abril, e o término em 24 de julho.
Calendário suplementar
Quando da suspensão das atividades acadêmicas e administrativas presenciais na UFSM, foi acordado, em reunião do CEPE, que aqueles estudantes que não aderissem ao REDE teriam direito a um calendário suplementar presencial quando a pandemia permitisse o retorno à presencialidade. Ocorre que, na reunião de fevereiro, o Conselho aprovou uma proposta que torna possível o oferecimento do calendário suplementar ainda no primeiro semestre de 2021, embora apenas para cursos com atividades práticas e teórico-práticas. Tal calendário suplementar seria presencial, escalonado, gradual e condicionado à aprovação da comissão de biossegurança da UFSM e do próprio CEPE.
Uma preocupação levantada por Belkis diz respeito ao consequente aumento da sobrecarga de trabalho dos docentes, visto que o suplementar presencial seria ofertado em concomitância com o calendário regular via REDE.
“Desde o início da pandemia, os docentes vêm sendo atropelados por demandas, por terem de dar continuidade às atividades, num processo que vem sendo bastante complexo. Há uma mistura entre o espaço da casa e o espaço do trabalho e não houve uma organização prévia para isso. É muito difícil levar adiante esse processo diante do esgotamento que temos presenciado”, preocupa-se a docente.
Ela ainda acrescenta que, no recesso previsto para ocorrer entre o término do segundo semestre de 2020 e o início do primeiro semestre de 2021, estão previstas atividades que farão com que os professores envolvidos na gestão não possam desfrutar de descanso. “Provavelmente será feita rotatividade nesses cargos de gestão. Para chefes de departamento ou coordenadores de curso poderem ter recesso, quem está na posição de substituto vai ter que assumir. Seja como for, esses 30 dias não têm como serem garantidos”, ressalva Belkis.
Retorno só com imunização
Quanto à possibilidade de retorno presencial, ainda que escalonado e gradual, Belkis reforça que, sem um processo massivo de imunização, não há condições de retornar à presencialidade.
“Não temos mais controle da pandemia. Isso seria extremamente perigoso e prejudicial. Na maioria dos departamentos há um grande número de docentes que não teriam condições de retornar por serem grupo de risco, o que deixaria uma sobrecarga maior nesse pequeno grupo que teria, talvez, condições de fazer esse retorno. Diante da imprevisibilidade do andamento dessa pandemia, seria uma atitude irresponsável”, conclui Belkis.
Texto: Bruna Homrich
Imagem: Arquivo UFSM
Assessoria de Imprensa da Sedufsm