Assembleia docente aprova ações contra ataques à autonomia universitária Publicada em
Atualizada em 24/03/21 17h56m
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O repúdio a todas as práticas do governo que tenham por objetivo perseguir trabalhadores (as) e ferir a autonomia universitária foi consensual na assembleia ocorrida na tarde da última terça-feira, 23. Docentes aprovaram uma série de ações em defesa das universidades e elegeram os/as representantes para o 11º Conad Extraordinário e para a reunião da Coordenação Estadual da CSP-Conlutas, que ocorrem no próximo sábado, 27 de março. Também foi referendada a adesão ao Dia Nacional de Luta.

Dentre os encaminhamentos está a elaboração de uma nota de solidariedade à Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Aduferpe- seção sindical do ANDES-SN) e, por consequência, à sua vice-presidenta, Erika Suruagy, convocada a prestar depoimento na Polícia Federal, em inquérito criminal aberto para apurar a colocação de outdoors com críticas ao governo Bolsonaro.  Além da nota, a assembleia da Sedufsm também encaminhou a construção de uma moção de solidariedade, em caráter nacional, para ser apresentada no 11º Conad Extraordinário.

Em nível local, e como maneira de demonstrar a resistência ao autoritarismo, a plenária indicou a colocação de um outdoor em Santa Maria com os dizeres: “Lockdown pela vida, já! Vacina para todos e todas! Nenhuma forma de assédio! Fora Bolsonaro e Mourão”. Outras duas ações locais são a realização de audiência pública com convite à Assufsm e Reitoria da UFSM para debater e demonstrar as ações que a universidade tem assumido no enfrentamento à pandemia e uma live sobre assédio na instituição. 

Durante a assembleia foi referendada a adesão ao Dia Nacional de Luta, hoje, bem como aprovado que a Sedufsm encaminhe ao Andes-SN a solicitação da construção de uma greve geral sanitária, com demais entidades de trabalhadores(as) - Centrais sindicais, sindicatos, movimentos sociais organizados - como forma de garantir um lockdown em defesa da vida.

Delegados

Também foram referendadas as delegações da Sedufsm que participarão de dois eventos. Nos dias 27 de março e 3 de abril ocorre o 11º Conad Extraordinário do ANDES-SN, com o tema “Em defesa da vida, dos serviços públicos e da democracia e autonomia do ANDES-SN”. Representarão a Sedufsm a professora Márcia Morschbacher (delegada) e o professor Ascisío Pereira (observador).

Por sua vez, neste sábado ocorrerá a reunião da Coordenação Estadual da CSP-Conlutas, de forma que a delegação da Sedufsm será composta por: Leonardo Botega; Júlio Quevedo e João Carlos Gilli Martins (delegados titulares); Marian Noal Moro e Carlos Alberto Pires (observadores).

“Não é uma perseguição individual”

Durante a assembleia desta terça, ocorrida via Google Meet, a vice-presidente da Aduferpe, professora Erika Suruagy, participou, a convite da diretoria da Sedufsm, relatando a situação vivenciada em seu local de trabalho e reforçou a necessidade de mobilização e unidade contra os desmandos autoritários de Bolsonaro.

“Essa não é uma perseguição individual [à minha pessoa]. Isso atinge professores, sindicatos, a autonomia da universidade e um conjunto de princípios basilares para qualquer democracia, como as liberdades de expressão e de organização sindical. O processo tem sido de criminalização daqueles que ousam se colocar contrários”, pondera Erika, explicando que a elaboração do outdoor por sua seção sindical foi deliberação de assembleia local e realizada em conjunto com outros sindicatos e associações.

O conteúdo do outdoor denunciava as medidas criminosas de Bolsonaro em meio à pandemia, que, à época da colocação da peça gráfica, tinha vitimado cerca de 120 mil pessoas no Brasil. Na tarde desta quarta, 24, o país já contabiliza 298.676 mortos pelo vírus. Quando chamada para depor a mando do próprio Bolsonaro, Erika foi acusada de atacar a honra do presidente e cometer crime de injúria.

“Não podemos permitir essa escalada autoritária. Tivemos mais de 105 manifestações de apoio entre universidades. Temos uma mobilização muito importante nesse momento para defender a liberdade sindical e de expressão. NÃO a qualquer resquício de ditadura! Não nos calarão! Iremos resistir”, conclui a docente.  

Pressão para o retorno

Ao pedir a palavra, o professor Gianfábio Pimentel, docente do curso de Enfermagem no campus da UFSM em Palmeira das Missões, relatou estar vivendo, junto com outros docentes, pressão para que seu curso retome as atividades práticas, que pressupõe a ida dos (as) estudantes e dos (as) próprios (as) docentes para hospitais e unidades básicas de saúde. O professor recebeu manifestação de apoio dos(as) demais colegas presentes à assembleia.

Em fevereiro, a direção da Sedufsm e o Conselho de Representantes já haviam manifestado preocupação com o retorno sem segurança sanitária, quando estava em discussão a aprovação do calendário acadêmico 2021. Ciente dos problemas do ensino remoto e das pressões para o retorno ao presencial, a Sedufsm também já programou um seminário que irá debater e avaliar o Rede.

Texto e print: Bruna Homrich

Assessoria de Imprensa da Sedufsm