O quanto a universidade se abriu para negras e negros? SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 09/03/21 11h36m
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Debatedoras falam em live da Sedufsm sobre avanço com as cotas, mas que ainda é insuficiente

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Laura Fonseca coordenou o debate organizado pela Sedufsm em referência ao 8 de março

Antes mesmo de pensar em ingressar na academia, em lutar por cotas, a mulher negra sempre lutou pelo simples direito de existir, afirma Isadora Bispo, advogada, gestora de Projetos da Associação Ara Dudu e integrante do Movimento Negro Unificado-MNU. Para ela, as mulheres negras sempre tiveram desvantagem em relação às mulheres não-negras. Isadora também levanta o questionamento sobre o quanto a universidade se abriu para a negritude para além das cotas. “Será que a universidade realmente abraçou as (os) estudantes negras (os)?”. Ela participou no início da noite desta segunda, 8 de março, junto com a professora e antropóloga Maria Rita Py Dutra e a socióloga Suelen Aires Gonçalves, do debate virtual organizado pela Sedufsm que teve como título “A questão étnico-racial, mulheres e a universidade”.

Em sua abordagem, Suelen Gonçalves exaltou a política de cotas na universidade. Para ela, houve avanço tanto quantitativamente como qualitativamente. “Eu mesma sou fruto desse processo”, ressaltou ela, que ingressou na UFSM em 2009, na primeira turma de estudantes cotistas.

Atualmente, Suelen faz doutorado em sociologia na UFRGS e atua também junto à prefeitura de São Leopoldo (RS). Na avaliação dela, esse tipo de política obrigou a universidade a se repensar. Contudo, ela problematiza que também houve uma reação dos setores elitistas, que nunca aceitaram uma instituição com cada vez mais negras e negros, indígenas, LGBTs. Pela ótica de Suelen, o grande desafio é avançar, reestruturar currículos (“escurecê-los”), pensar não apenas na questão do ingresso, mas também da permanência desses estudantes.

Maria Rita Py Dutra (imagem abaixo) também observa a questão da permanência como um dos principais desafios para a (o) estudante negra (o) que ingressa na universidade. Ela cita um dado que demonstra a grande disparidade econômica e social entre negros e não-negros: 85% das famílias afro do país possuem renda mensal de até 2,5 salários mínimos. Em meio a esse panorama, de que forma uma pessoa afrodescendente pode ter condições de fazer um curso, questiona ela.

Como esse estudante vai poder ter um computador? Uma internet acessível? Como vai acessar aos livros? É preciso que tenha pelo menos algum tipo de bolsa para um apoio financeiro, argumenta ela. Além disso, Maria Rita entende que os cursos da universidade precisam pensar também o “futuro desse estudante”, que se dará a partir do ingresso no mundo do trabalho.

‘Fora da UFSM a gente está lutando’

Durante o momento das perguntas de internautas, foi questionado sobre de que forma se poderia levar a luta étnico-racial para fora da universidade. No entendimento de Isadora Bispo (imagem abaixo), fora da UFSM a luta está sendo posta em prática. Contudo, diz ela, “é a universidade que precisa se abrir”.

Retomando um dos pontos abordados por Maria Rita, que se referiu à fragilidade econômica de estudantes negras (os), Isadora citou que há dificuldade, por exemplo, de encontrar estágios remunerados. Para a advogada, pressionar a Câmara de Vereadores para a proposição de estágio para estudantes negros seria uma ação política importante. Também sublinhou que é preciso discutir o mercado de trabalho de forma mais ampla

Como enfrentar a crise do momento, criando esperança para o povo negro? Essa interrogação foi feita pelo professor Ascísio Pereira à socióloga Suelen Gonçalves (imagem abaixo). Ao responder, ela ressaltou a experiência que tem vivenciado durante esse período de pandemia, que é a mobilização e a solidariedade das pessoas. Sobre a mesma questão, Maria Rita Py Dutra enxerga como saída para superar o atual momento a “organização coletiva”.

Impactos da PEC Emergencial e da PEC da Reforma Administrativa

Uma questão que também foi levantada se referiu aos possíveis impactos de projetos como a PEC 186 (auxílio emergencial) e a PEC 32 (Reforma Administrativa). Em resposta, Maria Rita Py Dutra vê esse tipo de proposta como “criminosa”. Isso porque tentam implementá-las num momento de dificuldades, com a necessidade de investimentos para minimizar os efeitos da pandemia. “Cortar gastos agora é terrível e só impede que avancemos nas políticas públicas”, diz ela.

Ao agradecer a participação das convidadas, a presidenta da Sedufsm, professora Laura Regina da Fonseca, que também mediou o debate virtual, transmitido pelo Facebook e You Tube da Sedufsm, destacou a relevância da discussão do tema. Para ela, é importante refletir sobre as debilidades de uma universidade que reproduz em seu interior um modelo de sociedade elitista, em que predominam o sexismo, o machismo e o racismo.


Confira a íntegra da live abaixo, pelo You Tube da Sedufsm.


 

Texto e prints: Fritz R. Nunes

Assessoria de imprensa da Sedufsm

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